The Leftovers 3x07 – The Most Powerful Man in the World (and His Identical Twin Brother)


“He was alone, and all was well”
QUE EPISÓDIO FOI ESSE?! Vocês sabem que meu favorito em The Leftovers era International Assassin, por toda a ideia impressionante de um outro mundo para onde Kevin Garvey vai depois de morto, um monto repleto de simbologias, em uma narrativa poética e inteligente, que nos faz questionar muita coisa. The Most Powerful Man in the World (and His Identical Twin Brother) segue a mesma linha de International Assassin, na segunda temporada,
com uma nova morte, dessa vez intencional, de Kevin Garvey. Ele tem algumas missões a cumprir, como falar com Evie, com os filhos de Grace e com Christopher Sunday, para conseguir para o pai a música que “vai fazer a chuva parar” no aniversário do Arrebatamento. Temos um episódio APAIXONANTE e chocante, com uma sequência de cenas complexas, repletas de significados ocultos. The Leftovers é MESMO uma obra de arte, e a cada episódio eu defendo mais essa ideia.
Roteiro, atuação, trilha sonora… tudo é PERFEITO.
O episódio se inicia em uma cena antiga de Kevin e Nora numa banheira, quando ainda eram felizes juntos, e ele não tinha uma barba, e temos um paralelo interessante com ele escorregando para baixo da água com ele tentando se matar novamente no presente, na Austrália. E já começa assim, perfeitamente chocante: KEVIN GARVEY MORRE. Não que isso seja uma novidade… mas os episódios em que ele morre são sempre incríveis, e eu me aprumei na cadeira porque tinha que aproveitar cada momento dessa brilhante obra-prima que eu sabia que estava por vir! Kevin não acorda na banheira do hotel, dessa vez… ele sai do meio do mar, nu (e lindo), com um homem batendo nele, enquanto o chama de Kevin Harvey. Kevin está do lado de FORA do hotel, dessa vez, e ele é encontrado por um segurança que lhe reconhece, e se convida para ir com ele até a sua casinha na praia, para passar sua próxima missão.
Matar o Presidente dos Estados Unidos.
Essa primeira versão de Kevin Garvey no outro mundo não tem barba, e é o mesmo Kevin Assassino que conhecemos na temporada passada. O segurança é bem firme quanto à proibição de “superfícies reflexivas”, quebrando espelhos e óculos de sol da casa… Kevin aceita a missão de matar o Presidente porque sabe que tem que aceitá-la, mas impõe suas condições: ele quer encontrar cinco crianças: Liam, Abigail, Samantha, David e Jimmy Playford. Também quer falar com uma mulher chamada Evangeline Murphy, a Evie, e Christopher Sunday – “Christopher Sunday? The Prime Minister of Australia?” Assim, com sua nova roupa de assassino, Kevin Garvey ganha também um aparelho para conversar com o responsável pela missão, aquele que lhe fez cantar, quando esteve no hotel pela primeira vez, e quem ele encontrou na ponte… o mesmo que estava no barco que Matt pegou até Melbourne há alguns episódios.
E a primeira coisa que ele manda: Kevin pegar um pedaço de espelho e se olhar.
ENTÃO TUDO SE ALTERA.
Por isso eu digo que eu AMO The Leftovers e esse roteiro que nunca falha em nos surpreender. Quando ele se olha no espelho, ele vê refletida uma versão dele com barba, e com uma trilha sonora intensa, nós temos uma mudança de paisagem. Agora Kevin Garvey está fazendo um discurso, de barba, todo vestido de branco, sendo muito aplaudido por uma plateia grande. Ele é o Presidente dos Estados Unidos. Tudo nessa cena fez meu coração pular. Eu sorria, apaixonado pelo roteiro inteligente e confuso, reconhecendo agora a outra versão de Kevin, que lê um discurso TERRÍVEL sobre casamentos e como isso é abominante! Além de ele ser tanto o assassino quanto o alvo, nós ainda temos uma alegoria aos GR pelas roupas brancas, pela ideia de “só fumar, no começo”, e é ali que Kevin encontra Liam Playford e seus irmãos, autores de uma redação sobre como “eles não precisam de ‘pai’ e nem de ‘mãe’”. O garotinho está descalço.
“But you said there is no family”
Então, para MELHORAR tudo, entramos com um protesto contra tudo o que o Presidente Kevin está dizendo. De camiseta vermelha com os dizeres “I REMEMBER”, megafone na mão, gritando “Love! Love will keep us together”, encontramos EVIE! Conseguindo falar com ela para passar o recado de seu pai, ele diz: “John… he wants me to tell you… he wants you to know… that you are loved”, mas ela não reage como o esperado, falando sobre como seu pai, sua mãe e seu irmão foram ASSASSINADOS, por causa desses ideais do Presidente. E eu fico pensando se isso não pode mesmo acontecer, ou outro mundo, meio inverso, no qual as coisas são diferentes da que imaginamos conhecer. Ela insiste que “What? I’m not dead. I’m fucking here, asshole!”, o que eu achei SENSACIONAL! Qual mundo é deveras real, no fim das contas? Ou, melhor: por que apenas um deles precisa ser real? Acredito que ambos o sejam.
Ali temos uma transição DE VOLTA ao mundo de cá. E foi uma transição brilhante. Presidente Kevin está com Evie no carro quando começa a cuspir água, como quem está se afogando, e no meio de um monte de flashes da série toda, ele abre a janela, cuspindo água, está chovendo, e então ele está sendo carregado para fora do lago por John Murphy e o filho… ele está de volta, e agora já está CHOVENDO MUITO. Foi um retorno lindo, quando ele diz a John que passou a mensagem a Evie, a Grace que “They didn’t know what happened to their shoes”, e seu pai está interessado em saber “se ele conseguiu a música”. Não. Então ele vai ao banheiro para MORRER MAIS UMA VEZ, o que é uma loucura e uma doença. Depois de uma rápida conversa com o pai, Kevin se deita na banheira e diz que o pai vai ter que segurá-lo embaixo da água, o que é uma cena angustiante… mas que surte efeito, porque Kevin Garvey Presidente está de volta.
E ele precisa escanear o pênis: “Now your penis, please, sir”
Bem, com nudes que já tivemos em The Leftovers, era de se esperar que mostrassem mesmo, mas se recusaram… o que importa é que tivemos uma cena INCRÍVEL em que Presidente Kevin precisava entrar num lugar restrito, e para isso escaneou o rosto, o pênis e respondeu a três perguntas, a última das quais era o nome de sua Secretária de Defesa: PATTI LEVIN. Então, com um arrepiante “Good to see you, Mr. President”, Patti está de volta! Eu gosto de como The Leftovers faz essas coisas. Nesse mundo, estamos à beira de uma importante guerra, de explosões nucleares que podem destruir com toda a vida na Terra, mas tudo o que ele quer é fazer uma ligação ao Primeiro Ministro da Austrália, Christopher Sunday, mas Patti quer levar a cabo seu plano, não quer distrações – então entra a vice-presidente, que eu suspeitei que pudesse ser a Laurie, mas ela ainda não está ali. No entanto, TEMOS MEG. Meu coração saltou.
Ela estava diferente. E foi arrepiante.
E Kevin faz com que Patti lhe conte qual é o plano:

“We are going to vaporize every man, woman, and child on the planet. It's the seventh anniversary of the departure, and there is reasonable expectation out there that the world's gonna end. So, we're gonna fire our nukes at the Russians and they're gonna retaliate, and then that's it. We're all torched. No one wakes up tomorrow disappointed that nothing fucking happened. We give the people what they're too chickenshit to do themselves, what they elected us for. We give them what they want. And they want to die”

Macabro. Mas compreensível.
E para isso, ainda há um detalhezinho especial, um assassinato:

“The nuclear launch key was surgically embedded into the heart of a volunteer. In order for the president to be able to blow up millions of people with the push of a button, he has to extract that key by murdering the volunteer himself. But since I don't see that volunteer here, you can't launch shit”

Wow! QUE ROTEIRO F*DA!
Tudo nesse episódio foi se completando de forma admirável. A ideia do plano de Patti não é totalmente maluca – a necessidade de se acreditar em algo é presente, o tema da série! E o detalhe mencionado por Meg deixa tudo ainda mais detalhado e doentio – o Presidente só poderá matar essas pessoas todas se ele matar o voluntário que carrega o botão incorporado cirurgicamente ao seu CORAÇÃO, e pegar o botão ele mesmo. E, segundo Patti, o voluntário chega em 15 minutos: e Presidente Kevin entende tudo. O Kevin da praia. Nu. Olhando para o peito. A nova roupa. Meg pergunta como ele vai conseguir entrar ali, e ele responde: “He’s my identical twin brother”. ASSIM, SURGE CONCRETAMENTE A IDEIA DOS DOIS KEVINS. Não só o Kevin é tanto o Assassino quanto o Presidente dos Estados Unidos. The Leftovers não se contentaria com isso. Não. Ele também é o “voluntário” que carrega o botão da morte no coração.
E agora é o Presidente quem tem que matá-lo.
As cenas são ÓTIMAS. Presidente Kevin pega os óculos de Patti para poder ver seu reflexo, e volta a ser o Assassino Kevin, o gêmeo. É razoavelmente fácil para ele entrar, e quando ele é cercado, dentro do prédio, Meg o salva, e ela pede que ele mate a Secretária de Defesa. Ainda temos Meg dizendo aquele poderoso “They're all liars. They say they don't believe in love and they don't feel pain. I feel pain. And I'm in love. I'm in love with the most wonderful man I have ever known. […] His name is God”, e aquele genial e sarcástico “Tell her I love her too” que chega ao ouvido de Kevin, remotamente. Os detalhes se sobrepondo em The Leftovers deixa tudo com um tom mais admirável. E, matando Meg no caminho, Assassino Kevin consegue chegar até a sala onde conversará com Christopher Sunday, o Primeiro-Ministro da Austrália, que lhe diz: “There’s no song to stop the rain”. A cena é FORTE, porque Kevin quer uma resposta, mas Christopher lhe pergunta se ele realmente acredita que o pai pode cantar uma música e impedir a chuva…
“No”
“Then why are you here?”
Quando a sala é invadida e Assassino Kevin é atacado, ele se olha no reflexo de um monitor partido para voltar a ser o Presidente Kevin, de barba, e então FINALMENTE temos DOIS KEVINS, um de frente para o outro, em uma cena emocionante e arrepiante! Chegou a hora de Presidente Kevin matar o Assassino Kevin: “I’m not fucking killing him!” Para convencê-los, Patti Levin fala sobre o livro que ambos ou nenhum escreveram, “Untitled Romance Novel”, cujo final fala de Nora Durst e termina com um doloroso “He was alone, and all was well”. Ambos choram, e é MUITO TRISTE, especialmente quando o Assassino pede que o Presidente tire o botão de dentro dele, para destruir aquele mundo, para que eles não possam nunca mais voltar a ele. A dor é palpável na maneira como o Assassino Kevin fala, e a atuação de Justin Theroux é tocante!
Sensacional, do início ao fim.
Foi uma última cena de pura ANGÚSTIA. Foi bastante gráfico e demorado para que a dor fosse explícita e pudéssemos sentir o que era um Kevin tirando algo do peito do outro Kevin, ao término do qual ambos concluíram: “We fucked up with Nora”. QUE CENA! A trilha sonora, leve e bonita, só enfatiza o horror do momento e o quão angustiante é assistir. A quantidade de sangue, dor e sofrimento. Com o botão na mão, Presidente Kevin explode o mundo novo, e segura a mão de Patti Levin, para que possa ir ao lado de fora VER ACONTECER. Então ele retorna… retorna, vivo, ao nosso mundo, onde ele é recebido pela ausência do dilúvio, e o seu pai lhe pergunta: “E agora?” Uma boa pergunta: e agora? Acreditamos que, em primeiro lugar, agora é procurar Nora Durst e consertar as coisas que não deram certo até então.
Não estou acreditando que o próximo já é o ÚLTIMO episódio.
Essa série vai deixar saudades!

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