Doctor Who 10x05 – Oxygen


“Space. The final frontier” COMO NÃO AMAR?!
Um dos melhores episódios da temporada, embora ele tenha tido um clima soturno único – ele foi bem mais macabro que vários outros episódios com o Doctor e Bill, e me fez lembrar um pouco da época de David Tennant, seja na segunda temporada, com The Satan’s Pit, ou mais tarde, com os Vashta Nerada. De todo modo, temos um episódio que se passa no espaço, aquele lugar terrível que tenta matá-lo o tempo todo, e é uma ambientação incrível para uma série como Doctor Who, e sempre gera ótimas tramas. Uma estação espacial quase vazia na qual “zumbis” estão atacando. Dos 40 astronautas do local, 36 foram mortos em pouquíssimo tempo, e o Doctor descobre, assim que chega lá com Bill e Nardole, que não existe oxigênio no lugar. E Bill faz comentários que parecem os nossos mesmo: “Why aren’t we floating [PULINHOS] Doesn’t feel like space”.
“The Universe shows its true face when asks for help”
Nardole tenta impedir essa viagem, e se eu não gostava do personagem em The Husbands of River Song, eu descobri que não estou aprendendo a gostar MAIS dele em momento algum. Mas independente de sua presença um pouco irritante, o episódio se sustenta pela trama interessante e inteligente, e por ter um tom macabro assustador, capaz de criar um suspense envolvente. O primeiro morto que a equipe da TARDIS encontra está em pé, com o rosto pálido e a cabeça tombada… apenas o traje o segura ereto. E embora seja assustador, e tanto Nardole quanto Bill ameacem voltar correndo para a TARDIS, o Doctor não pode ignorar um pedido de socorro como esse, nem as quatro pessoas ainda sobreviventes na estação. Andando pelos cenários escuros e frios, começamos uma trama e uma crítica geniais, ambas.
“I'm maxing out your adrenaline. Fear keeps you fast! Fast is good!”
O Doctor quer informação sobre a AUSÊNCIA de oxigênio naquela estação, mas o sistema os informe de que NUNCA houve oxigênio ali, e quando o sistema completa: “Oxygen is available for personal use only, at competitive prices. Any unlicensed oxygen will be automatically expelled to protect market value”, nós entendemos a extensão do PROBLEMA. É um roteiro e tanto, que parece absurdamente real e ATUAL, e como O Preço do Amanhã, trabalha através de alegorias em uma inteligente (e clara) crítica ao CAPITALISMO. O roteiro de Doctor Who nunca falha em criar situações espetaculares como essa, embora assustadoras. A ideia de mandar astronautas para o espaço sem oxigênio fora de seus trajes, que é comercializado a preços caríssimos para manter o mercado e gerar mais capital… e isso acontece agora.
Segundo o Doctor: CAPITALISM IN SPACE.
Todos os 36 mortos foram mortos por SEUS PRÓPRIOS TRAJES. E mesmo sabendo disso, como o ar que a TARDIS lhes deu estava sendo sugado, a única esperança de “vida” de Doctor, Nardole e Bill era entrar em trajes, exatamente como aqueles que mataram 36 humanos. A ideia é tirar todo o seu oxigênio e lhe oferecer de volta, cobrando por ele. E tudo isso é tão natural, pelo o que expressa a voz de “Velma”, o traje de Bill – 2500 respirações disponíveis. Entramos em pânico. Respiramos mais rápido e com mais dificuldade. Parece NOS faltar o ar. Angústia e pavor se misturam enquanto o trio precisa correr fugindo de 36 cadáveres sustentados por trajes inteligentes que os perseguem para dar aos seus trajes a mesma ordem dada aos demais: MATAR O COMPONENTE ORGÂNICO. As pessoas dentro dele…
Muitas vezes, em Doctor Who, a companion se vê correndo o risco de morrer, mas nem sempre é TÃO APAVORANTE quanto agora. Mesmo com momentos mais engraçados e brilhantemente escritos como o “Great. We rescued a racist”, expressando a reação de Bill ao se deparar com um alienígena azul (sério, a crítica foi fascinante e MUITO BEM COLOCADA!), o episódio é pesado. A equipe na nave são MINERADORES, basicamente, por isso suas condições de trabalho são deploráveis, e seus empregadores não se importam com eles, com sua saúde nem com nada – apenas com o lucro que estão (ou não) gerando. Assim, como eles não são mais produtivos, eles estão sendo mortos. Não há hacker nem problema no sistema. Os trajes estão fazendo o que sempre foram programados a fazer: se eles não produzem mais, eles podem morrer.
O suspense é bem criado, e devidamente apavorante, com um tom de voz neutro do sistema anunciando coisas como “Please, remain calm while your central nerve system is disabled. Your life is on our hands”, o que é desconcertante. As distâncias medidas em médias de respiração, a maneira como ouvimos as respirações rápidas, como em 38 segundos estaremos no vácuo do espaço e o capacete de Bill apresenta problemas e é retirado… aquilo me ARREPIOU! “Respire, ou então seus pulmões explodem”. E nós vemos a vida deixar o rosto de Bill, lentamente, e é angustiante, embora saibamos que ela não pode morrer, não ainda. Mas tudo é tão real e tão convincente. O Doctor, no entanto, a salva. Ela acorda e ela está bem. O Doctor, por outro lado, passou muito tempo andando no vácuo do espaço, e sobreviveu, milagrosamente, mas pagou um preço…
…ele não enxerga mais.
É uma cena impactante quando Bill encontra o Doctor, cego. Tudo é diferente agora, a sua atitude tenta não vacilar ou demonstrar nenhum tipo de fraqueza, no entanto, e o abraço que Bill dá nele é agradecido e doloroso. Mas não é o suficiente… o traje de Bill dá problema de volta, e o Doctor pede que ela confie nele e a deixa para trás, e então ela é transformada em um dos “zumbis” conduzidos pelo traje, expressando “The end point of capitalism. A bottom line where human life has no value at all”. FELIZMENTE o traje de Bill tinha um problema, e a bateria era fraca demais para matá-la, assim o Doctor pôde trazê-la de volta, mas a corporação que toma conta da nave é desumana e, infelizmente, REALISTA. Nada disso, infelizmente, parece ficção, e isso é o que mais choca no episódio. A “equipe de resgate” foi enviada ANTES de eles pedirem socorro.
Eles são descartáveis, o que importa é o capital.
Gostei de como o Doctor processou essas informações no final… acredito que ele tinha consciência de que, fazendo o que fez, a corporação não deixaria que eles morressem. Mas caso eles morressem, seria um último ato justo, embora vingativo. O Doctor condicionou a morte dos últimos sobreviventes à nave, e caso eles morressem, tudo explodia – os capitalistas deixariam de ganhar QUALQUER COISA com aquela nave, e isso seria um prejuízo tremendo. Ufa. Felizmente eles puderam sobreviver, os últimos sobreviventes fizeram uma reclamação, derrubaram a Dominação Corporativa do Espaço, acabaram com o capitalismo, mas a humanidade embarcou, então, no seu próximo grande erro, seja ele qual for, material para outra história… e com Bill de volta à segurança, e o Nardole dando broncas, o Doctor, cansado e preocupado, revela:
“I can’t look at anything, ever again. I’m still blind”
O que é arriscado e inovador. Estou empolgado, quero ver aonde isso nos levará!

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