Heated Rivalry 1x04 – Rose

“I’m sorry. This… I can’t”

Já faz alguns anos que Ilya Rozanov e Shane Hollander estão nessa relação supostamente casual. Eles trocam mensagens durante o ano, se provocam antes e durante os jogos em que se encontram e compartilham noites quentes de sexo que rendem algumas cenas incríveis em “Heated Rivalry” (o Shane “cavalgando” foi realmente algo de tirar o fôlego, sei nem explicar!). Embora isso esteja durando anos e eles se conectem intensamente e se entendam no sexo, eles agem como se não existisse nenhum sentimento envolvido – e “Rose” é um episódio importante dessa primeira temporada porque começa a virar esse jogo. Talvez ainda não seja inteiramente consciente, e eu acredito que não é, mas esse é o ponto em que eles começarão a perceber.

Depois de um dos encontros sexuais deles – aquele em que Shane é absolutamente espetacular de maneira indizível –, Ilya Rozanov faz o inesperado quando, pela primeira vez, o convida a ficar. Não é inteiramente romântico, mas é o mais romântico que Ilya consegue ser, e Shane até hesita em um primeiro momento, embora esteja morrendo de vontade de ficar, e acaba aceitando por fim… naquela noite, eles dormem abraçados pela primeira vez, e se isso não é prova o suficiente de que a relação deles não é só sexo, o fato de Ilya acordar antes de Shane e ficar olhando para ele deveria ser – quando Shane acorda, Ilya finge que também está acordando só agora. Antes de Shane ir embora na manhã seguinte, Ilya oferece para ele café-da-manhã.

Essa é uma cena muito bacana e muito complexa – triste também. Há um vislumbre ligeiro do que eles poderiam ser, mas do que ainda não são, por inúmeros fatores. Enquanto assistem TV, Ilya começa a falar sobre mulheres e a sondar Shane sobre, e ele “revela” que ele é bissexual, e eu acho que isso faz toda a diferença… Shane claramente se identifica como gay, o que eventualmente faz com que o fato de um ver o outro com uma mulher seja recebido de maneiras diferentes. Quer dizer, Ilya vai ficar com ciúmes de uma maneira que mal consegue entender, talvez porque não tivesse aceitado tudo o que sente por Shane além de tesão, mas é ainda mais doloroso para Shane, porque quando ele vê o Ilya com uma mulher, ele sabe que não é apenas encenação

Ou não precisa ser.

De todo modo, os dois compartilham ali naquela manhã um momento íntimo e bonito quando, depois de uma ligação do pai, Ilya puxa Shane para o seu peito e acaricia o seu cabelo, e não tem nenhuma conotação sexual em seu gesto… inclusive, eu sinto que o Shane convertendo aquilo em sexo é uma maneira de “se proteger”, como se inconscientemente ele quisesse mostrar para si mesmo que o que eles têm é sexual: era um momento de intimidade sentimental que secretamente o assusta. E o assusta com motivo: ele quer se proteger… ele não quer se permitir iludir-se com algo que pode não vir a ser nada, ele não quer depositar sentimentos e “se jogar” porque ele sabe que, se oficializar isso dentro de si, ele pode se machucar depois.

Não quer dizer que a conexão sexual não esteja no ponto e que eles não nos entreguem uma cena quentíssima e deliciosa, porque a química que eles exalam é inegável. Sentado sobre Ilya, Shane conduz uma masturbação compartilhada que pode ser um ato sexual extremamente sensual e prazeroso, e o é: a cena nos entrega gemidos, expressões de puro prazer, beijos urgentes do tipo que compartilhamos em momentos como esse… é muito real e muito intenso. Tão intenso que Ilya começa o chamando de “Hollander” e termina o chamando de “Shane”, ao que ele responde o chamando de “Ilya” e não de “Rozanov”, e isso é como se os encaminhasse novamente para algo mais “romântico”, mais “real”… e, novamente, isso apavora o Shane.

Ele para tudo, se levanta, se veste, diz que precisa ir.

Diz que “não pode fazer isso”.

E há quem acredita que cenas de teor sexual não contam histórias!!!

Depois dessa “ameaça” de intimidade sincera, os dois se afastam… se encontram novamente algum tempo depois, em uma festa. Shane Hollander é convencido por um amigo a ir a um bar onde está acontecendo uma festa com o elenco de um filme sendo gravado na cidade, e ele conhece Rose, uma atriz famosa de quem é fã e que também é sua fã… a conversa entre os dois acaba em flerte, e não demora muito para que notícias sobre esse “encontro” estejam por todos os lados – quer dizer, os dois são jovens, bonitos e famosos, por que não estaria?! A relação vai se prolongando, Rose vai aos jogos com o uniforme do time de Shane, e aquilo vai consumindo Ilya Rozanov de uma maneira que, eu não posso negar, foi quase divertida de se assistir.

Na primeira vez, ele lê incrédulo à matéria sobre o suposto relacionamento entre Shane e Rose, o ciúme borbulhando dentro dele, e isso vai o afetando mais e mais a cada dia, como quando ele desliga a televisão da academia porque alguns apresentadores estão elogiando o “novo casal” e sai bravo, esbarrando em algo e machucando o dedo do pé no processo. Quando eles jogam na mesma cidade, Shane recebe mensagens de Rose antes do jogo e meio que espera mensagens de Ilya, porque é o “jogo” que eles estão jogando há alguns anos, mas não recebe mensagem nenhuma. Depois daquele jogo, no qual ele não se sai tão bem (veja só!), Shane é convidado para uma festa à qual a Rose tem que ir… e Ilya também sai para uma festa porque “precisa transar”.

E é claro que eles acabam no mesmo lugar.

Eu sinceramente não julgo nenhum dos dois… quer dizer, um pouco mais de comunicação seria bem-vinda, é claro, mas os ciúmes são mútuos e eu não acho que o Ilya não tenha motivo para se sentir mal – ele tem, assim como Shane também tem o direito de se sentir triste ao ver o Ilya dançando com uma mulher, a beijando sensualmente e o provocando na pista de dança. A montagem final é ESPETACULAR, com vários momentos e camadas: a maneira como eles se olham estaticamente sob a luz da balada e como tem tanto não dito ali; como Ilya provoca o Shane e como o Shane vai embora para transar com Rose, sem vontade; como Shane transa enquanto Ilya se masturba sozinho no chuveiro, ambos desejando estar um com o outro, mas sem dizer isso.

É uma montagem perfeita, uma conclusão perfeita.

Em algum momento, eles precisam CONVERSAR.

 

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