Lost 2x12 – Fire + Water

“Save the baby”

Antes de falar qualquer coisa sobre esse episódio, eu preciso dizer: eu surtei com os dois pássaros, um preto e um branco, voando em um dos bizarros sonhos de Charlie – como é gostosa a sensação de estar reassistindo “Lost” e poder, então, pegar umas referências e brincadeiras dos episódios. “Fire + Water” é um episódio dedicado a Charlie, e não é o primeiro na temporada. Quer dizer, é a primeira vez na segunda temporada que vemos um flashback de Charlie (não é dos meus favoritos, mas é interessante), mas o maravilhoso episódio que focou no Sr. Eko também conseguiu trazer um bom desenvolvimento para o personagem de Charlie… e estamos sofrendo ao seu lado. Charlie sempre foi um dos personagens mais queridos de “Lost”, e tem um lindo desenvolvimento na primeira temporada, e é muito triste a sensação de que isso tudo está indo por água abaixo.

Mas ele provavelmente tem razão… Aaron está em perigo.

Mas qual perigo de fato?

O episódio começa no que parece ser um flashback, e embora de fato ganhemos algumas informações sobre a relação dos irmãos, o pai que nunca apoiou a carreira na música e o piano que Charlie ganhou de presente da mãe na infância, a cena não é de fato um flashback, mas um bizarro sonho de Charlie no qual ele vê o Aaron correndo perigo preso dentro de um piano que está indo para o mar… é interessante a sequência do Charlie tocando piano na beira do mar, e isso me lembrou demais “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” – por sinal, um filme maravilhoso. Então, desesperado, ele acorda e vai atrás de Claire e de Aaron, para saber se eles estão bem, e ele tenta voltar a se aproximar de Claire, mas a verdade é que eu a entendo perfeitamente. Eu fico com dó do Charlie, porque gosto dele, mas eu entendo a Claire tentando proteger o filho.

A situação piora durante todo o episódio, com Charlie cada vez mais distante da razão, ao que parece. O seu segundo sonho é o de Aaron boiando em seu bercinho no mar, e então ele pula para resgatá-lo, e tem as visões mais bizarras que envolvem sua mãe e Claire como anjos dizendo que “ele precisa salvar o bebê”. O problema, é claro, é que, na vida real, ele está segurando o Aaron sem nem lembrar-se de tê-lo roubado do berço, e isso é extremamente perigoso. Não tem como ele simplesmente explicar que foi um mal-entendido, e se Claire estava inclinada a perdoá-lo pela mentira sobre a droga, agora ela fica mais distante disso. Em uma conversa com o Sr. Eko, Charlie tenta arrancar algum significado de seus sonhos e decide que “Aaron precisa ser batizado”, uma história levada adiante pela própria Claire, culminando em uma cena bonita do Eko batizando ela e o bebê.

Mas Charlie precisa lidar com seus próprios problemas e fantasmas – ele está vendo coisas, está agindo sem entender como, e todo mundo aprece assumir que ele está usando drogas novamente. E ele não está. Infelizmente, com o seu histórico, é o que todo mundo sempre vai pensar em situações como essa – é diferente de quando Kate estava vendo um cavalo ou quando Shannon e Sayid estavam vendo o Walt. E a sua palavra perde ainda mais a sua força quando John Locke descobre que ele tem várias estátuas cheias de heroína que resgatou do avião que foi recentemente queimado por ele e pelo Sr. Eko. Locke tem momentos brilhantes de lucidez e de sabedoria que me fazem admirar o personagem… ao mesmo tempo, nesse episódio, ele teve alguns momentos que me pareceram suspeitos e nos quais eu não consegui entender sua intenção.

Os flashbacks do episódio retornam a um momento antes de Charlie se afundar nas drogas, e novamente não é um flashback que eu tenha achado tão relevante – claro, vemos mais um pouco da relação de Charlie com o Liam (a minha raiva pelo Liam só aumenta!), vemos o Charlie emocionado no nascimento de sua sobrinha, para tentar fazer um paralelo com a sequência do Charlie se preocupando por Aaron na ilha, mas é um flashback que deixa a desejar, de um modo geral. Acho profundamente triste pensar que Charlie era o “responsável” da família, realmente apaixonado pela música e talentoso, e então ele teve que cuidar de Liam, lidar com suas piores crises, sacudi-lo para que ele “tomasse jeito” com o nascimento de Megan, e depois Liam tratou o Charlie como o vimos tratar na primeira temporada… foi graças a ele que Charlie se tornou quem é.

Agora, entramos provavelmente em tempos sombrios para o Charlie – excluído de todos. Claire o está afastando, e ela era quem era mais próxima dele ali, e Charlie não se ajuda quando coloca fogo na mata perto do acampamento para roubar o Aaron e levá-lo para o mar, para “batizá-lo”. Ele está completamente fora de controle naquele momento, sem qualquer traço de pensamento racional, e conseguimos perceber os olhos julgadores dos sobreviventes sobre ele, mas, naquela situação complicada, será que dá para julgá-los? Ele estava, de fato, colocando a vida de Aaron em perigo! Assim, ele acaba levando vários socos de Locke e fica isolado enquanto todos retornam ao acampamento acompanhando Claire com Aaron de volta em seus braços, para terminar de apagar o fogo que o Charlie começou. Fiquei com pena do Charlie jurando a Jack, na manhã seguinte, que não tinha usado droga

Ele vai precisar de um bom arco de redenção agora.

 

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