Os Heróis do Olimpo, Livro Três – A Marca de Atena


– Há uma lenda antiga que os pretores do Acampamento Júpiter transmitem através dos séculos. Se for verdadeira, pode explicar por que nossos grupos nunca foram capazes de trabalhar juntos. Pode ser a causa de nossa animosidade. Até que essa questão antiga seja finalmente resolvida, assim diz a lenda, romanos e gregos nunca viverão em paz. E a lenda está centrada em Atena…

[Aproveitando que na semana que vem temos o lançamento de A Casa de Hades tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, está mais do que na hora de postar A Marca de Atena... foi o primeiro livro que li nas férias de Julho, mas o texto ficou guardado por algum motivo que não me lembro agora... aqui está.]
Bem, eu finalmente li A Marca de Atena – e estou bastante confuso. Desta vez, não há mais Acampamento Meio-Sangue ou Acampamento Júpiter (não por muito tempo, pelo menos), apenas um grupo de sete semideuses que se entendeu com muito mais facilidade do que eu esperava (e do que seria real), mas que mantiveram as antigas rixas no estilo: “Não, não Zeus. Júpiter” e “Não, não Netuno. Poseidon”. Enfim, isso não me interessa… os deuses viraram esquizofrênicos com essa mudança de personalidade, e a comparação Mitologia Grega x Mitologia Romana continua…
O livro continua de onde O Filho de Netuno parou, com a chegada do Argo II ao Acampamento Júpiter. Esquecera-me do quanto eu gostava de Piper, Leo e Jason. O grupo de semideuses que eu queria ver narrando o livro novamente! Deixo aqui registrada minha frustração por Jason ter sido retirada dessa função… mas voltarei a isso mais tarde. Quando parece que os acampamentos podem se entender e trabalhar juntos, eidolons fazem as vezes da casa e acabam com parte do acampamento – e qualquer chance que gregos e romanos vão se entender…
Beleza, porque assim a missão começa de vez, e os sete semideuses partem para… para… para… onde? Enfim, não tenho certeza de que esse livro fosse essencial no fim das contas. Mesmo que tenha sido o grande encontro dos Sete, e foi aqui que eles aprenderam a se entender, se respeitarem e trabalharem em equipe, não me parece que tanta coisa aconteceu. A Marca de Atena guiou Annabeth pelo “misterioso” caminho que Jason já conhecia desde as primeiras páginas, e foi novamente uma corrida com prazo final de cerca de uma semana para salvarmos Nico diAngelo… enquanto as Profecias vão se encaixando e fazendo sentido.
O que mais importou foi o final mesmo.
A narrativa segue o mesmo estilo de sempre, Rick Riordan nos prendendo com maestria. Embora talvez nada significativo de verdade tenha acontecido, as aventuras não param nunca – e a cada virar de páginas são novas informações de tirar o fôlego. Embora ache que quatro capítulos para cada semideus é meio longo, o que deixa o livro com arcos compridos. No entanto, amei a maneira como ele optou (exceto no clímax) por não colocar várias ações acontecendo ao mesmo tempo, com inevitáveis volta no tempo quando o foco da narração mudava. Por exemplo, se Leo fez um zilhão de coisas enquanto Annabeth fazia as dela, quando ele pegava a narrativa, continuava dali em diante, e apenas ouvíamos sobre o que aconteceu. Isso garantiu o ritmo, devo elogiar!
A narração do livro (que não é bem uma narração por eles, como em Crônicas dos Kane, mas que também capta a essência do personagem no qual é centrado) foi dividida entre Annabeth, Leo, Piper e Percy – isso garante a dinamicidade do roteiro. Eu gosto de como Riordan escolheu contar sua história nessa nova série, gostei especialmente de toda e qualquer parte narrada por Leo, meu semideus preferido na missão (atualmente), mas também gostei das escassas partes de Jason, um pouco menosprezado pelo roteiro. Menos do que eu esperava, pelo menos, o que me deixou contente. E Riordan continua se entregando a misturas de sarcasmos inteligentíssimos e cenas de humor duvidosos.
No entanto, controversamente, parece que a história de dividir a atenção entre 7 semideuses deu certo. Eu acho que Jason esteve um pouco apagado, talvez por não receber os seus próprios capítulos, e ele ser meu favorito, e também Leo, quando não estava narrando, mas… eu daria uma sequência de quatro capítulos a Percy OU à Annabeth, não aos dois. Oito capítulos é coisa demais! Leo é meu favorito, sem dúvida! Cenas maldosas como “Leo resistiu ao impulso de incendiar a mão e gritar: Muá-há-há!” me divertiram bastante, e acho que comentários como “Eu, por exemplo, sou tragicamente engraçado e bonito” o descrevem bem! Ele soube ser engraçado, cativante e trouxe à tona a questão dos segredos de Arquimedes versus o laptop de Dédalo.
Quero ver isso!
Percy continua irritante (eu não gosto dele, mesmo), mas não tanto quanto eu esperava – ele felizmente não tomou a dianteira o tempo todo, não foi (não conseguiu ser) mais foda do que todos os outros, embora tenha tentado, mas se colocou em seu lugar, ressentido – o que mais me irritou nele foi mesmo o namoro com Annabeth… continuo gostando muito mais do Jason – gostei de ver que ele e Percy ambos souberam conhecer o poder do outro, e se respeitaram como diferentes e ótimos semideuses – mesmo assim, eu gosto mais do Jason por ser mais humilde, menos confuso, um pouco mais inseguro e eu o acho bem mais poderoso. O admiro muito mais.
Mas o livro foi de Annabeth. Grande destaque a ela, e ela deu conta maravilhosamente bem. Parabéns por saber comandar esses semideuses todos, sem se julgar superior o tempo todo. Acho que ela não se parece mais com que eu me acostumei da outra série (qualquer comentário sobre sua vida passada ou antigas aventuras com Percy e Grover me pareceram altamente deslocados), mas eu a admiro pelo o que ela é agora… embora essa questão de ela ser tão “invencível” me deixa com um pé atrás.
Mas eu devo dizer que tenho algumas críticas ao roteiro. Os monstros e deuses com que os sete semideuses são constantemente confrontados são incrivelmente fraquinhos – ou infantilizados. Eu desejava que alguns comentários como “Só faço cantar uma musiquinha ridícula” ou então “monstros” que cozinham brownies não existissem – eles acabam totalmente com a credibilidade do livro. Rick Riordan deve achar que é um ótimo senso de humor, mas por vezes isso foge de seu controle… e por que é que os inimigos nunca os querem matá-los depressa, sempre tem que esperar alguma coisa? Porque é que todo e qualquer antagonista deles precisa ter uma pontaria péssima, provocando comentários como: “Uma flecha passou zumbindo pela orelha de Annabeth”? NÃO É POSSÍVEL QUE TODOS ERREM O TEMPO TODO! Repensar essa Mitologia aí, hein…
O que me deixa enojado em ler: “Do contrário, estaríamos mortos em duas horas…” QUEM SE IMPORTA? É o tipo de coisa que eu penso… porque nunca, nunca mesmo, me passou pela cabeça que qualquer um deles pudesse morrer. Como a missão dada por Hércules, que de uma maneira ou de outra seria cumprida. Como o “medo” dos personagens que não sei quem esteja morto, e “prefiro nem pensar sobre isso”. Meu bem, você sabe muito bem que eles não estão mortos… pára de drama. Assim, esses dramas só me irritam, muito mais do que qualquer outra coisa.
Ah, mas a melação. Riordan, por favor, separe esses casais todos. Isso comprometeu a missão de maneira assustadora, e por vezes era nojento lê-la. Desculpem-me. Nada contra romances, e vocês vão entender isso, afinal lembram-se de como defendi o romance de Katniss e Peeta? Uma das coisas mais bem escritas da literatura! Convincente, bonito, terno e não era chato… Starters? Simples e sutil, perfeito. Divergente? Nem tão bom assim… mas Riordan retratou seus protagonistas justamente como adolescentes com romancezinhos bobos e um “sentimento de proteção” do estilo “não posso imaginar minha vida sem você”. Era enjoativo… e não tinha ninguém para salvar! Os sete semideuses? Percy e Annabeth eram um casal, Jason e Piper era outro… Hazel, Frank e Leo ficavam com suas histórias de um triângulo amoroso.
Única parte que serviu, afinal gosto do Sammy.
E o final é SURPREENDENTE. Ok, eu previ que isso aconteceria muito antes de acontecer, mas ainda assim foi um final bem interessante por deixar um cliffhanger cavernoso para o próximo livro, talvez o livro de Rick Riordan que terminou mais sem final, mas talvez também o livro que mais estragou a surpresa de sua sequência – afinal foi tudo muito entregado de bandeja: o título do próximo livro não está nada envolto em mistério, tampouco está seu conteúdo, uma vez que ficou bem claro de onde partiremos e até onde iremos no próximo volume… sempre podemos nos surpreender, mas não acredito que vamos. A história já está mesmo bem entregue. Mas eu gostei de ver o destaque final do Leo, merecido, quando ele assume a culpa, mas paralelamente também assume a liderança – em um papel importantíssimo ao retomar a narrativa interrompida por Annabeth que não pode mais narrar, e com frases de efeito muito bem colocadas que nos apresentam Leo como o próximo “almirante”. Acho que eu gostarei disso…
Mas eu queria que Nico narrasse!
Resumindo (eu acho que essa é a única parte que a maioria das pessoas lêem, afinal meu texto ficou mesmo bem longo), foi um ótimo livro com falhas pontuais que eu não pude deixar de notar. Mas mesmo com monstros infantilizados e romances ridículos, o livro se sustenta com uma ótima história e uma narrativa envolvente que não nos deixa largar o livro… Rick Riordan sabe balancear bem as diferentes mitologias e ainda o mundo contemporâneo, sendo sempre um autor que admiro… mas eu realmente repensaria algumas coisas. A Casa de Hades chega muito em breve nos Estados Unidos e no Brasil, devo ler nas próximas férias! Só aguardem os comentários…

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