TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva (2017)


Quem disse que “comédia brasileira não é cinema de verdade”? Ah é, foi o próprio Vladimir durante o filme, naquele HILÁRIO momento dele no carro com a Kika K, levando-a para Osasco encontrar Arthur… “Achei que você fizesse cinema de verdade. Velozes e Furiosos. X-Men!” Mas essa é uma divertida crítica incluída no meio de uma cena muito boa que representa o que, muitas vezes, acreditamos de fato. Mas eu ADORO comédias. É claro que nem toda comédia é boa, e eu acho que TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva não é a melhor que vi nem nos últimos meses (também pudera, difícil concorrer com Minha Mãe é uma Peça 2, que filme sensacional!), mas eu me diverti bastante e ainda saí do cinema com um sorriso de satisfação com as risadas que dei e, claro, com a mensagem que fica no final do filme:

FODA-SE!

Eu ainda não descobri qual é a tal “felicidade” com 5 LETRAS, o enigma deixado por Arthur no livro para Kika K, mas eu acho que devia ter seis letras… a resposta seria “FODA-SE” e pronto. De todo modo, o filme começa com Kika K (interpretada por Tatá Werneck) em uma paisagem pós-Apocalítica num estilo meio Resident Evil, mas de um jeito todo zoado da comédia! Quer dizer, que foi aquela cena da flecha? Eu já me diverti ali, com o pavor e bizarrice do momento, aquele “Calê Boquê” como uma “língua” futurística (sabe, como vemos em séries como The 100), e Kika K estava INCRÍVEL anunciando-se como a salvadora em Amorgeddon: Apocalipse do Amor. E a rápida interação com Ingrid Guimarães já foi absolutamente incrível, mas eu sempre devo falar que eu AMO AQUELA MULHER! Fiquei o filme todo esperando seu retorno.
Mas era tudo um sonho…
Ah, as várias sequências de sonho da Kika!
Kika K é uma atriz que, ironicamente, descobre que não é feliz quando sua empresária organiza o lançamento de um livro que supostamente foi escrito por ela, e não foi: 1003 MANEIRAS DE SER FELIZ. O filme é cheio de cenas divertidas e malucas, como o momento com o Macaco-Prego ou ela dopada durante a noite de autógrafos, quando um homem misterioso deixa-lhe um presente: um livro embalado. Em casa, quando ela o abre, está o 1003 Maneiras de Ser Feliz, com dedicatória e um P.S. misterioso que ainda precisamos desvendar… e ao lê-lo, por mais ridículo que seja, ela se dá conta que não é feliz. Isso é tão impressionante, porque é tão real! Ainda que estejamos falando de uma comédia escrachada que não é levada a sério, quantas vezes não passamos por isso? Fora os tiques dela por causa do TOC, como não pisar em linhas, ou só nos azulejos brancos…
Quem nunca?
TOC, a doença, é sim um assunto sério, e pode variar de identidades – não estou aqui para avaliá-la, mas o filme enquanto filme. Transtornada Obsessiva Compulsiva é divertido e potencialmente macabro. Eu gosto da dinâmica entre Kika e Vladimir (Daniel Furlan é uma surpresa incrível!), das suas cenas juntos (no carro, no apartamento, na casa, na pista de dança!), e eu gosto do quanto a sua vida dá uma perigosa guinada quando ela vai até Osasco e descobre Arthur, escritor-fantasma de seu livro, morto, pendurado no teto. Ela começa a se perguntar qual é o sentido de sua vida. Ela não é feliz, ela não faz o que quer fazer, e seu namorado, Caio, é duramente obcecado por sexo, de forma evidentemente doentia (mas potencialmente sexy, porque é o Bruno Gagliasso), inclusive encomendando aquela “cuceteta” que ameaça acabar com a sua carreira quando o pessoal da emissora o recebe no momento em que ela estava assinando o contrato para Amorgeddon. Ah, detalhe: a cena entre Kika e Ingrid é FANTÁSTICA!
A Marcinha de “Passos Tortos” é a Fernandona?
Tatá Werneck foi Tatá Werneck nesse filme. Um filme SEU e muito bom! Eu confesso que eu tive um pouco de medo do tom e rumo que o filme poderia tomar. Eu gosto de Tatá Weneck, mas tenho medo de que ela seja sempre muito parecida – como a Fedora em Haja Coração ou a Valdirene em Amor à Vida, talvez pela sua própria história na MTV antes disso. No entanto, ela trouxe a sua cara ao filme, certamente, mas de um jeito muito bacana e que deixou o filme legal. Aquela cena com o macaco-prego foi incrível! As suas sequências de sonho todas eram um máximo, como a última em que ela vê o Arthur e pergunta se está tudo bem… o seu sorriso falso com o livro que não escreveu? É super Tatá Werneck! O primeiro beijo com Vladimir também. Minha impressão é que Tatá se realizou como Kika, e ela passou isso para o filme… e eu ADOREI. As participações de Ingrid Guimarães e Bruno Gagliasso também foram ótimas, e Daniel Furlan estava muito bom no papel de Vladimir, e eu gostei muito do personagem em si, e de como ele foi importante para Kika! A comédia dele, trabalhador da FNAC, estava ótima! Como motorista, companheiro...
E as propagandas? A do “Bom Boi” foi ÓTIMA, mas a da Dollynho?!
SENSACIONAL! <3
Ah, e a Vera Holtz e aquela bolsa estava PERFEITA!
Com toda a diversão e irreverência, eu acho que o filme ficou super gostoso e divertido de assistir, fora a beleza da reflexão final, quando ela toma uma posição e decide que não quer mais fazer a novela, porque nunca será o suficiente. Então ela diz um “foda-se” e vai ser feliz. Feliz para sempre, mas não para sempre feliz, com Vladimir. Acho que eles tinham uma química incrível e se fizeram muito bem! [Aquela cena na pista de dança foi ADORÁVEL! E ela correndo para a casa dele por causa “do gás ligado” também!] Por 8 meses eles foram felizes e viveram muita coisa… depois disso, ela não sabia para onde ela estava indo, mas estava indo para algum lugar. Escrever seu próprio livro, ela mesma, com sua própria verdade. Ela definitivamente estava muito mais feliz do que ela estivera durante toda a primeira parte do filme, porque agora ela estava indo atrás de algo que gostava, seja o que fosse.
Foda-se.
Acho que não podemos ser felizes sem um pouco de “foda-se”.

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