[Series Finale] Tengo Que Morir Todas las Noches 1x08 – La Tribu

A reabertura do El Nueve.

Com um episódio emocionante e uma conclusão que fala de esperança, de recomeço e de pertencimento, “Tengo Que Morir Todas las Noches” se encerra com “La Tribu” e se firma como uma série interessante para conhecermos esse recorte da realidade da comunidade LGBTQIA+ no México dos anos 1980, sabendo que não é algo restrito a esse lugar e a essa época. É parte da nossa história como comunidade. No fim do episódio passado, depois de ter recebido um diagnóstico positivo para AIDS, Blas tentou tirar a própria vida em um quarto de hotel, e embora eu tenha acreditado em sua morte ao assistir, o fato de Rogelio estar atrás dele acaba salvando a sua vida, ironicamente… é ele quem invade o quarto de hotel e o encontra na banheira a tempo de salvar a sua vida.

Blas termina no hospital, e Rogelio avisa Memo imediatamente… e aquele é o momento em que percebemos que existe alguma possibilidade de os irmãos fazerem as pazes. Eu não acho que o Rogelio seja a melhor pessoa do mundo nem nada, mas ele salvou, sim, a vida de Blas, e ele diz a Memo que ele é meio burro e lhe custa muito entender quem o irmão é, mas ele quer entendê-lo melhor – acho que já é muito mais do que eu esperava de Rogelio quando comecei a assistir “Tengo Que Morir Todas las Noches”. Rogelio assume ter sido um monstro e pede perdão ao irmão, que o abraça e diz que o ama, porque a verdade é que Memo quer ter uma boa relação com o irmão, desde que ele não seja uma pessoa terrível… e Rogelio entrega a Memo a carta que Blas escrevera para ele e ele encontrara no quarto de hotel.

Após o seu retorno para casa depois de passar algum tempo de recuperação no hospital, Blas não quer ver nem falar com ninguém… mas Memo aparece para vê-lo da mesma maneira, e os dois compartilham uma conversa sincera e um momento bonito quando Blas tenta lhe contar sobre estar doente e Memo explica que ele já sabe, mas que Glória só contou para ele porque ela estava preocupada com Blas e porque achou que ele já soubesse… Blas pede perdão a Memo e acredita que ele o odeia, mas Memo não o odeia: muito bonito ver o Memo dizendo que ele não tem o que perdoar e que a culpa não é de Blas… depois desse encontro sincero, Blas aconselha Memo a fazer um teste para saber se ele também está infectado: ele precisa ter certeza.

Mesmo que existissem maneiras de se prevenir e a camisinha já estivesse em uso nessa época, também foi uma época em que a epidemia de AIDS pegou as pessoas de surpresa, e pouco se sabia sobre o vírus e sua transmissão… muitos mitos foram desmentidos desde então, mas uma coisa é certa: a camisinha salva vidas. O episódio trabalha com essa conscientização quando Arti e Carlo conversam com os funcionários do El Nueve para contar sobre o estado de saúde de Blas e para incentivar todos a se protegerem usando camisinha e ir ao médico fazer um teste, para saber se estão ou não infectados. É fundamental. É um momento tenso, sim, mas é necessário, e é bonito ver que eles estão juntos como comunidade, estão uns pelos outros ali, para se apoiarem sempre.

A próxima crônica que Memo escreve acaba sendo recusada por um jornal e da maneira mais brutal e preconceituosa possível, porque o responsável diz que “ninguém se importa” com o tema que ele escolheu… mas Memo pretende continuar escrevendo sobre coisas que ele conhece, vivencia e sobre as quais tem o que dizer – coisas que signifiquem algo para outros membros da comunidade. Com a ajuda do pai e com o seu talento, que já foi previamente reconhecido por um professor da faculdade, Memo acaba conseguindo um emprego como redator júnior em um jornal, e eu tenho certeza que Guillermo poderá escrever para um público cada vez maior, e que ele terá coisas importantes para dizer… coisas que, de um jeito ou de outro, farão a diferença.

A reabertura do El Nueve, depois de tudo o que aconteceu durante a série, é uma mensagem clara de recomeço… e é bom estar ali de volta, como se estivéssemos voltando para casa. Um lugar acolhedor onde todos podem ser eles mesmos. E é um lugar onde os personagens de “Tengo Que Morir Todas las Noches” se encontram: vemos o Mauro retornar pela primeira vez desde a morte de Alonso, com as melhores memórias possíveis; vemos o Memo estrear um novo visual que o representa; vemos o Blas vir para ser o DJ da noite, finalmente melhor do que ele estava antes; vemos Luciana se apresentar, em uma forma de despedida; e vemos Aída cantar a sua música nova, escrita por ela, e que ela dedica abertamente para Glória nesse momento especial.

Tudo é tão repleto de significado!

“Tengo Que Morir Todas las Noches” foi, em vários momentos, um soco no estômago. Nos despedimos agora, no entanto, não com uma sensação de melancolia e de tristeza, mas com uma sensação de esperança e felizes por termos essa história contada, porque ela ainda precisa ser contada! Artisticamente, esse episódio é uma conclusão muito bonita para a série, que coloca em paralelo a música que está tocando no El Nueve, enquanto todos dançam, e as crônicas que Memo segue escrevendo, porque ele tem muito a dizer… sua próxima crônica é sobre “SEGUIR SENDO”: aquela ideia de apesar de tudo e apesar de todos, seguirmos sendo quem somos. Um episódio bonito, uma conclusão competente. Fico contente de ter encontrado essa produção!

 

Para mais postagens de “Tengo Que Morir Todas las Noches”, clique aqui.
Visite também nossa página: Produções LGBTQIA+

 

Comentários