On Broadway – How to Succeed in Business Without Really Trying – I Believe in You



É um musical diferente. Eu gosto demais de How to Succeed in Business pelo seu estilo – assistindo-o, e ouvindo várias das músicas, me lembra muito o estilo clássico de musicais… também, foi criado em 1961. Ainda assim não parece deslocado para um telespectador de hoje – a história ainda é divertida, irreverente e envolvente. Não tem lá grandes discussões sociais, nem grandes lições de moral, mas é bem interessante.
Como eu comentei na postagem passada, conta a história de J. Pierrepont Finch, um lavador de janelas que consegue um emprego em uma grande empresa e com a ajuda de um livro (“How to Succeed”) consegue subir sem parar. É claro que ele se utiliza de muitas artimanhas, como mentir, trapacear, e puxar muito saco. Tudo isso de maneira extremamente divertida – fazendo com que quem está assistindo se afeiçoe a Finch de uma maneira que se torna impossível não gostar dele e não torcer por ele.
No quesito “puxar-saco”, ele é o personagem da ficção que faz isso melhor. Começa com coisas simples, como elogiar a secretária de Biggley, mas evolui grandiosamente, a ponto de fingir trabalhar a noite toda, tricotar (como o chefe – hilário em seu “Really?” ao “descobrir” que ele também tricota) e cantar o hino de uma universidade da qual nunca fez parte, mas sabe que seu chefe fizera. Esse tipo de cena nos proporciona risadas espetaculares. E como eu disse, o ator a interpretar Finch precisa ser carismático.
No revival que estreou em 2011, e ainda está em cartaz, a primeira pessoa a pegar o papel de Finch foi Daniel Radcliffe, e ele surpreendeu. Ele deu show de atuação, canto e dança e foi o melhor Finch dessa produção. Para quem não esperava muito dele, ele foi simplesmente fantástico. Era carismático, engraçado e realmente encantou. Na época em que assisti ao musical com ele pela primeira vez, fiquei assombrado com tanto talento, e fiz um comentário no blog, que você pode ler aqui.
Depois, por um curto período de tempo, tivemos Darren Criss no papel. E confesso que fiquei decepcionado. Gosto muito de Darren Criss e acho que ele é um grande ator, mas não funcionou em How to Succeed. Foi bom para provar para todos que diziam que Darren seria muito melhor que Daniel, que Daniel tinha, sim, muito talento! Infelizmente, Darren não conseguiu se adaptar ao papel – sua voz não combinou com as músicas (difícil de escutá-lo às vezes, e ele foi tão fraco em Brotherhood of Man que me deixou triste), ele não foi carismático o suficiente (não conseguiu encantar como Daniel conseguira, não soube nem fazer o sorriso sem-vergonha de Daniel quando a luz estava nele, sempre que algo dava certo) e ele foi um tanto exagerado. Em várias cenas eu estava vendo Darren e não Finch, e não gostei disso. Darren parece ter uma tendência a carregar e estereotipar seus personagens, tornando-os todos parecidos – e não era o estilo de Finch.
E agora estamos com Nick Jonas, e eu vi algumas cenas com ele – e devo admitir que ele não está mal não… ao menos seu Finch não é tão exagerado quanto o de Darren (e sua voz deu certo para as canções do musical, gostei particularmente de sua voz em I Believe in You e Brotherhood of Man). Nenhum dos dois bate o Daniel, mas Nick se saiu pretty good. Me deixou contente ver que ele também foi bem, embora muita gente não colocasse fé nele... uma pena que Darren não tenha se saído lá aquelas coisas...
Amo os personagens de How to Succeed. Como já comentei bastante sobre Finch (e não vou resistir a voltar a falar sobre ele mais tarde), vou começar por Rosemary. Ela é uma personagem simples, apaixonada e trabalhadora, mas essencial. Tem ótimas músicas como Happy to Keel his Dinner Warm, Paris Original e I Believe in You (Reprise). Destaque especial para Been a Long Day, em que os três presentes na cena (Rosemary, Finch e Smitty) dão show – a cena é divertidíssima, e muito inteligente – gosto dessa proposta inovadora que ela traz, sempre me diverto a ouvindo.
E depois, Bud Frump, sobrinho de Biggley, responsável por muitas cenas cômicas. Seu melhor momento está logo no começo do musical, com Coffee Break (cena fabulosa, com uma coreografia intensa), mas ele tem vários outros momentos ao longo da peça. Nos diverte a todo momento, e é extremamente importante. Também faz parte da cena final, sendo lembrado eternamente como um novo limpador de janela…
Outras cenas que são ótimas – How to Succeed, por apresentar Finch e a história da peça. Como toda abertura de musical, temos um carinho especial por ela. The Company Way, especialmente memorável pela coreografia da mailroom, que foi diferente e muito interessante. A Secretary is Not a Toy, engraçada. Grand Old Ivy, uma das cenas mais engraçadas e intensas da peça, e que a platéia aplaude bastante; momento de Finch e Biggley, exige muito dos atores e encanta a todos que assistem. Rosemary, que apesar de ser um pouco engraçada, foi bonita, por termos Rosemary e Finch finalmente assumindo um romance, coisa que esperamos toda a peça. I Believe in You por ser um grande momento para o personagem de Finch (além da letra bonita e da coreografia fantástica). E, claro, Brotherhood of Man, que é o ápice do musical, o momento mais marcante e mais envolvente; uma grande cena, uma grande música, que não tem como não se apaixonar.
Finch também é responsável por muitas outras cenas marcantes que não estão relacionadas a música alguma, como os momentos em que as coisas dão certo e a luz fica só nele para que ele dê um sorriso astuto – simplesmente magnífico (e nem isso Darren conseguiu fazer tão bem quanto Daniel), suas duas falas de “Say that again […] No, before that”, e quando ele soletrava seu nome, após puxar o saco de alguém, querendo levar os créditos – “It’s Finch, F-I-N-C-H”.
É um musical e tanto. Tem todo um estilo executivo que vale muito a pena, uma coisa diferente do que estamos habituados a sempre assistir na Broadway. Contando sobre a vida em uma empresa e sobre as inúmeras promoções de uma só pessoa, não podia faltar muitas roupas finas – vestidos para as mulheres e terno e gravata para os homens. As danças em terno e gravata parecem ainda mais encantadoras do que nunca! Dá um tom diferente à coreografia que a eleva a um novo patamar. O musical tem uma história incrível e garante ótimas risadas e músicas. Vale muito a pena, vejam! Até mais!

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