Nerve (2016)


WE DARE YOU.
Baseado em um livro de 2012, escrito por Jeanne Ryan, Nerve é um ótimo filme que nos perturba pela veracidade com que representa a nossa realidade atual. Acompanhados por um eterno desejo de se provar e de “aparecer”, jovens em Nova York são influenciados por um perigoso jogo online sem limites, no qual você se inscreve, como “observador” ou como “jogador” para uma série de desafios cada vez mais perigosos que lhe são passados… lembra muito o que aconteceu com força mais cedo nesse ano! O filme é inteligente e nos prende. Tem toda uma força tecnológica expressa na direção do longa, na forma de contar a história através da tela de um computador ou de um celular, por exemplo, além de questionar os perigos da crença no anonimato e a falta de responsabilidade com que as pessoas encaram o mundo virtual.
Se não fui eu que fiz, eu não tenho culpa.
SERÁ?!
Vee, interpretada por Emma Roberts, é uma garota retraída, amiga de Sydney, uma garota popular e viciado em Nerve, cujos primeiros “desafios” que vemos no jogo incluem “peidar em outras pessoas” ou “mostrar a bunda na escola”. Quando Vee se sente humilhada por ser rejeitada por JP, o garoto de quem gosta e de quem ela nem queria ir atrás, ela se inscreve no Nerve, e como JOGADORA. São três regras básicas: basicamente, só há duas maneiras de sair, YOU FAIL (você fracassa) ou YOU BAIL (você desiste), e nessas duas situações, você perde todo o dinheiro que recebeu; os desafios devem ser filmados do próprio celular do jogador; e dedos-duros se dão mal! Particularmente, eu achei a sequência de explicação das regras do jogo um pouco apavorantes… mas eu não tinha a mínima noção do que ainda me esperava!
O filme trabalha competentemente com um suspense angustiante. Os primeiros “desafios” de Vee são “tranquilos”. Ela beija um estranho por 5 segundos, Ian, interpretado por Dave Franco. Depois ela experimenta comida de cachorro, vai para Manhattan com ele, prova um vestido caríssimo e precisa sair da loja seminua (mas agradecemos por Dave Franco seminu, claro) por se recusar a roubar o vestido… percebemos a INTENSIDADE do jogo quando eles são desafiados a andar a 100 km/h na moto de Ian, DE OLHOS VENDADOS. Nós ficamos tão apreensivos que detonamos todas nossas unhas! O próximo desafio de Ian é fazer Vee e Sydney brigarem, e Sydney estava bêbada em uma festa, com raiva da popularidade crescente de Vee no Nerve, e Vee já tinha dito algumas coisas meio terríveis sobre ela… então não foi nada difícil.
E foi aí que o filme ficou ainda mais complexo. Porque Sydney desiste, depois de quase morrer tentando atravessar de um prédio a outro por uma escada equilibrada em janelas, bêbada e de salto. Vee termina o desafio dela, mas decide que o jogo é perigoso demais. As cenas rápidas em que vemos algumas pessoas que, como Sydney, desistiram, são perturbadoras. Mortes estúpidas e, infelizmente, altamente possíveis. Pessoas que morreram tentando pular de um lado a outro em uma estação de metrô, por exemplo, e coisas assim. Mas quando Vee corre à polícia, como dedo-duro, mas coisas ficam mais sombrias. Ela é agredida, presa e forçada a continuar a jogando, agora como a terceira categoria oculta do jogo: PRISIONEIRA. Foi o que aconteceu a Ian e Ty depois do ano passado, em que jogaram em Seattle e um amigo deles MORREU.
Contar para a polícia não resolve NADA!
Por isso, a única maneira é continuar jogando. Vee está na final do jogo, que dura 24 horas, e Ian faz de tudo para estar na final com ela, o que inclui ficar pendurado por cinco segundos de um guindaste de construção, com uma mão só – como o amigo dele morreu no ano anterior. É, possivelmente, a cena mais angustiante do filme! Mas eu gosto da intensidade que esse tipo de cena confere! Na grande final do Nerve, Vee e Ian se enfrentam, com armas nas mãos, enquanto milhares de observadores anônimos gritam seus nomes, esperando que um atire no outro. É TERRÍVEL! E quando Ty chega, depois de tudo o que vimos dele ao longo do filme, é angustiante… e ele atiça a multidão e atira em Vee, enquanto Tommy, seu melhor amigo, tenta descobrir uma maneira de alterar o código do jogo e, assim, terminá-lo de uma vez por todas.
A mensagem do filme é inteligente. Eu achei que, talvez, faltou impacto na finalização do filme pelo fato de Vee não ter morrido de fato – seria mais trágico e forte ver a personagem assumir isso pelo fim do jogo, mas a mensagem é essa. Mais uma pessoa morreu, e cada uma daquelas pessoas eram CÚMPLICES, com mensagens com seus verdadeiros nomes chegando ao celular, como cúmplices de um assassinato, e então um a um se desconecta do Nerve. E o jogo termina: porque esse é o único modo de terminar o jogo. E isso é intenso. A crítica não está apenas àqueles que se aventuram como “jogadores” em coisas como o Nerve, mas a todos aqueles que se aventuram como “observadores”, escondendo-se sob máscaras e sentindo-se tanto impunes quanto inocentes. Como se não tivessem culpa por não ter feito nada, mas se ninguém estivesse assistindo, ninguém estaria jogando.
Pensemos nisso!
Filme EXCELENTE! Vou ler o livro…


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