Dark 3x04 – Der Ursprung (A Origem)



“O começo é o fim… e o fim é o começo. Todos nós nascemos dele. Vocês deram vida a ele. E ele nos dará a nossa. Ele. Agnes. Tronte. Jana. Ulrich. Katharina. Você. Uma linha sem começo nem fim. Um ciclo infinito”

Eu adoro como “Dark” tem um conceito bem definido e como episódios como “Der Ursprung” nos mostram mais das escolhas criativas que deram origem a todo esse roteiro: especialmente, nesse caso, à ideia de que “o começo é o fim e o fim é o começo”. Tudo está realmente conectado, e isso é cada vez mais evidente (nesse episódio, temos duas cenas que evidenciam isso claramente). Como Noah diz à Martha Adulta, do deserto de 2052, isso é um ciclo infinito. É legal como não existem relações de causalidade bem definidas em “Dark”, porque as mesmas pessoas e os mesmos acontecimentos podem ser, simultaneamente, causa e efeito. É assim, então, que Jonas acaba de se converter em seu próprio tatataravô (não tenho certeza em relação ao número de “ta”, mas eu acho que está certo) e Martha em sua tataravó (sim, um “ta” a menos).
Parte do episódio se passa em 1954 do nosso mundo, e adoraríamos separar duas partes da narrativa como coisas “independentes”, mas isso não acontece em “Dark”. Mais uma vez: tudo está conectado. Vemos um Tronte ainda adolescente, na porta das cavernas de Winden, quando o Desconhecido Adulto (o cara da cicatriz) aparece para conversar com ele e dizer que “conhecia a sua mãe”. O personagem não recebe um nome, porque, segundo ele, “ele não tem um nome, nunca lhe deram um… mas foi ele que escolheu o de Tronte no passado” (!), e ele dá a Tronte uma pulseira que pertencera a Agnes, sua mãe. Tronte fica pensativo com a pulseira durante parte do episódio, até entregá-la a Jana, a garota que, no futuro, se tornaria a sua esposa. Mesmo que, por enquanto, Tronte ainda esteja envolvido com Claudia, que não o deixa em paz.
E gosta de provocar a Jana!
Também acompanhamos a jornada de Hannah em 1954, transando com Egon e, ironicamente, acabando grávida – e nos perguntamos quem nascerá dessa gravidez. A “relação” com Egon, no entanto, não é tão séria quanto ela sonhava (mas foi cruel quando ele tocou seu rosto, olhou para ela e disse: “Você é linda”), e ele faz aquelas perguntas típicas quando ela lhe conta: tipo se o filho é dele. Em paralelo, o trio formado por três versões diferentes do “Desconhecido” sugere a Doris os motivos de Egon estar saindo cedo de casa e “trabalhando” até tarde, e ela acaba pedindo o divórcio, e eles também vão em busca do responsável pelo alvará de construção da usina, garantindo que o futuro depende daquilo… e eles precisam que tudo esteja nos trilhos. Ao que tudo indica, eles desempenham um papel realmente importante nisso tudo.
Mas o mais legal de Hannah foi acompanhá-la quando ela realmente cogita a hipótese de fazer aquele aborto sugerido por Egon. Vocês se lembram quando Ulrich quis salvar a vida de Mads e de Mikkel, e então atacou Helge e, no fim, acabou causando aquilo que queria impedir? Temos mais uma “versão” desses fatos quando, esperando para ser atendida por Obendorf, Hannah se depara com uma garota muito jovem, também prestes a fazer um aborto: Helene Albers. A mãe de Katharina. E todo o diálogo, incrível, mostra o quanto Hannah em 1954 já era parte do ciclo – isso tudo já aconteceu antes. Quando ela se apresenta usando seu nome falso, “Katharina”, Helene o acha lindo, e ela também acha uma boa ideia andar com a correntinha de São Cristóvão – algo que Helene sempre usou no futuro. Então, antes de ir embora, Hannah deixa a correntinha sobre as coisas da garota.
Eu AMO a viagem no tempo de “Dark”.
Tudo isso já aconteceu.
O episódio também traz bastante da interação de Jonas e Martha – em várias versões de ambos os personagens. Estamos em busca da origem, ainda em busca de uma maneira de quebrar um ciclo que parece cada vez mais inquebrável. A Martha que está em nosso mundo desperta e se depara com um homem que passou anos se perguntando por que ela os abandonou em 1888, antes de se dar conta que, 33 anos depois, era ele mesmo e os demais que mandariam que ela fizesse isso – o Magnus adulto. É uma cena emotiva e interessante. Essa Martha está em busca de respostas, quer que Adam cumpra a sua parte do acordo agora, e então ele diz que vai lhe mostrar a origem, e nós não confiamos no Adam, não sabemos se o que ele vai dizer é verdade, mas eventualmente percebemos que sim… e, novamente, tudo está conectado.
Ele levou anos para entender isso.
Em 06 de Novembro de 2052 no Mundo-2, a Martha adulta explica o que, para aquela versão da Martha, que o Jonas acompanha, ainda é tudo novo – e, na parede do seu bunker, podemos ver o rascunho do que se tornará a árvore genealógica no escritório de Eva, mais tarde. Os nomes riscados, muitos deles, são todos que morrerão no apocalipse que está para acontecer no seu mundo, em dois dias. Martha tenta negar, tenta dizer que isso não é real, mas é isso o que vai acontecer se eles não impedirem o apocalipse… para isso, ela os instrui a impedir que os barris da usina nuclear sejam abertos, mas ela também diz a Jonas que Eva mentiu para ele: não existe maneira de salvar os dois mundos, ele terá que escolher um deles… terá que deixar a Martha do seu mundo para trás, terá que deixar todo o seu mundo para trás. Martha quer ir embora, quer acordar na sua cama, descobrir que tudo foi um sonho, ou que ela está louca… mas ela não está.
Jonas diz que sabe como ela se sente… mas é tudo verdade.
Então, entramos na última parte do episódio, a parte com revelações interessantes, quando Martha reconhece a sensação que teve quando viu Jonas entrar na sua sala na escola: como se eles se conhecessem… de um sonho. Então, os dois conversam, Martha pergunta como ela era no mundo de onde ele veio, se ela era diferente, e então ele toca e acaricia seu rosto, e ela retribui o toque; lágrimas escorrem dos olhos dos dois, e então eles se beijam pela primeira vez… e a tensão sexual entre os dois é intensa e bonita – teria sido uma cena excitante se eles não estivessem há tanto tempo sem tomar banho. Naquele momento, então, eles conceberam quem quer que seja o “infinito” na árvore genealógica… ou, como Adam conta à Martha do futuro: “Essa é a origem. O que está crescendo em você é a ponte entre os dois mundos. É o início do nó e será o fim dele. Seu filho. Ele é a origem”. E, novamente, eles foram manipulados. Nunca houve “impedir o apocalipse”. Martha/Eva só queria dar início a tudo… queria que eles gerassem a “origem”.
E quem é o filho de Martha e Jonas?
O Desconhecido… o cara com a cicatriz no lábio. Possível pai de Tronte.
Ou seja, “o fim é o começo e o começo é o fim”.


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Comentários

  1. Agora entendi porque nos sonhos da Marta na segunda temporada o Jonas dizia "somos um par perfeito". Putz, genial! Jefferson parabéns novamente pela Review. Até a próxima!

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    1. vc devia publicar seu blog no youtube. ninguem explica melhor do que vc.

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    2. Eu já cogitei a ideia, mas a produção de conteúdo é completamente diferente, sabe? Mas eu adoraria, e acho que talvez até trouxesse visibilidade... quem sabe no futuro?

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