Lost 5x02 – The Lie

“God help us all”

Sabe o que eu gosto em “Lost”? Ela não tem medo de ser grandiosa. “Lost” sempre foi (e provavelmente sempre vai ser) uma das minhas séries favoritas: eu gosto do roteiro, eu gosto dos personagens, eu gosto da sensação de imprevisibilidade, eu gosto de como as coisas mudam, de como a série sempre apresenta novidade, a própria forma de contar histórias vai se alterando… “Lost” usou o recurso de flashback talvez melhor do que qualquer série tenha feito até então (quem sabe até do que qualquer série tenha feito desde então), e nem por isso se manteve preso a ele: abusou de flash forwards durante a quarta temporada, e testa um novo e interessante modelo durante a quinta: continua tendo uma separação da ação dentro e fora da ilha, mas a dinâmica não é exatamente a mesma… de um lado, os Oceanic Six tentando voltar; de outro, o pessoal tentando lidar com os clarões.

Vocês sempre me verão defendendo “Lost”, porque é uma série que eu amo de todo o coração – e eu não sei quanto estava de fato planejado desde o começo e quanto foi surgindo durante as temporadas, o que é perfeitamente normal para uma série que dura alguns anos, mas acho seguro dizer que muito do que estamos assistindo nessa quinta temporada foi, sim, pensado desde o início, e não algo que foge da premissa da série… “Lost” sempre foi, sim, sobre a sobrevivência em uma ilha, mas a ilha também sempre foi repleta de mistérios, e a primeira temporada plantou sementes já com o monstro de fumaça, o urso polar, a escotilha, a Iniciativa Dharma… elementos que sempre fizeram parte da mitologia da série e que foram sendo explorados durante as temporadas. A quinta temporada é, provavelmente, a temporada mais rica de “Lost” quando se fala de Dharma.

Por isso, embora eu goste da jornada dos Oceanic Six do lado de fora da ilha, eu estou mesmo ansioso para o que está por vir na ilha, para os sobreviventes que estão saltando no tempo a cada clarão – infelizmente, “The Lie” não traz nenhum novo clarão (o que me faz gostar mais da estreia da temporada do que desse segundo episódio), e demoramos para entender em que tempo os sobreviventes estão, porque essa parte da trama fica em segundo plano… na parte principal do episódio, estamos acompanhando um pouquinho de Jack e Ben (e descobrindo que Ben talvez não esteja tão no comando como sempre quis que acreditássemos que ele estava), um pouco de Kate e Sun (com uma lembrança dolorosa a respeito de Jin que nos “lembra” de como começou essa “transformação” da Sun), mas o foco do episódio está mesmo em Hurley e Sayid.

Desde que Sayid tirara Hurley do hospital psiquiátrico no qual ele estava, as coisas ficaram no mínimo complicadas… e depois de Sayid ter sido baleado, Hurley precisa de um lugar para se esconder e pensar no que fazer – e talvez não seja lá tão seguro levar o Sayid para a sua casa (!), mas ele acaba tendo o apoio do pai e da mãe e algumas cenas incríveis (até porque o Hurley SEMPRE tem cenas incríveis e alguns dos melhores episódios de “Lost” são centrados nele), como a cena na qual ele resolve contar para a mãe toda a verdade sobre o que aconteceu depois da queda do avião… é de partir o coração a maneira como mentir esse tempo todo está fazendo mal a Hurley, porque ele não gosta de mentir e quando Jack teve aquela conversa com os outros Oceanic Six no barco, antes de serem resgatados, ele foi o único que disse que não queria passar o resto da vida mentindo…

Mas ele era voto vencido.

Hurley é uma pessoa extremamente boa – e a prova disso é justamente a sua preocupação com Sayid e a maneira como ele o ajuda nessa história toda… afinal de contas, no barco, quando ele tentou pedir ajuda a Sayid para que ele o apoiasse e convencesse Jack a não obrigá-los a mentir, Hurley disse que um dia Sayid ainda o procuraria e precisaria da sua ajuda, mas “ele podia ter certeza de que não a teria”. O que não é verdade, no fim das contas, porque Hurley é uma alma boa. Hurley tem uma cena incrível, também, com o fantasma de Ana Lucia (!), e, é claro, aquela sequência final na qual, após uma traição de Jack, a quem ele recorre por ajuda, Ben aparece na sua casa tentando convencê-lo a voltar para a ilha, onde “ele não precisará continuar mentindo”. Dessa vez, no entanto, o plano de Ben não dá certo, porque Hurley prefere se entregar à polícia do que ir com ele…

Aparentemente, Ben só tem mais 70 horas para conseguir completar sua missão.

E “Lost” implanta um novo mistério: quem exatamente é essa mulher mandando em Ben?

(E já a vimos antes!)

Sem novos clarões, a trama da ilha se passa toda em um tempo desconhecido até a reta final do episódio – e, sem toda a “comodidade” que eles tinham conquistado durante as quatro primeiras temporadas, os sobreviventes retornam à necessidade e dificuldade de fazer fogo, por exemplo, mas se perguntando quando é que o céu vai se iluminar novamente e eles irão parar sabe-se lá onde… as coisas começam a ficar mais agitadas quando flechas com fogo (irônico, huh?) começam a cair do céu e nos perguntamos quem está atacando, e acaba sendo pessoas com uniformes da Dharma, mas que parecem chamar a ilha de “sua ilha”, e quem é que pensa assim? Não parece que os sobreviventes serão bem recebidos – felizmente (novamente, irônico), John Locke aparece para “salvá-los”. Toda a trama da ilha é promissora, com a Dharma, com Sawyer e Juliet, com Daniel e Charlotte…

Ansioso!

 

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