Tengo Que Morir Todas las Noches 1x07 – Positivo

“Por favor, quédate conmigo”

Com “Positivo”, chegamos ao penúltimo episódio de “Tengo Que Morir Todas las Noches”, e é o episódio que segue a notícia de que Blas está com HIV. O episódio começa em uma sequência muito bonita e emocionante que nos leva alguns anos ao passado, para uma cena em Tijuana que é o momento em que Blas e Glória se conheceram… eles não são tia e sobrinho biológicos, no fim das contas, mas no momento em que Glória o encontrou precisando de ajuda em um dos momentos mais difíceis de sua vida, ela o acolheu como uma mãe ou como uma tia faria, e ali nasceu uma conexão importante e duradoura, típica de famílias que se escolhem como tal. Glória salva a vida de Blas, e não é apenas ali, naquela situação, naquele dia… eles salvam a vida um do outro todo dia.

Essa sequência da introdução do episódio torna tudo ainda mais pesado e ainda mais marcante quando retornamos ao presente… dá ainda mais peso e significado à angústia de Glória porque eu gosto da ideia de ela ter escolhido amá-lo e não “ser obrigada” a amá-lo por laços sanguíneos. Glória está destruída, e sair de um médico que não dá esperanças e que fala que tudo o que eles podem fazer é prolongar a vida de Blas por alguns poucos anos é demais para ela. Com tudo acumulado sobre seus ombros, Glória se sente sufocada, perdida, e é um estranho papel inverso no qual Blas parece ter que cuidar dela, mesmo que ele precise desse apoio nesse momento. Ele não sabe o que fazer, ela tampouco, e o sentimento de falta de esperança que toma conta é o que mais faz doer.

Em paralelo, acompanhamos um pouquinho mais da história de Nova, que está em busca de dinheiro para comprar os remédios e pagar um médico que pode ajudá-la em sua transição… afinal de contas, ela quer que o seu corpo condiga com quem ela é, e essa é uma discussão paralela de “Tengo Que Morir Todas las Noches”, mas que chega aos holofotes através de Nova, e é curioso pensar no quanto, na década de 1980, enquanto os homens gays eram silenciados e buscavam a sua liberdade, as pessoas trans não eram apenas silenciadas, mas invisibilizadas, até dentro da própria comunidade… se ainda hoje percebemos isso na comunidade LGBTQIA+, quem dirá naquela época? A conversa de Arti e Carlo sobre Nova e suas diferentes posições é ironicamente dolorosa e real.

Memo, por sua vez, segue escrevendo a sua próxima crônica, que é sobre o abrigo no qual Mauro trabalha e que acolhe pessoas com HIV que foram abandonadas por suas famílias… e é muito bom ver a maneira como a Sara está se envolvendo no projeto e se fazendo presente. Ela mudou muito desde o início da série, e percebemos verdade em sua evolução – é bom acompanhá-la! Significa muito, por exemplo, que ela entregue para Memo uma foto de Alonso com Mauro para que ele ilustre a sua crônica, se quiser, e Memo a guarda consigo. A cena na qual ela alimenta Felipe, um dos jovens do abrigo, e conversa com ele a respeito do que ele quer ser e ele fala de tudo o que abandonou porque “está com os dias contados” é muito marcante também.

Esse doloroso sentimento de que “está com os dias contados” é que conduzem a trama e as atitudes de Blas durante todo esse penúltimo episódio. Ele já viu pessoas próximas a ele morrerem por causa dessa doença nos últimos dias (era ele quem visitava o primeiro contratado do El Nueve no hospital e quem estava por ali quando ele morreu!), e o médico deixou claro que não existe cura… Blas não sabe se está preparado para enfrentar isso, e ele não quer ver a Glória perder toda a sua vida por sua causa – ele não quer vê-la gastando todo o dinheiro que nem tem para tentar levá-lo até Londres em busca de um tratamento que eles nem sabem se existem, nem que ela abra mão de trabalhos pelos quais está esperando há muito tempo para estar ao seu lado…

Sabemos o que se está passando pela sua cabeça.

Blas se despede de Memo sem se despedir de verdade, ou como se só estivesse indo embora para Londres, como disse que iria, mas ele não tem coragem de contar que está doente. Memo só descobre quando Glória e Arti aparecem na porta de sua casa durante a madrugada porque não encontram Blas em nenhum lugar e querem saber se ele está ali… é a Glória quem conta para ele, e é outra cena importante na qual tudo parece perder o foco ao redor de Memo, e ele tenta assimilar o que está acontecendo. Mas ele não pode ajudar a encontrar Blas… ele não está ali. Glória recebe uma ligação de Blas na qual ele diz que “está bem”, mas a verdade é que a ligação é uma ligação de despedida… e Blas tira a própria vida na banheira de um hotel qualquer no qual se hospeda.

Inesperadamente, quem vai encontrá-lo é o Rogelio…

Um final dilacerante para esse penúltimo episódio!

 

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