Vale o Piloto? – Travelers 1x01 – Travelers


“We’re travelers from the future, Agent McLaren”
Depois de presentear-nos por anos com Continuum, a Show Case retorna ao gênero da ficção científica, mais especificamente a viagem no tempo, dessa vez ao lado do Netflix, para nos trazer Travelers. Eu vi cheio de curiosidade e com uma determinação (que vejo agora, era descabida) de só conferir, mas não colocar na minha grade. É claro que o tema me fascina e Travelers o abordou de forma tão gostosa que não tem como não continuar. Adorei os personagens, adorei a maneira como a viagem no tempo acontece, e eu consigo enxergar muito potencial para o futuro da trama. O primeiro episódio apresentou os personagens e funcionou mais como teaser que qualquer outra coisa. Os conceitos básicos estão ilustrados, mas ainda temos muito o que entender, e eu acho que o restante da temporada deve fazer isso de forma inteligente. Por ora, eu estou já apaixonado por metade dos personagens, e pelo estilo diferente de viagem no tempo. Não é completamente inovador, porque nós temos projeção de consciência em outros lugares, como The Source Code, mas ainda assim parece incrivelmente bacana.
E diferente, de certa maneira.
A introdução é FENOMENAL. A série começa nos apresentando, personagem a personagem, mortes. Primeiramente temos Marcy, uma mulher com sérios problemas neurológicos ou intelectuais, que está lentamente aprendendo a ler e que é agredida quando tenta salvar a amiga, o que leva à sua morte. Enquanto vemos a informação do horário de sua morte e uma contagem regressiva até que ela ocorra, vemos também a chegada de uma nova consciência e o recomeço de uma vida, com outra pessoa no corpo de Mary, ou algo assim. Em seguida, temos os demais três viajantes apresentados no primeiro episódio. Philip morre durante a noite depois de injetar drogas no corpo. Trev morre durante uma luta que vai comprometer seriamente o seu futuro. E Carly morre agredida por seu ex-marido. Mas cada um deles, ao zerar a contagem regressiva, abrem novamente os olhos e começam a viver uma nova vida. Viajantes de um futuro (não sei quão distante) que estão no passado na esperança de salvar a humanidade que foi aniquilada, ainda não sabemos exatamente em que circunstâncias.
Entende o por quê de ficarmos presos?
Adoro um suspense, e o clima de mistério me faz querer continuar.
Fora a viagem no tempo, é claro.
Nós vamos conhecendo lentamente cada um dos personagens, gostando mais de um do que de outro, mas no fim gostando demais de todos eles. Eu gostei particularmente da história complicada de Marcy (a chamaremos assim mesmo?), porque quando ela lê perfeitamente no ônibus, ao lado de David, eles desconfiam que há algo muito errado acontecendo. David a defende como a alma mais pura que ele conheceu, incapaz de manipulá-los daquela maneira, considerando sua “cura” um milagre. Achei particularmente interessante o toque especial dado à maneira como os viajantes retornam e como tentam se familiarizar com a vida que levarão antes da viagem. Quer dizer, quando Marcy começa a falar sobre sua “vida” com tanta confiança, sobre como é uma bibliotecária, como ajudou David, um repórter, com um livro e tudo o mais… tudo material de um perfil em rede social falso de Marcy, atividade da terapia. Possivelmente o perfil, encontrado no futuro, foi considerado inteiramente real e por isso a confusão. De todo modo, eu acho que foi uma jogada extremamente inteligente!
Uma das minhas viajantes favoritas foi Carly, justamente por ela representar uma força e uma determinação que vão colocar o ex-marido de sua hospedeira de volta em seu lugar. É abusiva a maneira como ele a trata, e eu gosto de como ela tenta colocá-lo em seu lugar, primeiro com atitude, depois batendo nele quando ele tenta agredi-la novamente. E foi tão lindo que eu aplaudi. E não tinha como não amá-la. Philip é levado para responder a questionamentos da polícia pela morte de seu colega de quarto na noite anterior, e é com ele que parecia que as maiores informações da viagem no tempo viriam – como o clássico “I’m from the future”. Ele se envolveu demais com coisas que não deveria ter se envolvido, ganhou algum dinheiro de apostas, e teve uma das cenas mais fortes do Piloto ao lado do Agente Gowler, presenciando sua morte. Foi incrível a maneira como ele se comoveu e chorou com aquilo, dizendo que sabia que ele morreria naquela tarde, mas não sabia que ele estaria lá para assistir…
…e que ele tinha sido cogitado como hospedeiro, mas o enfarte era inevitável.
Por fim, tivemos Trev, cuja história ainda está apenas começando, mas eu já gostei dele. Eu gostei da aparente pureza de seu coração, da inocência com que olha para tudo de forma tão admirada. É leve como ele olha para o celular e não entende o “Ru-ok?”, ou como diz “Thank you, mom”, uma coisa que evidentemente o verdadeiro Trev jamais diria. Acho que ele representa essa faceta fascinada do futuro perante o passado, ao dizer que acordou com o canto dos pássaros, ou ao ficar na varanda, olhando para o céu sem poluição. Com a namorada do verdadeiro Trev, sua cena foi bacana, bonita e quase engraçada, gostei bastante. E então as conversas nos computadores se intensificam, os códigos circulam, os planos para aquela noite se intensificam, e eventualmente eles previnem um tiroteio por Jonas Walker em uma fantástica e rapidíssima cena antes da morte do Agente McLaren, onde eles explicam tudo: como determinam o momento e o local da morte, como as consciências assumem esses corpos, como são do futuro, como querem mudar a história, como há milhares de viajantes já ali, no “presente”…
E então o Agente McLaren se torna um deles também, após sua “morte”. Um viajante.
Resultado? QUEREMOS MAIS. Muito mais!

Para mais Pilotos de série, Vale o Piloto.


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