A Barraca do Beijo 2 (The Kissing Booth 2, 2020)

 

Rules can be broken… but so can hearts.

Embora eu não tenha gostado muito do final do filme (não queria que a Elle tivesse ficado com ele!), eu gostei bastante do filme como um todo… com pouco mais de 2 horas, o filme é divertido e contém cenas incríveis como o Lee correndo pela escola para desligar o microfone de Elle ou a coreografia final de Elle e Marco na competição de dança! E o filme ainda está cheio de referências estruturais tipo o que “De Volta Para o Futuro” fazia, recriando a cena do “Mom, is that you?” em todos os filmes. Com Noah, o primeiro filme falou um pouco sobre o amor platônico e o que aconteceria se ele se tornasse realidade, e o segundo fala sobre as dificuldades do namoro à distância, mas novamente acho que o filme não é sobre isso, exatamente. “A Barraca do Beijo 2” fala sobre as mudanças pelas quais passamos durante a adolescência.

As amizades, os amores e os planos continuam existindo…

…mas talvez não mais do mesmo jeito!

Começamos de onde o primeiro “A Barraca do Beijo” nos deixou, e então Elle nos conta o que se passou nos próximos 27 dias, numa cena que parece muito a primeira cena do outro filme, em que Elle conta sobre a sua amizade com Lee desde que eles nasceram… o tom é divertido e alegre, não tem o drama da morte da mãe de Elle dessa vez, e então chegamos ao último primeiro dia de aula na escola, com Lee passando para buscar Elle e a provocando com um “presente” que é uma sainha curtinha como a que ela usa no primeiro filme por falta de opção… mas as coisas já não são mais exatamente as mesmas, porque Lee precisa parar para buscar Rachel no meio do caminho. E então começamos o último ano de Elle e Lee na escola, antes que eles tenham que decidir o que farão no futuro – para que universidade eles vão? Berkeley, como diz a Regra 16?

Olha, eu posso ter opiniões controversas em relação a vários assuntos do filme, e eu sei que a minha opinião vai diferir da maioria dos adolescentes que viram o filme – mas, de modo geral, de um monte de gente, no fim das contas. Não estou do lado da Rachel na maior parte do filme, por exemplo, embora eu a entenda no final… o que não quer dizer que a ache 100% certa por isso. De maneira alguma estou do lado de Noah, em nenhum momento, e eu detesto esse discurso de que “achei que o Noah fosse trair a Elle e no fim quem traiu foi ela”, porque as coisas não são bem assim… não é porque o Noah nunca beijou a Chloe que ele não traiu Elle – a traição é muito mais profunda que isso. Ele escondeu, flertou, tocou, mentiu (olha a cena depois do show!). E o Marco não é nenhum John Ambrose McClaren, mas eu acho que ele era a escolha certa nesse momento da vida de Elle, sim. Mas adolescentes ou recém-saídos da adolescência nunca vão aceitar isso.

Para eles tudo é “para sempre”.

Mas a gente sabe que um namoro de escola assim funciona em 10% dos casos.

E olha lá.

Elle e Lee continuam sendo os melhores amigos do mundo, e eu acho que eles compartilham cenas INCRÍVEIS e DIVERTIDAS nessa sequência, como a maneira como ele a alimenta durante partidas de Pac-Man toda vez que ela muda de fase, ou como eles querem manter o primeiro lugar na máquina de dança, e levam isso a sério, mas estão indignados com um tal de MVP que anda roubando essa posição… eles também precisam pensar na Barraca do Beijo desse último ano, e como eles vão convencer os populares a participar, para que seja um sucesso tão grande quanto a barraca do beijo do ano anterior. Mas acho que uma das melhores cenas de Lee nessa sequência é a cena em que Elle está falando sobre o corpo de Marco sem saber que o microfone está ligado e a escola toda está ouvindo, e Lee faz de tudo para chegar e desligar o microfone.

EU RI TANTO DO LEE NAQUELA CENA!

Foi uma ótima introdução ao Marco, por sinal… a Elle é totalmente descabida em seus comentários, mas, em sua defesa, ela não sabia que a escola toda estava ouvindo – pensar isso e comentar qualquer um pode. Mas é claro que, depois disso, o Marco vai acabar se aproximando, né… eu gostei das cenas dos dois, e senti que eles tinham química desde o começo, na maneira como se provocavam, fosse naquela divertidíssima gincana, ou então quando Elle e Lee o convidam para a Barraca do Beijo e ele diz “não”, e então eles propõem um desafio: assim, Elle e Marco competem na máquina de dança e, se ela ganhar, ele terá que participar… MAS ELA NÃO TINHA IDEIA QUE ELE ERA O FAMOSO MVP QUE VINHA ROUBANDO O PRIMEIRO LUGAR. Mesmo assim, numa cena maravilhosa, Elle acaba ganhando por poucos pontos.

Ufa.

Todos os romances do filme precisam enfrentar alguns problemas… Lee está com Rachel, mas Rachel está cansada de ter a Elle por perto o tempo todo, e aqui é uma questão aberta a interpretações. Eu, particularmente, não fiquei realmente com raiva de Elle, embora ela tenha, sim, sido bastante inconveniente em vários momentos – mas ela não sabia disso. O que Elle e Lee têm eles têm desde que nasceram, porque nasceram ao mesmo tempo, filhos de melhores amigas, e foram “criados praticamente como gêmeos”, como a Elle diz no primeiro filme – não adianta, a Rachel nunca vai poder competir com isso. Lee sempre vai passar muito tempo com Elle… o que não quer dizer que Elle não possa dar um espaço para eles e que Lee não precise parar de pisar na bola e cometer gafes como deixá-la na porta do cinema por 45 minutos ou esquecer de avisar sobre a troca de fantasia de Halloween…

Ou seja, é um amadurecimento dos TRÊS para que isso funcione!

Elle, por sua vez, está tentando manter o relacionamento à distância com Noah – eu, particularmente, NÃO ACREDITO NISSO. Tudo bem, pode funcionar para algumas pessoas, mas é tão difícil… imagine na adolescência! Ela quer ser toda madura e distante, e ele diz que “quer que ela ligue e mande mensagem o tempo todo”, mas é natural que os ciúmes venham à tona… Elle não está mais o tempo todo com Noah, ela não sabe o que ele tem feito, e ele tem um passado que lhe condena. Quando ela vai a Boston para visitá-la, o Noah age como um tremendo babaca com ela… detestei a maneira como ele parecia querer “esconder” Chloe, ou como ele nem se digna a apresentar Elle como sua namorada quando ela chega, mas fica cheio de abracinhos que, convenhamos, tem conotação sexual. Não é confortável para Elle. Para piorar, ela encontra um brinco embaixo da cama de Noah.

Noah errou em vários sentidos e várias vezes…

E Elle passou O ANO TODO SOFRENDO por causa dele.

Isso não é justo.

Por isso, eu não acho que ela estivesse errada em momento algum… ela se aproximou de Marco, e foi uma casualidade. As coisas com Noah não estavam indo bem, independente de qualquer coisa, e Lee fingiu estar com o pé machucado para não precisar ensaiar com ela e passar mais tempo com Rachel, e então Marco foi tudo o que restou para Elle… era natural que eles se aproximassem. E eu fui me apaixonando CADA VEZ MAIS cada vez que eles dançavam juntos na máquina do fliperama. Uma química tão gostosa, tão natural… e temos uma cena em que eles ficam juntos até tarde e acabam indo para o parque juntos, e aquilo é tão bom de se ver. A maneira como eles se entendem, como conversam, e como, naquele momento, ele já está fascinado por ela. E, de certa maneira, ela também está… então, sim, eu inevitavelmente torci por eles.

Elle estava nessa competição de dança porque queria dinheiro para, quem sabe, fazer faculdade em Harvard, mas eu tenho uma série de ressalvas a isso – Elle SEMPRE planejou ir a Berkeley com Lee, e é isso o que a família pode pagar, e agora ela está cogitando mudar toda a sua vida por causa de Noah, um namoro de escola que ela nem sabe que vai para a frente, depois de ele tê-la feito sofrer um ano inteirinho. Não faz sentido, e não é saudável. E o pior é que não há muito como eles ficarem juntos, na verdade… porque ou ela abandona todos os seus planos e vai para Boston com ele, o que eu acho muito errado (embora seja Harvard, HARVARD, só isso deixa a dúvida aceitável, não o Noah), ou ela vai continuar estando numa cidade longe dele, e vai sempre sofrer com dúvidas como sofreu ao longo desse ano… então para quê, sabe? Adolescentes discordarão, mas a adolescência é passageira, ninguém sabe quanto esse namoro vai durar.

E não dá para reestruturar sua vida inteirinha por causa de alguém assim.

De qualquer maneira, Elle e Marco acabam passando muito tempo juntos, e isso os aproxima… ao que tudo indica, ele foi à festa de Halloween apenas porque sabia que Elle estaria lá, por exemplo, e ele realmente se dedicou de todo coração a essa competição de dança com ela. Pouco antes da apresentação final dos dois, as coisas parecem desandar de vez para Elle e Noah, porque além de tudo pelo que Elle já passou, ela descobre que os brincos que encontrou embaixo da cama do namorado são mesmo de Chloe, e eu quase achei que ela não conseguiria dançar. No início da dança, ela fica repetindo para si mesma que precisa esquecer isso, e eventualmente ela consegue, e se entrega àquele momento com Marco, E É A MINHA CENA FAVORITA DO FILME. QUE COREOGRAFIA GOSTOSA! É sexy, é divertida, é intensa… e termina com um beijo.

E que beijo!

Eu torci por aquele beijo.

Eu apoiei aquele beijo.

Mas Elle vê Noah na plateia e então ela não pode nem curtir a vitória… e, naquele momento, eu não queria que ela se sentisse culpada pelo beijo – o babaca do Noah a fez sofrer O ANO INTEIRO, enquanto o Marco esteve ali por ela… e não me venha com isso de “ela traiu o Noah, mas ele não”, porque o fato de ele não ter beijado a Chloe não significa que não existiu traição, porque a relação deles era claramente (e desconfortavelmente, inclusive) sexual. A maneira como conversavam, o que diziam, como se olhavam, a maneira como se tocavam… e ele vai insistir dizendo que “queria ter com Chloe o que ela tem com Lee”, e ISSO NEM FAZ SENTIDO. Não é nem de perto a mesma coisa. Primeiro que Lee e Elle foram amigos a vida toda, e Noah, como irmão de Lee, ainda acompanhou isso, enquanto Elle nem conhece Chloe… e, na verdade, nem o Noah. Acabou de conhecê-la e está forçando algo “íntimo” demais para algo rápido demais… não faz sentido.

Odiei o Noah.

O jantar do Dia de Ação de Graças é UM DESASTRE. Naquele momento, todo mundo está bravo com todo mundo. Noah está bravo com Elle por ela ter beijado Marco; Elle está brava com Noah por ele ter trazido Chloe (!); Rachel está brava com Elle por não dar espaço para ela e Lee; Lee está bravo com Elle por ela ter se inscrito para Harvard e não ter contado nada. E então tudo parece DESANDAR. Noah pisou na bola pela milésima vez (argh!), e então Elle resolve “sair para consertar algo que realmente vale a pena”: Lee e Rachel. Naquela conversa de Rachel e Elle, eu entendi os motivos de Rachel (ela ouviu a conversa do outro filme!), e eu acho que as duas foram muito maduras e resolveram o que tinha para resolver… e Elle e Lee também não ficam brigados, e fazem as pazes em uma conversa fofinha lá no fliperama, que é o lugar dos dois.

Afinal de contas, os dois esconderam coisas dessa vez.

Olha, eu torci por Marco, por causa de todas as atitudes babacas de Noah (mas ele está convencido de que não fez nada de errado), e a sequência da BARRACA DO BEIJO, que dessa vez fica para o fim do filme, traz um momento dos dois… mas um momento de partir o coração. Quando chega a vez de Elle beijar os caras que aparecem, Marco usa o seu ingresso não para beijá-la, mas para ter um minuto do seu tempo – eles precisam conversar sobre o que aconteceu na competição de dança. Elle não nega, quando Marco fala sobre isso, que sentiu algo quando eles se beijaram naquele momento (!), mas ela diz que ele não é o certo – e eu confesso que AQUILO PARTIU MEU CORAÇÃO. A única coisa boa mesmo da barraca do beijo foi a Rachel e o Lee fazendo as pazes (!) e o Miles e o Ollie FINALMENTE SE BEIJANDO PELA PRIMEIRA VEZ… fofos!

Eu achei que o filme terminaria diferente… eu acho que seria uma atitude madura do roteiro ter deixado a Elle sozinha por um tempo – não há nada de errado nisso. Eu acho que Elle devia, sem dúvida, ter terminado com Noah, mas não precisava ter ficado com Marco, pelo menos não ainda… podia ser um final aberto como a questão das faculdades… ela e Noah foram para caminhos diferentes da vida, e isso é natural! Noah é o amor platônico de infância de Elle, seu primeiro amor… quantas vezes isso realmente dá certo “para sempre”? Terminar com ele não vai apagar a importância e a beleza desse amor, mas Elle pode seguir em frente, voltar a se apaixonar… o filme, no entanto, é todo romântico e forçado no final, com a Elle no aeroporto atrás de Noah e Noah na barraca do beijo atrás de Elle, e Elle ainda tem uma conversa absurda com Chloe (AH, POR FAVOR! O tanto que eu revirei os olhos nessa cena, é muito forçado), a abraça e vai correndo para encontrar Noah, que sai como “o mocinho”. Mas ele não conversou com Elle, ele não esclareceu as coisas, ele foi babaca o tempo inteiro e fez a Elle sofrer por vários motivos.

Mas eles terminam juntos.

O que me irrita é que o roteiro tenha tentado vender a ideia de que a Elle era “a vilã da história” e o Noah era “o mocinho injustiçado”, sendo que devíamos entender, pelo menos, que os dois erraram, então… Elle beijou o Marco, e isso se classifica como traição, não vou negar isso, mas no restante do tempo ela teve com ele uma relação de amizade, independente de ele estar interessado nela ou não. O pior é que o povo comprou a ideia de “julgar a Elle”, e falam que “ela traiu”, sem ver a traição de Noah… como eu já disse: não é porque o Noah não beijou a Chloe que ele não tenha traído. A relação dele com Chloe tinha uma conotação sexual evidente, eles estavam o tempo todo se tocando, flertando, trocando mensagens provocantes, cheios de segredos, além de Noah não só ter escondido isso de Elle, mas ter mentido para ela. Ele também traiu.

Não aceito o discurso machista que o isenta de toda culpa.

Como eu disse na introdução do meu texto, foi isso o que eu não gostei. Não acho que a Elle devia ter ficado com o Noah, e teria aceitado muito bem o fato de ela não ficar com o Marco também, se fosse o caso – e acho que o primeiro “A Barraca do Beijo” meio que trouxe essa finalização: naquele filme, a própria Elle sabia que provavelmente esse namoro não duraria, mas não ia deixar de ser importante e ela não escolheria não vivê-lo. Mas isso não significa que é para sempre! De todo modo, a Netflix confirmou um “A Barraca do Beijo 3” para o próximo ano, e vamos ver como essa história chega ao fim, embora eu não ache que vá ter grandes diferenças… mesmo assim, quero ver Elle tomar sua decisão em relação a faculdade (tem que ser Berkeley!), e aparentemente Marco continuará por perto… e, de todo modo, certamente vai ser bom rever esses personagens e me divertir com eles, porque eu dei ótimas risadas nesse filme!

Louco para ver Elle e Lee na faculdade!

 

Para a minha review de “A Barraca do Beijo”, clique aqui.

 

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