[Season Finale] Sherlock 4x03 – The Final Problem


“Hello. My name is Jim Moriarty. Welcome to the final problem”
É isso mesmo, Sherlock chega ao fim de sua quarta temporada com JIM MORIARTY. O “Did you miss me?” não era por acaso e nunca foi; mas isso não significa, também, que Jim Moriarty esteja necessariamente vivo. De um modo ou de outro, chegamos a um momento épico da série que marca o desfecho de uma temporada eletrizante, como esperamos por anos. Eurus Holmes reaparece como a irmã perdida de Sherlock e Mycroft Holmes, e conhecê-la é perturbador. Em um episódio de direção fantástica, roteiro complexo e interpretações inigualáveis, andamos pelo suspense e pelo apavorante terror psicológico de uma brincadeira que adoece ainda mais os perversos jogos da série e ainda nos guia através dos sentimentos de Sherlock Holmes, de alguma maneira, porque o conhecemos melhor do que nunca, como um ser humano, enfatizando a teoria do episódio passado sobre como Sherlock Holmes é guiado pela emoção.
Obrigado, Mrs. Hudson.
The Final Problem começa com um take mais macabro que nos mostra o tom do episódio, ainda que seja uma grande brincadeira de Sherlock com motivos sérios. Aparecendo novamente com seu clássico chapéu que Mary Watson adorava, Sherlock conclui: “Experiment complete. Conclusion: I have a sister”. Ele tem uma irmã. É eletrizante pensar na proposta de uma irmã perdida da qual Sherlock não se lembra, porque queremos entender quem é ela, onde ela está e como Sherlock pode não se lembrar dela. Assim, quem precisa contar-lhes um pouco mais é a única pessoa que sabe do caso: MYCROFT HOLMES, rebaixado a aparecer na 221b Baker Street como um cliente, e ainda ouvir comentários da Mrs. Hudson como “You have to sit in the chair. They won’t talk to you unless you sit in the chair, it’s the rules”, que só me fazem amá-la mais e mais. Sempre.
Eurus Holmes.
“The east wind is coming, Sherlock”
A história é envolta em mistério, que é brilhantemente conduzido por um roteiro quase impecável. Ela é descrita como “[…] an era-defining genius. Beyond Newton” e, a mais nova dos Irmãos Holmes, desapareceu. É engraçado ver aflorar em Sherlock um lado sentimental quando ele descobre que tem uma irmã da qual não se lembra – vê-lo colocar isso para fora de forma intensa contra Mycroft. E a apresentação de Eurus é desconcertante, através de uma sequência de apavorantes flashbacks, um dos quais a garotinha assustadora encara Mycroft e comenta: “You look funny grown-up”, e aquilo me deu calafrios aterrorizados. Mas o questionamento de Sherlock é: “Why don’t I remember her?” Em uma direção e fotografia fantástica, Sherlock nos guia por memórias e momentos do passado, que nos contam a história de REDBEARD… o cachorro de Sherlock Holmes que foi morto por Eurus Holmes.
MORTO!
AFOGADO!
Portanto, Eurus Holmes é claramente e desde o começo uma PSICOPATA PERIGOSA. Seus desenhos, como da lápide de Sherlock, eram assustadores. E ela colocou fogo na casa da família. Foi depois disso que ela foi transferida para um lugar, onde supostamente morreu um tempo depois em outro fogo iniciado por ela. Mas isso nunca aconteceu. Mycroft sabe da verdade: Eurus Holmes continua presa em Sherrinford, uma prisão de segurança máxima em uma ilha que parece o Inferno. Ela já era assustadora e terrível desde a infância, e esse tempo de isolamento em um lugar como Sherrinford só poderia tê-la tornado ainda pior. E o fez. O episódio trabalha com um suspense crescente que, eventualmente, nos rouba qualquer fôlego. Como aquela cena do DX-707, a granada de paciência, no meio do apartamento, quando eles conversam, potencialmente se despedem, e saltam.
“The truth is rarely pure and never simple”
QUE EFEITOS MARAVILHOSOS!
Passada essa primeira emoção fortíssima e atormentadora, estamos em uma missão que definirá todo o restante do episódio. O “pirata” Sherlock Holmes, com a ajuda de John Watson e, o que merece aplausos, Mycroft Holmes, consegue chegar à Ilha de Sherrinford e adentrá-la para conhecer, finalmente, a irmã. É perturbador como ela a encontra, de costas, tocando um violino, uma música assustadora, intensificando-se caso ele tente se aproximar. E eu nem sabia se confiava que era ela mesmo. Mas era. E quando ela se vira, as verdades começam a aparecer. Redbeard. E Sherlock conta que não se lembra dela, nada sobre ela, ao que ela comenta: “Interesting. Mycroft told me you’d rewritten your memories, he didn’t tell me you’d written me out completely”. E a dúvida é: COMO ELA SAI DALI? E enquanto ela insiste que Sherlock já sabe a resposta para isso, ele é atormentado por não saber o que está acontecendo de fato.
E Eurus Holmes é uma mulher de recursos, é uma mulher perigosa. Ela corrompe qualquer um que se aproxima, qualquer um que conversa a sós com ela. QUALQUER UM. Ela fez um homem se matar e matar toda sua família. Ela é perigosa, e por isso tememos por Sherlock, ainda que ele não seja uma pessoa normal. “Anyone who spends time with her is automatically compromised”. E você percebe o poder (meio encanto de sereia) funcionar sobre Sherlock quando ela faz com que ele se aproxime, mesmo que tenha sido proibido disso. Pede que ele toque o vidro, e ele resiste em fazê-lo porque desconfia que há algo. E há. Ou não há. NÃO HÁ VIDRO. A cena é perturbadora e desconcertante, quase psicodélica. Quando ele se aproxima e nota isso, quando ela segura sua mão, grita, pula sobre seu pescoço para matá-lo. Vídeos de Moriarty inundam os sistemas. John é nocauteado também.
“If Eurus has enslaved you, then who exactly is in charge of this prison?”
Dali em diante, tudo é um grande e doentio JOGO. Ao irônico som de “I Want to Break Free”, cinco anos antes, Jim Moriarty desce de um helicóptero na Ilha de Sherrinford, para encontrar-se com Mycroft e servir como um “Presente de Natal” dele para Eurus – uma conversa com Jim Moriarty de 5 minutos, sem supervisão, foi a última coisa que ela pediu para continuar ajudando-os com algumas coisas como prever ataques terroristas. Até que fosse confirmado, de fato, que aquilo se passava em algum ponto do passado, eu estava eufórico e meio sem fôlego, um retorno triunfante e maluco para Moriarty – mas é reconfortante, de certo modo, saber de sua morte, embora eu adore o personagem. E, de volta ao presente, você fica tentando encaixar as peças. Como tudo se completa? A visita de Moriarty, cinco anos antes. John, Sherlock e Mycroft presos, no presente? O telefonema da garotinha, que reaparece agora.
Como?
Em controle da prisão e em posse de vários vídeos com Jim Moriarty provocando Sherlock, Eurus Holmes se torna mais perigosa do que já a conhecemos. E, portanto, assustadora. O primeiro jogo envolve a mulher do governador: Sherlock precisa escolher Mycroft ou John para matar o governador, David, e então a mulher dele se salva. Nenhum dos dois consegue, no final. Por algum tempo e achei que John conseguiria. Em algum momento eu achei que Sherlock o estava incentivando porque tinha feito alguma coisa com a arma e David ficaria bem. Por fim, nenhum dos dois consegue e quem se mata é o próprio David, para salvar a esposa, que também é friamente morta por uma psicopata cruel como a Eurus – afinal de contas, não era esse o acordo para salvar sua vida. “This is an experiment. There will be rigour”.
Antes da próxima partida, do próximo jogo, em uma outra sala anunciada por Eurus e Moriarty, em gravações, Sherlock tem alguns segundos para tentar conversar com a garotinha no avião, sem sucesso, porque ela não lhe dá nenhuma informação útil. “Enough for now. Time to play a new game”. E então começa um novo jogo: os GARRIDEBS. Três irmãos, um deles matou uma pessoa, Sherlock só precisa nomear qual deles foi. E para “adicionar contexto” e intensificar um jogo já bastante perturbador, Eurus libera os três irmãos presos e pendurados do lado de fora da janela. “Alex. I comdemn Alex Garrideb”. E quando Sherlock condena um deles, o irmão certo… o que Eurus faz? Mata os outros dois irmãos, sem nem pensar por um segundo. Depois também mata Alex Garrideb, porque ela NÃO TEM CORAÇÃO. É uma psicopata perigosa.
E não nos esqueçamos disso, independente do fim do episódio!
Okay?
Terceiro jogo traz uma sala com um caixão, que Sherlock entende que se destina a uma mulher. A inscrição na tampa: I LOVE YOU. E tudo ali é sobre Sherlock Holmes, então… “So, who loves you? I’m assuming it’s not a long list”. MOLLY HOOPER. Eu fiquei desesperado, confesso. A perspectiva de que Molly Hooper fosse ser explodida junto com sua casa se Sherlock não conseguisse arrancar um “I love you” dela nos três minutos de ligação que Eurus lhe concedesse era… wow. E Sherlock é direto. Com pouquíssimo tempo em jogo, ele pede que ela diga as palavras, e ela diz que não pode fazê-lo, porque é verdade. E eu reconheço: FOI CRUELDADE. Ele conseguiu que ela dissesse, mas como aquilo mexeu com ela e parecia brincar com seus sentimentos foi perturbador. Ele precisou dizer que a amava para ouvir de volta e salvar a sua vida, que possivelmente nem estava correndo risco algum, no fim das contas. Então o Sherlock perde essa partida.
E eu entendo o porquê.
Então Sherlock desconta a raiva e frustração no caixão e é FORTE.
Com todo um suspense e terror psicológico, o episódio é exímio em criar uma atmosfera de pura apreensão. Especialmente quando é exigido que Sherlock escolha. “Your choice, it’s make-your-mind-up time. Whose help do you need the most, John or Mycroft? It’s an elimination round. You choose one and kill the other. You have to choose, family or friend? Mycroft or John Watson?” E o Mycroft, conhecendo o irmão e apelando para sua emoção, tenta dizer coisas horríveis, tenta rebaixá-lo, tenta falar que John Watson é inútil… tudo para que Sherlock atire nele e não em John. Felizmente Sherlock sabe disso: “Ignore everything he just said, he’s being kind. He’s trying to make it easy for me to kill him”, e ali Mycroft ganhou alguns pontinhos comigo. Mas quem se sobressai é Sherlock, que não deixa Eurus ganhar essa. Mesmo que ele pegue a arma, mesmo que Mycroft se despeça, ele aponta para a própria cabeça.
E começa a contagem regressiva.
“Your very first case, and the final problem”
Quando Sherlock acorda, horas depois de ser apagado por Eurus, o JOGO MUDOU. A menininha continua no avião. John Watson está no fundo de um poço enchendo de água com ossos. Sherlock está em um cubículo construído de paredes falsas que, quando derrubadas, revelam sua casa. Eurus é a vingança suprema de Moriarty, mesmo depois de morto. A missão de Sherlock continua sendo encontrar Redbeard. E Redbeard, agora, não é o cachorro que habita suas memórias, mas JOHN WATSON. E Eurus Holmes está ameaçando matá-lo também, como já fez antes. Tudo cresce, fica confuso e então se esclarece, EXPLODE: não há resposta na música, como Eurus dizia, os ossos que John Watson encontra no poço não são de cachorro, e então ele diz para Sherlock que Mycroft mentiu sobre Redbeard, e então as coisas começam a se encaixar em um turbilhão terrível de sentimentos, de agonia, de frustração, de medo. De puro pavor.
Porque Redbeard nunca foi um cachorro.
Eurus afirma: “Your funny little memory, Sherlock. You were upset, so you told youself a better story. But we never had a dog”. E é incrivelmente forte, intenso e TRAUMATIZANTE. É terrível ver tudo vindo à tona junto àquele crânio de uma criança. Redbeard era VICTOR TREVOR, o melhor amigo de Sherlock Holmes na infância. O melhor amigo de Sherlock Holmes na infância que Eurus matou porque tinha inveja, tinha ciúme, porque era perversamente doente. “You killed him. You killed my best friend”. Dali em diante eu não pude deixar de pensar e concordar que Eurus Holmes É UM MONSTRO. Um monstro. Uma criança como ela era MATANDO outra criança afogada e se vangloriando sobre isso é perturbador. E com a menina pedindo ajuda, com o John pedindo ajuda, Sherlock tenta chegar ao fim do jogo, cada vez mais intenso e mais complexo. Decifra as mensagens com a música e as datas erradas nas lápides.
Um código.

“I am lost.
Help me brother.
Save my life before my doom.
I am lost without your love.
Save my soul, seek my room”

E é uma jogada inteligentíssima, mas controversa. Quando Sherlock desvenda a mensagem escondida na música tudo já faz sentido antes mesmo que apareça em tela: a garotinha no avião NÃO EXISTE. O avião não existe. É tudo simbólico, é a própria Eurus, uma parte dela gritando por ajuda. Então ele abre a porta da cabine do piloto, ou do quarto de Eurus, e a encontra. “But I’m not a stranger, am I? I’m your brother”. É a garota assustada dentro do monstro que é Eurus gritando, numa das complexidades peculiares de um roteiro exemplar de Sherlock. Eu queria ver MAIS. Sherlock consegue que ela o ajude a salvar John Watson, por fim, e então ela é transferida novamente para Sherrinford, sob uma perspectiva estranha que a vitimizou, mas que não me convenceu, porque ela ainda é um monstro que matou muita gente inocente friamente, só por diversão.
Inclusive um garoto quando ela era só uma CRIANÇA!
Mas a dualidade é interessante. Eurus Holmes como uma criminosa ou uma doente, e Eurus Holmes como uma garotinha pedindo por ajuda – mas nada justifica. A finalização perfeita do episódio dá um gostinho de FIM, e eu lamento pensar que esse PODE ser o final da série. No entanto, a BBC ainda não cancelou nem renovou a série, então esperemos. Mas os últimos segundos trazem, de forma tocante, um último vídeo de Mary Watson, uma fala linda de alguém que conhece e ama os seus garotos – enquanto uma seleção de cenas mostra Sherlock tocando para Eurus em Sherrinford, mostra a família reunida, casos novos chegando para serem resolvidos, Molly Hooper sorridente… foi perfeito e lindo, e aquele final de John Watson e Sherlock Holmes correndo daquela maneira é só um exemplo dos motivos pelos quais AMAMOS Sherlock e queremos mais.
“My Baker Street boys. Sherlock Holmes and Dr. Watson”
Episódio impressionante!

Para mais postagens de Sherlock, clique aqui.


Comentários

  1. Eu amei a quarta temporada e o 'Problema final ' foi o melhor episodio dos três. Eurus deveria ter morrido no final, porque ela era uma cadela psicopata do mal. Só por ter matado Victor a cretina deveria ter sido queimada um milhão de vezes. Espero que haja mais episodios, mas do jeito que terminou está bom para mim, John, Sherlock e Rosie, felizes em Baker Street.

    ResponderExcluir

Postar um comentário