Doctor Who, 2021 New Year’s Special – Revolution of the Daleks

“I’m the Doctor. I’m the one who stops the Daleks”

Eu queria muito que o Chris Chibnall deixasse “Doctor Who” e desse lugar a outro roteirista… provavelmente está acabando a jornada de Jodie como a 13ª Doctor, e ela veio acompanhada de um roteiro fraco e, infelizmente, é possível que ela seja lembrada como uma má encarnação do Doctor, quando o problema é a escrita da série… não gostei da 11ª temporada, a primeira de Chris Chibnall à frente da série, principalmente porque ele tratou a sua temporada como se fosse um reboot e quis começar do zero, esquecendo-se de que “Doctor Who” é uma série de mais de 50 anos de história que precisam ser respeitados… não há nada de errado em querer inovar, levar a história para caminhos surpreendentes, mas não se pode simplesmente ignorar o que veio antes como se nunca tivesse existido, como se fosse uma série completamente nova… porque não é.

A 12ª temporada foi melhor que a 11ª, e conclui apresentando a trama da “Timeless Child”, o que dividiu opiniões e, por enquanto, eu estou preferindo não comentar… eu não sei o que Chris Chibnall vai fazer com isso, e pode ser algo excelente, como também pode ser algo péssimo… e teremos que esperar a 13ª temporada para saber. Mas acho que Chris Chibnall peca principalmente no desenvolvimento dos personagens, e esse “Especial” de Ano Novo deixa isso mais evidente do que nunca – “Revolution of the Daleks” é a última aventura de Graham e Ryan na TARDIS, e eles ganham uma despedida tão fraca e sem graça que não conseguiu me arrancar uma única lágrima… na verdade, eu não senti nada com a despedida de Graham e Ryan, e não vou sentir falta deles – porque a escrita de Chris Chibnall falhou em fazer com que eu me importasse de verdade com esses personagens.

Donna teve uma única temporada e eu sinto a falta dela até hoje!

O episódio traz um dos vilões mais clássicos de “Doctor Who” em uma história simples, sem cara de Especial, e sem a emoção que o momento pedia… mas vale muito a pena por uma coisa: O RETORNO DO CAPITÃO JACK HARKNESS. Como sentimos falta dele! A Doctor foi presa e está passando meses em uma cela, conversando com outros prisioneiros como Angela, um Weeping Angel, e Bonnie e Clyde, dois Silence ou contando para si mesma histórias, como “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (achei emocionante ouvir as inconfundíveis primeiras palavras do livro). Enquanto isso, na Terra, Jack Robertson resolve usar um Dalek destruído em uma aventura passada para desenvolver armas com o apoio de Jo, a Primeira-Ministra… e nós sabemos que não se pode confiar em Daleks… ainda que aquela seja apenas uma carcaça supostamente vazia, uma máquina.

Para Graham, Ryan e Yaz, 10 meses se passaram, e Yaz está obcecada, buscando a Doctor, querendo ir atrás dela de alguma maneira, enquanto Graham e Ryan dizem que “ela tem que deixar isso para lá e aceitar que a Doctor provavelmente está morta”, o que eu achei um verdadeiro absurdo, se você me perguntar… eles pretendem, então, continuar fazendo algo parecido com o que a Doctor fazia, mas sozinhos: como lidar com Jack Robertson e essa nova frota de Daleks que ele está apresentando como “drones de segurança”. A ideia de Jack e Jo é a de construir máquinas com inteligência artificial para proteger as ruas do país e tudo o mais, mas os Daleks são traiçoeiros – aquela parte orgânica e cheia de ódio dos Daleks também vai retornar, e vai ser através de uma espécie de “clone” que Leo, um cientista, faz com os restos encontrados na carcaça.

Leo, por sinal, se torna uma espécie de fantoche para o Dalek líder da operação.

Creepy.

A parte da prisão da Doctor dura pouco e não serve para nada, a não ser para fazer referências a monstros antigos (e lembrar que “Doctor Who” tem história) e, é claro, proporcionar um aguardado reencontro: A DOCTOR E JACK HARKNESS. Os diálogos são perfeitos, tipo a Doctor perguntando se ele faz plástica e ele respondendo “Oh, you can talk! Now shut up and run!”, ou aquele momento fofo em que Jack diz que sentiu muito a falta dela e a abraça… então, os dois partem para a TARDIS e de volta para Londres, em busca da “família” de Doctor… com 10 meses de atraso. Duas coisas incríveis da chegada da Doctor: 1) o fato de a Yaz escutar o som da TARDIS se aproximando antes de todo mundo, e então ela tem que lidar com a emoção, a alegria, o alívio e a raiva, tudo de uma só vez; 2) o Jack MARAVILHOSO cantando o Graham na primeira vez que o vê – “Hey, silver fox!”

EU AMO O JACK!

Gostei da dinâmica de todos reunidos, mas eu basicamente só conseguia prestar atenção (ou mesmo me importar) com Jack Harkness, e os diálogos perfeitos que ele proporcionou, como quando Graham, Ryan e Yaz falam dos Daleks e ele comenta que “foram eles que o mataram pela primeira vez”, e então alguém comenta que “ele está bem para um cadáver”. O grupo acaba se dividindo… Doctor, Graham e Ryan vão atrás de Robertson e a linha de produção de Daleks, porque a Doctor precisa alertá-los que eles não sabem com o que estão lidando e Daleks são traiçoeiros e cheios de ódio. Yaz vai com Jack ao Japão, onde o roteiro traz à tona a eminente despedida de companions, com Jack falando sobre como eles não podem escolher quando acaba, mas eles são os sortudos por poder viajar com a Doctor e, por isso, eles precisam aproveitar enquanto podem.

“Enjoy the journey while you’re on it. ‘Cause the joy is worth the pain”

Jack e Yaz descobrem que, ali no Japão, existe um laboratório de clonagem cheio de Daleks, que pretendem se apoderar dos “drones de segurança” em formato de Daleks que Robertson está produzindo sem parar… o Dalek que se apoderou de Leo foi quem comandou tudo, e os Daleks estão sendo alimentados com os humanos que trabalharam naquele laboratório, e não demora muito para que eles coloquem seus planos em prática e os Daleks do Robertson (um novo modelo de Dalek, até que bem interessante!) se tornem verdadeiros Daleks que só pensam em uma coisa: EX-TER-MI-NA-TE. Então, eles começam a atacar humanos por todo o planeta, prontos para exterminar toda a raça humana e ficar com a Terra para si… a não ser que a Doctor os impeça… afinal de contas, ela é a Doctor, independente de quem ela foi antes, e é ela quem para os Daleks.

O plano da Doctor é um tanto estranho e, quiçá, controverso… mas ela estava salvando a Terra. Para isso, ela usa Daleks Mercenários que ela chama para se livrarem dos Daleks de Robertson, sabendo que eles são raças que se preocupam demasiado com a “pureza”… os Daleks tradicionais que chegam à Terra ficam furiosos com o que chamam de “Daleks impuros”, e então destroem todos que encontram pela frente (“The Dalek race must have purity. Exterminate”). É uma briga de Dalek contra Dalek, enquanto Robertson, sempre interesseiro, tenta negociar com os novos Daleks a sua segurança, em troca de entregar-lhes a Doctor… eventualmente, a Doctor já tinha tudo planejado de como se livrar dessa segunda leva de Daleks, e atrai todos para uma cópia de sua TARDIS, e então os destrói… me pareceu um pouco sanguinário para a Doctor, mas ela não tinha opção.

Eu acho.

Depois da derrota dos Daleks, o episódio parte para a despedida dos companions, e esse é um momento que deveria ser emocionante, devia arrancar lágrimas, nos deixar destroçados, e eu não consegui sentir nada. A maioria dos fãs ainda sofre com a despedida de Rose Tyler. Eu sofri particularmente com a despedida de minhas duas companions favoritas, que foram Donna Noble, provavelmente uma das despedidas mais tristes de “Doctor Who”, e Clara Oswald, que eu amo de todo o coração e que eu acho que teve uma despedida digna em um episódio épico, cheio de reviravoltas, um final incrível… também menciono a despedida dos Pond, que é outro momento arrebatador que me arrancou lágrimas (Amy e Rory também deixaram muita saudade na TARDIS), e a despedida de Bill, em um episódio elaborado que teve tudo a ver com a história de “Doctor Who” e dos Cybermen.

Mas e Graham e Ryan?

Pra mim, foi só meh.

Eu nunca aprendi a gostar deles de verdade, mas eu também não desgostava. Nunca odiei nenhum deles. O que a escrita de Chris Chibnall não fez foi com que eu me importasse, então era meio indiferente. Não os vejo fazendo falta na TARDIS, nem mesmo vi como isso aconteceu, porque devemos apenas confiar em diálogos do que não vimos, o que não funciona na televisão. Ryan decide deixar a TARDIS e “cuidar do planeta” ou qualquer coisa assim, achando que isso não é mais para ele, e Graham, mesmo que não fosse sua primeira escolha, resolve deixar de viajar com a Doctor também para ficar com Ryan… Yaz é a única que decide continuar: “I’m not ready to let you go yet”, e eu acho que eu me identifico mais com ela… talvez tenhamos mais tempo para desenvolver a personagem na próxima temporada então? Faltou emoção nesse final, infelizmente, mas a 13ª temporada terá a oportunidade de fazer diferente.

O problema, no entanto, é que continuamos com Chibnall.

 

Para mais postagens de Doctor Who, clique aqui.

 

Comentários