O Mágico de Oz – “Tenho a impressão que já conheço vocês, mas de onde?”


Como eu já comentei na primeira postagem, eu amei a maneira como os atores interpretam dois papéis (em qualquer proposta do Mágico de Oz essa é a ideia, mas ficou muito bom em palco) – um no Kansas e um em Oz, e eles compartilham características que nos provam que tudo pode ser algo da cabeça de Dorothy, refugiada para fugir do mundo; talvez o próprio furacão seja uma escapada – mas o inteligentíssimo toque final ao estilo Philip K. Dick é a genialidade da obra.
Uma das.
Mas esse elenco está de parabéns e mais um pouco. O que são essas pessoas? Eu me admirei com cada uma delas, aplaudi empolgadamente todas as apresentações, ri de piadas mais do que eu devia ter rido, aplaudi em meio a cenas que foram simplesmente geniais. E eu estava lá na fila I, justamente na última do primeiro setor, atrás de onde o elenco passava algumas vezes em sua caminhada pela Estrada de Tijolos Amarelos. Era incrível ver a admiração nos olhos das crianças ao olhar para Dorothy, Espantalho e Homem de Lata passando por ali…
Malu Rodrigues. Malu, meu bem, você tem o dom e sabe o que faz. Eu conheci o seu trabalho de atriz de teatro só com O Despertar da Primavera, e foi demais. Não é justo com tantas outras pessoas que brilham dizer que O Mágico de Oz é dela, mas praticamente. Ela brilha em todos os momentos, e não conseguimos lembrar de uma cena sequer em que ela não estivesse presente. Com sua voz memorável, sua presença de palco e seu carisma inigualável, a Dorothy de Manu ganha nossos corações depressa…
Agora um dos maiores destaques vai para Heloisa Périssé. Eu sempre amei o seu trabalho, e estava muito ansioso para vê-la de Bruxa Má do Oeste, e saí de lá satisfeito. Ela interpreta diferentemente de qualquer outro de seus personagens, e é genial. Ri com todas as suas cenas, e me peguei desejando que a Bruxa voltasse para mais uma cena depressa. Aula de pilates. Suas piadas foram tantas que eu nem me lembro mais, só sei que foram divertidíssimas… mas duas memoráveis foram “Vocês vão a pé. Eu sou tão boa na vassoura que vou até sair de ré. Tirando onda” e, sobre a Bruxa Boa do Norte, “Eu sou a Bruxa Má do Oeste. Você está agora sob nova direção”.
Ah, sim, claro: “Viram, crianças, como funciona a vida? Não precisa bater no coleguinha. É só uma questão de diálogo”. E os comentários sobre a música dos Winkies. Como eu ri com aquelas cenas. E quando ela entra enquanto ainda aplaudimos Agora é pé na estrada! Eu me diverti muito com ela… “Eu acho gente otimista uma coisa deprimente! A sorte é que esse tipo de gente sempre se dá mal…”
Amei o trabalho dela, muito mais seu fã agora.
O Espantalho foi muito bem interpretado por André Torquato, e eu já conhecia o seu bom trabalho por Priscilla. Muito bom ver dois personagens tão distintos e interpretados tão bem por ele! E Nicola Lama foi o Homem de Lata, e eu tenho um carinho especial por esse personagem por algum motivo desconhecido. Ele e o Espantalho sempre foram os meus acompanhantes de Dorothy favoritos, e ficaram tão perfeitos com suas músicas, sua alegria e seus momentos contagiantes…
Mas Lucio Mauro Filho arrebentou como o Leão Covarde. Sim, um dos melhores personagens foi ele. Ele só não me fez rir mais do que a Bruxa Má do Oeste mesmo, mas extremamente carismático, o personagem é marcante.
Quando Tia Em apareceu e eu vi Bruna Guerin a interpretando, eu não conseguia tirar da cabeça frases inteiras como “Olha esse cabelo! Tá maior que o da sua irmã!” e “Olha o respeito, ai, ai, ai”, mas tudo bem. Foi muito diferente vê-la como Glinda, e ela foi excepcional como certamente ela seria. E Fernando Vieira como Tio Henry e Guarda da Cidade das Esmeraldas apareceu bem menos do que eu esperava, e não consigo me lembrar de uma cena em que ele tenha sido o destaque absoluto. E só eu que achei que Luiz Carlos Miele ainda não se encontrou como o Mágico?
E, claro, Kostyantyn Biriuk – sensual e maligno, apresenta um ótimo preparo físico para ser o Ciclone. No começo quando ele apareceu achei super estranho não entender nada, mas não entender o que ele falava, mas entender o sentido através de seu tom de voz e risadas cruéis era justamente a jogada sombria da narrativa. Achei extremamente interessante e o ator está realmente de parabéns! O elenco ainda conta com mais 26 talentosíssimos atores no Ensemble que dão vida ao povo da Cidade das Esmeraldas, aos Munchkins e assim por diante…
O Mágico de Oz é um grande musical que vale a pena, realmente. Você termina absolutamente triste por ter que ir embora, mas contente por tudo o que acabou de ver. E vai ficar cantarolando as músicas por tempo indeterminado. Esses atores ajudam a construir a história de amor, coragem, amizade e inteligência –a busca por algo maior que na verdade está dentro da gente. As descobertas mais complexas que só nos vêm em momentos tão vivos quanto essa visita a Oz. Visitar Oz é sempre uma delícia, através desse musical então…

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