Maze Runner: A Cura Mortal (The Death Cure, 2018)


“Who will make it to the WCKD end?”
Depois de mais de dois anos em que estivemos no cinema para conferir “Maze Runner: Prova de Fogo”, a finalização da grande trilogia baseada nos livros de James Dashner chega às telonas, e é eletrizante. Com um elenco afiado, efeitos incríveis e muita ação, o filme nos prende e nos interessa, enquanto vemos a batalha final contra a CRUEL, depois de todos os Experimentos, que começaram lá no Labirinto. Constantemente, o filme se distancia e se aproxima do livro, chegando a momentos totalmente novos e logo em seguida usando algum elemento importante de “A Cura Mortal” para nos lembrar que estamos assistindo à sua adaptação. Não vai ser o meu filme favorito dos três, que segue sendo “A Prova de Fogo”, seguido de bem perto por “Maze Runner”, mas “A Cura Mortal” é uma boa finalização para a trama cinematográfica.
É comum nessas trilogias distópicas que, de certa maneira, a grande surpresa acabe no último volume, que se torna uma guerra imensa contra o sistema e sacrifícios. Mesmo com “Jogos Vorazes”, que eu considero uma das melhores trilogias do gênero, a qualidade se perdeu bastante em “A Esperança”, e eu estou falando dos livros! E em termos técnicos, eu gostava mais do visual da Clareira e do Labirinto, que tinha todo esse verde, essa luz, e eu gostava do segundo, que inovava ao levar os personagens para o meio do DESERTO, o que era bem diferente da proposta do primeiro filme. Aqui, a ação se concentra contra a CRUEL, o filme acaba excessivamente escuro na sua maior parte, e perdeu-se a oportunidade de explorar novos grandes cenários, como a cidade de Denver, como James Dashner a descreveu, e o Palácio dos Cranks.
O filme começa em uma sequência incrível, que parece um epílogo de “Prova de Fogo”. Estamos no deserto, perseguindo um trem cujos vagões carregam inúmeros IMUNES. A abertura do filme é uma das melhores cenas de todo ele, porque a ação está extremamente bem coreografada, e nós ficamos apreensivos enquanto Thomas, Newt, Brenda e Jorge tentam salvar Minho, que foi capturado pelo CRUEL no fim do filme passado… no entanto, quando eles roubam um vagão do trem (com a ajuda de um Berg), e é SENSACIONAL, eles descobrem, depois, que não era o vagão onde o Minho estava. Assim, grande parte do filme gira em torno do salvamento de Minho, mas ele não está presente. De algum modo, senti falta dele. Ele pareceu bem mais coadjuvante que no livro, e eu estava querendo ver as constantes brigas de Minho e Newt, cada vez mais sérias.
Seguimos, sempre, detestando a Teresa. E não é nem que eu não possa entendê-la, porque ela tem a esperança de estar fazendo o que é certo, mas ela trabalha fielmente para o CRUEL, ao lado de Janson, e isso já parece totalmente errado. Ela testa Minho e o tortura em busca de um soro que, talvez, possa curar ou retardar o Fulgor, e para isso ele precisa ser constantemente atormentado. Mesmo assim, dentro da mente do Minho, temos uma excelente cena, em que ele acorda de volta no Labirinto, e a sequência rápida de cenas o joga nos corredores da CRUEL, como do fim do primeiro filme e parte do segundo, e ele é perseguido por um Verdugo. Mas, com trocadilho intencional, isso tudo é muito cruel. A maneira como ele sofre, como a lágrima escorre de seus olhos… e o soro que eles produzem nem chega a ser útil, como vemos.
Enquanto isso, os demais vão a Denver, uma cidade que já foi atacada e invadida por Cranks, adiantando parte do livro. Aqui, no filme, eles misturam tudo e unem as informações da maneira mais rápida possível, como se quisessem liberar tempo para mais cenas de ação. A cidade é onde fica a CRUEL, o Gally aparece depressa, com o Braço Direito, é Teresa quem tira os chips da CRUEL dos garotos, inclusive não há problema nenhum para tirar o de Thomas (?), sendo que no livro é um momento forte, mas o que me incomodou aqui, foi a ausência de cenas. Eu não costumo reclamar da adaptação pensando no livro, porque entendo que são gêneros diferentes e, muitas vezes, o filme pode ser melhor que o livro (vide “O Senhor dos Anéis”), mas eu acho que foi uma tremenda oportunidade perdida a de mostrar Denver em seu “auge”, como uma cidade “normal”…
Até que os Cranks invadam.
Tudo já era distópico e destruído desde que o filme começou. Do mesmo modo, embora a atuação de Thomas Sangster tenha sido incrível, a sequência toda de Newt foi meio decepcionante. Teve um único momento em que ele se voltou contra Thomas e o percebemos se aproximar da Insanidade, mas ele não perdeu a razão mais vezes, ele não surtou, ele não parou no Palácio dos Cranks… vimos muito mais manifestações físicas do Fulgor, como a mão tremendo, as tosses e as veias pretas, mas o Fulgor é caracterizado pela maneira como faz suas vítimas deixarem de ser elas mesmas. Assim, pareceu faltar algo e tudo foi apressurado. De todo modo, eu gostei da cena em que, às portas do CRUEL, Newt e Thomas lutam, ele já quase totalmente convertido em um Crank, com pequenos momentos de lucidez perpassando a crueldade feroz e animalesca… e então ele acaba morto.
Foi bom ter Gally de volta no grupo, foi muito boa a primeira invasão ao CRUEL, que salva não apenas Minho (!), mas também 28 Imunes, embora novamente eu tenha sentido falta de os Imunes estarem escondidos no Labirinto, em grande número, resultando também em uma série de mortes enquanto o Braço Direito destruía a CRUEL e, consequentemente, o Labirinto. No filme, eles não perdem nenhum Imune, e Teresa descobre que o sangue de Thomas tem poderes quase milagrosos (?), e por isso ele se torna um bem precioso demais para a CRUEL, e embora ele esteja pensando em se entregar, desde que seus amigos fiquem a salvo, as coisas mudam quando Janson mata Ava Paige, e Thomas precisa repensar seu plano. Sequências de ação, Thomas é baleado, Janson é morto por Cranks e Teresa se sacrifica para salvar a vida de Thomas…
Devo dizer: ele sofreu muito mais no filme do que no livro.
Nem precisava, inclusive.
O Thomas do cinema, interpretado por Dylan O’Brien, se torna mais forte e destemido, sem algumas das inseguranças do Thomas do livro, mas também se torna mais “bonzinho”. Cenas mais fortes como com o Newt e com o Janson (que no livro ele mata com as próprias mãos) são amenizadas para que ele pareça menos “cruel”. Seu traço frio ou descontrolado se perde, ou se atenua. Chegamos a vê-lo, ainda que brevemente, quando ele reencontra Gally, por exemplo, mas é muito passageiro. O filme não chega a exemplificar o quanto ele, bem como todos, está no LIMITE. O que eles fizeram foi tornar a morte de Teresa mais significativa do que merecia ser, para expressar o quanto eles sofreram nessa guerra contra a CRUEL quando, na verdade, a morte de Newt é infinitamente mais triste. O que importa é que, desde Chuck, Thomas vem perdendo as pessoas que ama.
Mas haverá esperança. Com a CRUEL destruída, os Imunes vão para um lugar distante, isolado, onde poderão recomeçar. No PARAÍSO. O lugar não é tão bonito quanto eu imaginei, confesso, mas é um lugar onde muita coisa é possível, onde a humanidade sobreviverá a partir de uma nova sociedade. E para terminar o filme com uma carga emocional bonita (que é o único momento em que eu realmente chorei), aquele “vidrinho” que o Newt entregou a Thomas antes de morrer contém uma carta de duas páginas do amigo, e são palavras lindíssimas. Newt, outrora tão racional e tão calmo, depois convertido em um Crank e morto, será para sempre lembrado com muito carinho e amor. O filme chega ao fim de forma bonita, e com intensidade emocional por parte do elenco… me comove e me faz sair do cinema triste, mas satisfeito com a conclusão da trilogia.
“Maze Runner” vai deixar saudade.


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