Mystique in the Mirror – Episódio 8 (Finale)

“Who exactly am I?”

Ousado, sentimental e com um gostinho agridoce, “Mystique in the Mirror” chega ao fim como uma das minhas séries BL favoritas no ano! Acompanhar a história de Alan Bunnalai foi uma experiência marcante a cada novo desdobramento, e embora tenhamos poucas surpresas – e mais confirmações de teorias que já tínhamos formulado durante os episódios anteriores –, o episódio final da série entrega uma conclusão satisfatória, dolorosa e emotiva, começando das descobertas que Alan faz quando encontra arquivos do seu caso usando o cartão de acesso que roubara de Pete no episódio anterior e culminando em uma nova jornada que ele, agora, trilhará ao lado de Win… os demais personagens que orbitam sua história precisam, então, seguir em frente.

A grande descoberta de Alan em seus arquivos não é nenhuma surpresa para o espectador, até porque a informação de que “seu pai está morto” havia sido divulgada nas primeiras sinopses que saíram com o anúncio da série – mas a série nos mostrou, ao longo dos episódios, que Alex existia de fato… não como pai de Alan, como ele imaginava, mas como alguém importante em sua vida, de todo modo. Confuso, Alan telefona para o “pai” querendo respostas, e de alguma maneira ele chega à teoria de que “é um clone”, o que o coloca em um surto que faz com que ele precise ser dopado pelos médicos responsáveis pelo seu caso, na cena que vimos sem contexto lá no início de “Mystique in the Mirror”, e que antecede o momento de revelações para Alan.

Quando ele desperta, depois de passado o efeito do remédio, Alan continua confuso e continua alterado, enquanto fala alto demais e aponta o dedo para todos os presentes, querendo respostas, querendo saber quem é o Alex, quem é ele mesmo – e o Dr. Nil percebe que é o momento de contar para ele toda a verdade, mas diz que só o fará quando ele estiver calmo e pronto para ouvir. Então, o Dr. Nil e Alex o levam até a casa onde morava o psiquiatra fundador daquele hospital, alguém que aparece conversando com ele em um vídeo (impossível não pensar nos Filmes de Orientação da Iniciativa Dharma) e que se apresenta como “Professor Alan Bunnalai”. Aqui temos, finalmente, a confirmação de que o homem do espelho sempre foi o próprio Alan.

Enquanto o Alan do vídeo conversa com o Alan que nos habituamos a ver nos episódios, alguns momentos de Alan são revisitados, dessa vez com a aparência real de Alan, que nunca víamos protagonizar essas cenas. Alan Bunnalai explica ao “jovem” Alan sobre o Alzheimer que ele enfrenta e sobre a percepção que tem de si mesmo como um homem jovem porque sua mente retorna para o momento de sua vida em que ele foi mais feliz, quando conheceu o Darwin – um jovem que gostava de escalar janelas apenas para vê-lo. Alan e Darwin/Win cresceram juntos em um orfanato, foram melhores amigos desde a infância, até que a relação deles se desenvolvesse em amor e eles se apaixonassem… eles viveram ali, naquela casa, o amor que compartilharam.

Alan e Win constituíram família e adotaram uma criança – o Alex. Gosto dessa virada de Alex ser não o pai de Alan, como nos foi “apresentado” inicialmente, mas seu filho… seu e de Win. Win era a alma gêmea de Alan e eles viveram cada dia possível um ao lado do outro, até a morte de Darwin Bunnalai, de leucemia. O Alan que assiste o vídeo ainda tenta entender e aceitar isso tudo, mas uma lágrima escorre do seu olho enquanto o episódio nos reapresenta algumas cenas que deviam ser dele e de Win, mas que contam apenas com um Alan envelhecido falando sozinho… Alan entende que é verdade quando Alex lhe mostra a foto tirada “com Win” naquele dia que eles fugiram, e que conta com o Alan sozinho, e não o Alan jovem, mas o Alan verdadeiro do espelho.

O Alan que agora ele é conduzido a ver.

É extremamente sentimental e doloroso. O Alan do vídeo convida o “nosso” Alan a se olhar no espelho e, ao fazê-lo, ele se converte em quem ele realmente é e quem ele não queria enxergar, a ponto de “temer” olhar-se no espelho. Aos poucos, então, ele vai entendendo tudo, em um ciclo pelo qual ele já deve ter passado muitas vezes antes. Levemente mais consciente, Alan abraça o filho, Alex, enquanto o Dr. Nil, seu ex-aluno, assiste com lágrimas nos olhos. Mais tarde, Alan visita o túmulo de Win para “conversar” com ele, e naquele momento ele parece mais lúcido do que esteve em muito tempo, e é assim mesmo que a sua doença funciona: os momentos vêm e vão, não é a primeira vez. Ele também pergunta a Alex e Nil sobre “Nate”, e percebe que é outra pessoa que ele criou…

Após a “revelação” de Alan, o episódio se dedica a encaminhamentos de outros personagens e os outros dois casais de “Mystique in the Mirror”. Temos tanto O e Pete, oficialmente o casal secundário da série, quanto Alex e o Dr. Nil, revelados há pouco. Confesso que O e Pete nunca foram minha prioridade em “Mystique in the Mirror”, mas eles compartilham algumas cenas bacanas nesse episódio final, consolidando o seu relacionamento, primeiro com uma conversa no próprio hospital, depois com Pete aceitando o convite de O para ir à sua casa naquela noite, onde eles conversam brevemente sobre o futuro – gosto muito das coisas que O diz aqui, e também gosto da quase sensualidade que acompanha o abraço e o beijo dos dois… feliz por eles.

Preciso dizer que me importo mais com o Dr. Nil e com Alex, e ironicamente eu gosto de como a história deles caminha, e é mais definitivo do que algumas pessoas podem pensar. A verdade é que Alex está ali, disponível, apaixonado e esperando pelo Dr. Nil, que ainda tem muitas barreiras levantadas por ele mesmo e que o impedem de viver um romance em sua plenitude, e é potencialmente desolador como ele “libera” Alex para seguir e viver a sua vida se encontrar alguém sem as amarras que ele tem, mas Alex o ama demais para isso… eu digo que “é mais definitivo do que algumas pessoas podem pensar” porque eles não ficam juntos agora, é verdade, mas Alex promete que sempre estará ali, esperando por ele, para quando ele estiver pronto…

E eu quero acreditar que esse dia chegará.

Por fim, a série retorna a Alan… e temos uma conclusão corajosa e dolorosa. Começa com ele visitando o túmulo de Win e levando para ele “seu sorvete favorito”, e culmina no Win aparecendo novamente na janela do seu quarto para vê-lo – Alan temeu que, ao “recuperar a sua memória”, Win fosse desaparecer, e parece ter sido isso o que aconteceu das outras vezes, mas não dessa… quando Win o convida para sair com ele e Alan fala que “já é uma pessoa velha e precisa descansar”, o episódio estava nos dando uma dica do que viria, poucos minutos antes de consolidar essa teoria, e tudo é conduzido com cuidado, beleza e melancolia. Win não o reconhece como “uma pessoa velha” e o leva para frente do espelho para que ele se veja novamente como o jovem que acompanhamos na série…

E, agora, Win o convida para uma nova jornada…

É a morte de Alan, e a série faz um trabalho belíssimo apresentando esse momento. De um lado, em um cenário iluminado por muito sol, Alan segura a mão de Win com um sorriso no rosto, enquanto se prepara para acompanhá-lo, porque ele não precisará fazer isso sozinho; de outro, muito mais escuro, temos o Pete encontrando o Alan morto sentado a uma mesa no hospital, e ele grita por ajuda. Enquanto as pessoas se reúnem em volta do seu corpo e tentam reanimá-lo, sem sucesso, a alma jovem de Alan parte sorrindo e feliz, porque está com o homem que ama e se sente “pronto para ir”. Acho interessante a série encerrar aqui, sem vermos a reação do Dr. Nil ou de Alex, porque “Mystique in the Mirror” é um recorte da vida de Alan Bunnalai, e a sua história se encerra aqui.

Quem fica sofrerá, mas, eventualmente, terá que seguir em frente.

Belíssima série!

 

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