Sítio do Picapau Amarelo (2004) – A Menina da Selva: Parte 3

“Agora, Jajale vai ter que ir com avô branco”

Começa uma nova fase em “A Menina da Selva”, e eu gosto de como a história de estreia da quarta temporada do “Sítio do Picapau Amarelo” consegue se reinventar ao mudar cenários enquanto conta a história de Jajale, a garota neta de um velho rico que ficou perdida na Amazônia quando ainda era um bebê e, desde então, foi criada como índia… a terceira semana começa ainda na Amazônia, depois que o Mike Navalha tenta matar PPA, mas Jajale acaba salvando o avô em um barquinho, além do caçador mau-caráter ser devorado por um “parente da Cuca”, o jacaré-açu. As coisas parecem estar acontecendo bem, quase com um tom de fim de história, mas mesmo com o Mike Navalha fora do caminho, Jajale está indo embora para o Rio de Janeiro com o avô, e a tal da Amorzinho está indo junto… e ela não quer ter que dividir “sua” herança.

Depois de salvar o avô, Iaú explica a Jajale que chegou a hora de ela ir embora com ele – é hora de deixar a Amazônia: “Agora, Jajale vai ter que cumprir seu destino de menina branca, na cidade”. Jajale está entendendo isso, finalmente, mas isso não torna o momento menos triste, e é de partir o coração ver a menininha chorando enquanto se despede de Iaú e ganha um abraço carinhoso dele… Iaú dá a Jajale um taja de presente, dizendo que ela pode usá-lo quando estiver em perigo, mas “ele não serve para levá-la de volta para a selva”. Agora, é hora de ela aprender a viver como uma garota branca com o avô, o PPA. Aos poucos, então, ela vai aceitando o seu destino, e coloca um vestidinho de menina branca, o que a deixa bem diferente da personagem que conhecemos na selva, e ela parte ao Rio de Janeiro enquanto Emília e os demais voltam ao Sítio.

Missão cumprida.

Por enquanto.

Amorzinho quer atormentar a vida de Jajale na cidade grande. PPA decide fazer um almoço para apresentar a neta para todos os seus amigos, e deixa Amorzinho encarregada de tudo, enquanto Jajale mexe em tudo pela casa, pula em cima do sofá, curiosa com todas as novidades… Amorzinho já tem a ideia perfeita de como atormentar a Jajale durante o almoço, e ela coloca lagosta no cardápio, só para ver o que Jajale fará na hora que o cozinheiro for jogar o bicho vivo na água quente – “Você não pode matar bicho na água quente. Você é mau!” Assustada e decidida, Jajale pega a lagosta e sai correndo pelo restaurante, devolvendo a lagosta em “segurança” em um aquário, e eu achei legal que, pelo menos, PPA não ficou bravo com ela nem nada. Ele a pega no colo, para proteger e acalmar a netinha, enquanto se pergunta quem foi o idiota que teve a ideia de servir lagosta.

Mas Amorzinho não vai desistir… agora, ela inventou de “levar a Jajale em um passeio”, então Iaú volta a pedir a ajuda do pessoal do Sítio do Picapau Amarelo – ele aparece para a Iara dizendo que a Jajale continua correndo perigo, e embora a Iara quisesse ficar em casa e descansar um pouquinho, ela vai atender ao pedido de Iaú… assim, o Saci a leva para o Sítio para falar com as crianças, e ela avisa que Jajale corre perigo. Então, Emília, sempre com um plano em mente, tem uma ideia: a Cuca não está interessadíssima em seu taja? Ela pode usar isso a seu favor! Emília aproveita esse interesse todo da Cuca em um taja e pede que o Visconde faça uma réplica perfeita do seu, e então vai até a caverna da Cuca, exaltando os poderes do taja, mas dizendo que “está cansada de ser tão poderosa” e que “agora quer brincar com bola de cristal”.

Então, ela troca o taja falso pela bola de cristal velha da Cuca.

É uma maneira de encontrar a Jajale e, quem sabe, ajudá-la. Então, o pessoal do Sítio assiste, na bola de cristal velha e cheia de defeito da Cuca, enquanto Amorzinho leva Jajale para uma rua movimentadíssima, onde ela aproveita a inocência e a curiosidade da garota, comendo churros pela primeira vez na vida, para desaparecer. Amorzinho a deixa para trás e volta para casa, dizendo a PPA que “a garota se perdeu dela”, e Jajale precisa vagar pela perigosa cidade sozinha… a primeira coisa que ela faz é tirar os sapatos que apertam os seus pés – afinal de contas, ela nunca os usou antes –, e então ela começa a caminhar meio sem rumo. E isso é perigoso, porque ela é rapidamente reconhecida como “a menina do jornal”, “neta de um milionário”, e ela vira alvo de sequestradores, dos quais ela consegue escapar sozinha sendo esperta.

FIQUEI MORRENDO DE DÓ DA JAJALE. Tirada da selva para isso… ela se esconde, assustada, chorando sozinha, e ela nem se lembra de usar o seu taja para levá-la de volta para algum lugar seguro – tipo a casa do PPA. Inclusive, ela quase é atropelada por não saber atravessar a rua. Enquanto isso, assistindo a tudo através da bola de cristal, as crianças planejam ir para o Rio de Janeiro para ajudá-la, mas, para isso, eles precisam fazer o Rabicó “desengolir” a chavinha que o Zé Carijó fez para a canastrinha da Emília, e enfrentar a Cuca, que vai furiosa ao Sítio para recuperar sua bola de cristal ao descobrir que o taja que a Emília lhe deu era falso. Depois de uma confusão digna do “Sítio do Picapau Amarelo”, a Cuca acaba indo embora, e as crianças e o Zé Carijó fazem de tudo par abrir a canastrinha com a chave torta depois de ser engolida e desengolida.

Quando eles finalmente conseguem abrir a canastrinha e Emília pede que o taja os leve ao Rio de Janeiro, as crianças e a boneca são acompanhadas pelo Saci e pela Iara, mas Visconde e o Zé Carijó ficam para trás – vocês perceberam o quanto o Visconde está apagado ao longo de “A Menina da Selva”? O taja leva o pessoal do Sítio para bem pertinho da Jajale, e eles não demoram a encontrá-la, mas eles também não sabem como vão ajudá-la a encontrar de volta a casa do avô, a cidade é imensa e existem milhares de prédios que batem com a descrição da Jajale: “alto e com um portão”. Por pura sorte, eles conseguem encontrar o Godofredo no meio do trânsito, que estava buscando Jajale a mando do PPA, e então ele pode levá-los de volta para casa, para a alegria e alívio de PPA e, claro, para o desespero completo de Amorzinho: o plano não deu certo.

Jajale os convida para ficarem ali (afinal de contas, ela se sente tão sozinha, eles seriam uma boa companhia), e a Iara está toda empolgada, querendo ir para a praia, assim como a Emília, que quer um quarto grande só para ela, com vista para a praia, mas Narizinho diz que é hora de eles voltarem para o Sítio, porque eles já fizeram o que vieram fazer… então, as crianças partem de volta para o Sítio, e Jajale fica triste e sozinha. É maldade deixá-la ali. Escondida, Jajale escuta uma conversa de Amorzinho ao telefone com uma amiga dela, dizendo que “aquela selvagem não tem noção do que ela é capaz”, então Jajale sabe que está em perigo e que Amorzinho ainda vai fazer algo contra ela… então, ela se lembra do taja que Iaú lhe dera, aquele que a tiraria de situações complicadas, e faz um pedido: “Se taja não pode me levar pra selva, me leva pro Sítio do Picapau Amarelo!”

Assim, Jajale chega NO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO. E eu gosto de como “A Menina da Selva” está organizada, passando pela Amazônia, pelo Rio de Janeiro, mas terminando no bom e velho sítio da Dona Benta… Dona Benta, por sinal, fica contente em conhecer a famosa Jajale, e diz que ela pode, sim, ficar ali o tempo que quiser, desde que eles avisem PPA sobre o paradeiro dela, porque ele deve estar preocupado. Jajale fica contente em estar ali, e já sai correndo para o capoeirão, onde ela se sente em casa. Ninguém consegue segurá-la ou segui-la, mas, felizmente, ela encontra o Saci e a Iara no capoeirão, e eles são seus amigos, então eles protegem a garota da Cuca, que não fica muito feliz quando vê que a Jajale também tem um taja, e chega furiosa na caverna falando com Pesadelo: “Aconteceu que todo mundo deu pra ter taja aqui, menos eu”.

MUITO BOM HAHA

Uma coisa muito legal nessa terceira parte de “A Menina da Selva” foi ver o retorno do Príncipe Escamado, que não víamos há tanto tempo, e que é um personagem tão clássico dos primórdios do “Sítio do Picapau Amarelo”. Ele vem pedir a ajuda da Iara, dizendo que “um monstro horrendo” invadiu o Reino das Águas Claras, e logo descobrimos que é o jacaré-açu, com dor de barriga… também pudera, depois de comer porcaria (como diz a Emília), o Mike Navalha. A Iara, o Príncipe Escamado, o Major Agarra-e-Não-Larga-Mais e o Jacaré-Açu vão até o Sítio pedir a ajuda do pessoal, e é Emília quem sugere que eles chamem o Doutor Caramujo… algo que devia ser a primeira coisa em que o Príncipe Escamado pensaria, mas tudo bem. E o competente Doutor Caramujo consegue salvar o jacaré-açu, tirando o Mike Navalha da barriga dele…

Mas, agora, o Mike Navalha está de volta.

E ele já se juntou com a Amorzinho.

A Jajale vai voltar a correr perigo…

 

Para mais postagens sobre o Sítio do Picapau Amarelo, clique aqui.

Ou visite nossa página: Cantinho de Luz

 

Comentários