Doctor Who: Season Six (2011) – Part 4


“I’d forgotten not all victories are about saving the universe”
Faz parte de todo o conceito de Doctor Who pelo qual nos apaixonamos anos e anos atrás, mas ainda assim, toda e qualquer despedida dói – nós sabemos que Amy Pond e Rory Williams ainda não estão partindo da TARDIS definitivamente, e esse afastamento temporário nos permite um delicioso retorno de Craig, que adoramos, mas ainda assim. São dois episódios para que a despedida se faça de forma completa. Um deles, sobre a garota que esperou, valoriza Amy Pond. Outro enfatiza os perigos que viajar na TARDIS traz para qualquer companion do Doctor, e então ele decide deixá-los na Terra em segurança. Faz muito sentido aquele momento anterior em que o Doctor estava quase morrendo por causa do veneno de River Song e, sozinho na TARDIS, ele pede que a interface de voz assuma a forma de alguém que ele gosta. Rose Tyler. Martha Jones. Donna Noble. Todas que sofreram e que tiveram partidas dramáticas. Amelia Pond. A doce e fofa Amelia Pond, 7 anos de idade, é a imagem representativa de Amy Pond/Williams, sua companion que ainda não foi estragada pelo Doctor.
E ele a abandona antes que o seja.
O que é verdadeiramente doloroso.
Em The Girl Who Waited nós temos uma proposta INTERESSANTÍSSIMA. Eu já fiquei apaixonado desde a primeira cena pela fotografia belíssima do episódio. Bastante moderno, o cenário coloca o azul intenso da TARDIS em uma sala totalmente branca, quase vazia. Um elevador. Dois botões. Verde e vermelho. E então Rory e Doctor vão para um lugar, enquanto Amy vai para outro. Eu gosto da brincadeira com os fluxos temporais e não sincronicidade entre eles. “Same room, different times. Two different time streams running parallel but at different speeds. Amy, you’re in a faster time stream!” Amy só precisa ser salva. Ela está presa em um planeta em quarentena, no Two Streams Facility, em um fluxo temporal que caminha mais rápido que o dos garotos. A ideia é interessante: uma população ameaçada pelo Chen 7, que ganha um lugar onde podem viver seus últimos dias, enquanto seus entes queridos podem se sentar e ver, através da lupa, eles vivendo até a morte. O que é pior: sentar-se por 24h e ver a pessoa morrer, ou sentar-se por 24h e ver a pessoa viver?
Então Amy vive.
“I really could spend a lifetime here. Not that I’m going to”
O jardim, por exemplo, é um lugar BELÍSSIMO. E por 36 anos, Amy vive enganando os robôs que tentam matá-la e extraindo informações da interface, menos uma: como fugir de lá. A Amy, 36 anos mais velha, é uma mulher muito mais triste, amargurada, que passou todos esses anos de sua vida sozinha, esperando pelo resgate que nunca veio. Tornou-se uma guerreira desacreditada. E nós sabemos que não pode ser completamente sério, mas é profundamente doloroso ouvi-la dizer que ODEIA o Doctor, afinal de contas tudo aquilo é, de fato, culpa dele. “In fact I think I can now definitely say I hate him. I hate the Doctor. I hate him more than I have ever hated anyone in my life and you can hear every word of this through those ridiculous glasses, can’t you, Raggedy Man?” Dali o Doctor começa a entender o quanto el epode fazer mal para Amy Pond como já fez a outras companions passadas, e ele não quer que ela possa sofrer da maneira que aquela Amy, que passou 36 anos sozinha no Two Stream Facility, sofreu.
Mas a dor é tanto dela quanto de Rory.
Lembrando que ele esperou por DOIS MIL ANOS!
Portanto, vamos falar de Rory Williams, que estava absurdamente LINDO nesse episódio. De verdade. Quer dizer, eu acho que nós deveríamos votar por mais episódios de Rory de óculos, porque ele ficou um gato. Mais que o normal. E quando ele grita com intensidade sobre como também sofreu… chega a me dar arrepios. E quando ele diz coisas como “Hey! I don’t care that you got old. I care that we didn’t grow old together. Amy, come on, please” nós confirmamos como ele é O HOMEM DE NOSSAS VIDAS. E ele faz bem a Amy. “I think that’s the first time I’ve laughed in 36 years”. E ela sabe disso, mas Rory precisa escolher entre as duas Amys e qual delas salvar, o que não é uma proposta simples. “She is me. We’re both me”. A conversa entre as duas Amys foi BELÍSSIMA. Um pouco divertida, com elas falando juntas, com a Amy nova perguntando onde ela moraria e a outra Amy dizendo que só viria para o Natal, talvez a Páscoa. E a Amy mais velha flertando com o Rory! Mas quando elas conversam sobre Rory é de ARREPIAR. Lindíssimo diálogo, as Amys falam sobre o Rory e sobre como sempre foi o Rory. Para salvar a Amy jovem pelo Rory. E uma das melhores falas sobre como as pessoas se tornam muito mais bonitas quando nós gostamos delas.
É o caso de Rory, talvez. Porque tudo o que ele é o torna lindo.
“Rory is the most beautiful man I’ve ever met. Please. Do it for him”
Acho que esse foi um belíssimo episódio que mostra, talvez de forma mais evidente do que todos os outros episódios, o quanto Amy AMA o Rory, exatamente como deveria amar. Ele merece isso tudo. O pensamento forte que vai ligar os fluxos temporais? “She’s doing the Macarena. Our first kiss”. E então quando Amy é atingida, o Rory lindamente a carrega nos braços para dentro da TARDIS. E nós choramos. Tudo aconteceu com intensidade, os sentimentos à flor da pele. Foi angustiante ver o Doctor fechando a porta da TARDIS com a Amy mais velha para fora! Foi horrível ele deixar ao Rory que escolhesse: “This isn’t fair, you’re turning me into you”. Foi angustiante ouvir os pedidos de Amy do lado de fora e ver as lágrimas dolorosas do Rory do lado de dentro. “The look on your face when you carried her… me… her. When you carried her. You used to look at me like that. I’d forgotten how much you loved me. I’d forgotten how much I loved being her. Amy Pond in the TARDIS. With Rory Williams”. A despedida se torna um pouco mais fácil quando Amy+36 pede que o Rory a deixe, mas nem por isso é menos dolorosa ou emocionante. As trocas de juras de amor. O “I’m so sorry”. As lágrimas do Rory que eu mal conseguia suportar. E a Amy+36 pedindo para ver a Terra, casa, antes de morrer.
Acho que não existe nada maior que o amor de Amy por Rory.
E o amor de Rory por Amy.
Amy+36 precisa morrer, mas assim, a outra Amy pode viver. Ao lado de Rory.
E, assim, Amy Pond e Rory Williams estão de volta à TARDIS para a que poderia ter sido a última aventura deles. The God Complex. É uma história complicada cujas opiniões se constroem de forma confusa. Eu não sabia bem o que pensar de toda a trama e de toda a proposta, mas era de arrepiar – e não no bom sentido. Mas eu adoro o suspense, embora a melancolia na qual o episódio também estava envolvido fosse mais difícil de acompanhar. Estamos em uma réplica de um Hotel da Terra nos anos 1980, imenso e infinito, com um quarto para cada pessoa. Um quarto que guarda seus maiores medos. É assustador. Minha impressão era de que eles estavam mortos, afinal de contas apareceram instantaneamente naquele lugar sem se lembrar de como chegaram lá. Talvez o Jahannam de Rita (adorei o “Oh you’re good. Oh, she’s good. Amy, with regret, you’re fired”). É curioso, e é apavorante como, depois de mortos (novamente?), as fotos estampam uma parede com uma plaquinha que traz seus nomes e o que os respectivos quartos continham.
“There’s a room here for everyone, Doctor. Even you”
Caminhamos pelos corredores do sombrio hotel e entramos em quartos ocasionalmente, como o que poderia ser o de Amy – embora não fosse. Eu adoro ver os Weeping Angels de volta, e adoro ouvir o “Don’t blink!”, mas confesso que o “Amy, they’re not real. […] Amy, look at me. Focus on me. It’s your bad dream, that’s all” me incomodou. Quer dizer, cadê aquela coisa de “tudo o que assume a forma de um Anjo se transforma, ele mesmo, em um Anjo”? O quarto do Doctor é um enigma fácil de resolver, provavelmente. “Of course. Who else?” é o que ele diz quando abre a porta ONZE. Provavelmente ele mesmo lá dentro. O macabro e o sinistro misterioso vai se desenrolando enquanto Rory começa a falar com o Doctor sobre viajar na TARDIS no passado, e Howie e Rita são levados pelo Monstro assim que começam a adorá-lo. É triste demais se Rita era material TÃO BOM para companion. É um episódio forte.  Fala de fé, não só fé religiosa, mas fé em qualquer coisa. É o que o Monstro/Minotauro consome. Substitui a fé na fé por ele, algo que ele possa consumir. Faz com que as pessoas enfrentem seus maiores medos e, então, exponham suas fés, para que possam ser consumidas.
O que o Doctor precisa fazer para salvar Amy quando ela começa a adorar o Monstro?
Exatamente: destruir a fé que ela tem nele.
É forte, é difícil e é profundamente triste. “I’m not a hero. I really am just a madman in a box. And it’s time we saw each other as we really are. Amy Williams. It’s time to stop waiting”. Dói demais ver a pequena Amelia Pond, de volta aos seus 7 anos idade, chorando. Seu Doctor Maltrapilho. Foi melancólico, foi pesado… e quando eles falam sobre morte! O Monstro morre deixando no ar uma afirmação SOMBRIA para o Doctor pensar: “An ancient creature, drenched in the blood of the innocents. Drifting in space through an endless shifting maze. Such a creature, death would be a gift. […] I wasn’t talking about myself”. Parecia uma facada. E aquilo, definitivamente, coloca o Doctor de Matt Smith em uma posição dificílima na qual ela tenta abandonar uma companion que adora (e agora eles já passaram por TANTA coisa juntos que tudo isso não pode simplesmente ser ignorado, nós adoramos esse trio!) para que possa deixá-la em segurança.
E então pensamos no que aconteceu com Donna.
No que aconteceria com Clara.
Mesmo que você entenda o que está acontecendo, e mesmo que você não julgue o Doctor por isso, acompanhar a tentativa de despedida É DE PARTIR O CORAÇÃO. Ele quer deixar Amy e Rory Williams na Terra, com sua casa, seu carro e sua vida. Enquanto eles ainda estão respirando. Os olhos tristíssimos e arrasadas de Matt Smith dificultam que aceitemos isso bem. Dói demais. Mas também dói muito nele tentar salvá-la, pensar no mal que fez a outras pessoas – é um peso terrível a ser carregado. É mais difícil ainda quando ele sorri, quando ele pula e faz piadinhas. Porque ele está chorando. Seus olhos estão vermelhos, inchados e têm lágrimas. O rostinho está destruído. E Amy também não está preparada para isso. “After everything we’ve been through, Doctor. Everything. You can’t just drop me off at my house and say goodbye like we shared a cab”. Me dói ouvi-lo explicar para ela: “And what’s the alternative? Me standing over your grave? Over your broken body. Over Rory’s body”. O abraço e as lágrimas. Ainda não é definitiva, mas é uma despedida SOFRIDA! De nos deixar chorando. Aqueles olhares, acenos, lágrimas.
A tristeza de partir. O fim.
“What’s he doing?”
“He’s saving us”
Então precisamos ver o Doctor sozinho na TARDIS! L

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