A Mediadora, Livro Quatro – A Hora Mais Sombria


Suzannah está trabalhando como babá no Peeble Beach Hotel and Golf Resort durante o verão. É lá que vai conhecer Jack, um menino de oito anos que, como ela, é mediador. Mas ele ainda não sabe que os fantasmas não querem matá-lo, apenas precisam de sua ajuda.
Bem, quase sempre. Quando o padrasto de Suzannah resolve instalar uma piscina no quintal dos fundos, Maria de Silva – ex-noiva de Jesse, o fantasma bonitão que mora no quarto de Suzannah, e suspeita de tê-lo matado –, com medo de ter seus segredos revelados, exige que a mediadora pare a obra. Suzannah fica dividida entre o dever de revelar a verdade e o medo de que Jesse vá embora para sempre. Mas quem disse que ela poderia controlar o rumo dos acontecimentos?
Agora, para ter a companhia de Jesse novamente, Suzannah terá de enfrentar Maria e seu marido, Diego, além de se arriscar numa aventura que pode não ter volta.

“Não, obrigado, mi hermosa. Acho que quero ficar e ver como tudo isso termina”
Uma narrativa intensa que, de certa maneira, parece fugir do que estávamos acostumados até então em A Mediadora. Reunião sempre foi o meu favorito, mas eu não entendo porque eu não valorizava igualmente A Hora Mais Sombria. Com muito suspense acima de qualquer outra característica, o quarto livro de A Mediadora é surpreendente e cheio de tensão. Parece que eu senti mais intensamente tudo o que era para ser sentido. O nojo mais que profundo da cena dos insetos dentro da caixinha de suco. A dor quase física de cada nariz quebrado, cada corte, cada hematoma. E, claro, uma raiva profunda e inigualável dos fantasmas protagonistas, Felix Diego e Maria de Silva, muito maior daquele sentido em qualquer outra história da série. Mas Meg Cabot continua com a sua escrita implacável. Com um suspense incrível em uma abundância de mistério, ela não perde o tom irreverente que sempre nos diverte, e aqueles gostosos pensamentos adolescentes que quase nos levam de volta a essa fase tão importante e tão cheia de experiências… ler Meg Cabot é certamente uma das melhores diversões do mundo.
Em A Hora Mais Sombria, nós focaremos em Jesse. Ou melhor, Hector de Silva, como Suzannah descobriu que era o nome verdadeiro de Jesse lá em A Terra das Sombras, com uma ajuda de Mestre/David. Quando Andy, o padrasto de Suzannah, resolve cavar no terraço para construir uma piscina, você ainda não sabe o tamanho da confusão que aquilo significa. Porque o passado de Jesse pode vir à tona. E começa a vir, de forma inteligente, através de uma caixa com cartas de Maria de Silva, a ex-noiva de Jesse, que supostamente mandou matá-lo porque não queria mais se casar com ele. São cartas vergonhosas e completamente desinteressantes, mas que parecem incomodá-la profundamente. Quer dizer, se não fosse assim, ela não apareceria no quarto de Suze às quatro horas da madrugada, pressionando uma faca contra o seu pescoço exigindo que ela fizesse Andy e Dunga pararem a escavação. Suze também não precisaria, na noite seguinte, ser obrigada a dormir no quarto de Mestre, com coisas como um machado, um martelo e uma picareta escondidas embaixo das cobertas, junto com ela.
Mas ela precisou…
Ao mesmo tempo em que isso tudo acontece, Suzannah está, pela primeira vez na série, fora da escola. Quer dizer, são as férias de verão, e nós temos um frescor novo nos ambientes usados para a história. Ao invés de estar em casa curtindo, saindo com os amigos ou indo à praia, Suze é obrigada a trabalhar. É assim que, no Peeble Beach Hotel and Golf Resort, Suzannah conhece um garotinha de 8 anos bastante peculiar. Ela não gosta muito dele no começo não… mas quando ela insiste em levá-lo para fora do quarto do Hotel, o que ele parece ter um medo profundo de fazer, ela entende os seus motivos. Em uma vibe super O Sexto Sentido de “I see dead people”, Suzannah descobre que Jack, o garotinho de 8 anos, é também um mediador. E então ela explica tudo o que ele precisa saber. Quer dizer, mais ou menos, no estilo Suzannah de explicar essas coisas. O fato é que ela consegue transformar um garoto retraído e potencialmente problemático em uma criança normal que adora brincar na piscina e fazer bagunça, irritando as ricaças nas espreguiçadeiras.
É uma vitória e tanto.
E nós passamos a adorar Jack…
Sério, eu adorei o garoto. E eu gostei muito de como Suzannah também passou a gostar tanto dele, independente de aceitar isso ou não, que o protegia como ninguém. Era uma fofura. Mas enquanto ela cuidava de e ajudava Jack, e Paul Slater, seu irmão insistente a convidava para sair de forma quase assustadora, as coisas na casa de Suze eram perfeitamente complicadas. Quer dizer, Maria de Silva estava de volta. E mais do que isso: O CORPO DE JESSE FOI ACHADO E DESENTERRADO. Bem, eu confesso que aquilo foi um pouco traumático até para eu ler, imagino para Suzannah… você sabe, que o conhece e é profundamente apaixonada por ele. É ali que todo o medo de Suze parece se materializar. Ela acha que o que ainda prende Jesse à casa é o fato de as pessoas não saberem que ele fora assassinado… e, talvez, com o seu corpo encontrado, as pessoas descubram isso e ele pode seguir em frente. E mesmo que ele prometa a Suze que não vai embora (só faltou ele dizer que não ia embora porque estava apaixonado por ela, mas isso era evidente), assim que o corpo dele é encontrado e levado embora, Jesse simplesmente desaparece.
Poof, como diria o Professor Slughorn.
A trama é sensacional, misturando tudo de forma inteligente. É diferente de Arcano Nove porque não tem, no fundo, tramas paralelas se sobrepondo. É diferente de Reunião porque não é tão linear ou tão claro. As peças se encaixam em uma narrativa mais elaborada, e eu adoro! Porque Suzannah descobre, depois que Diego e Maria tentam matá-la jogando-a do telhado (o que causa um hematoma terrível, mas mediadores são difíceis de matar), que Jesse não foi embora porque quis, mas porque foi exorcizado por Jack. E nós nem precisamos nos ressentir dele nem nada, porque ele fez tudo na inocência e na fofura de acreditar que estava ajudando Suze se livrando de um fantasma que a incomodava. Obra de Maria de Silva. Claro. Mas então Suzannah fica paranoica (acho que nunca a vimos tão no limite!), e decide que precisa dar a Jesse a oportunidade de voltar… nem que para isso precise exorcizar-se e ir atrás dele. E é o que ela vai fazer. Com ou sem a ajuda do Padre Dominic, que volta apressado de um retiro em vista de toda a confusão que surge com o retorno de Maria de Silva e as ameaças à vida de Suzannah.
E Jesse.
Mais ou menos.
É por isso que, depois de tentar um exorcismo à brasileira novamente, com a ajuda de Jack, Suzannah é brutalmente interrompida pelo Padre Dom e passa horas ouvindo um sermão merecido e divertido. Então eles partem para um exorcismo cristão decente. Acho que é uma trama MUITO boa. A do exorcismo de Suze, o espírito dela se levantando do corpo (quase como em Sabrina) e então ela indo em busca de Jesse, esclarecendo tudo, falando que não é por ela que ela está ali, mas sem conseguir ser mais óbvia sobre como ama o Jesse. Poderia ter sido algo quase normal, mas o clímax do livro é deveras ELETRIZANTE. Meg Cabot constrói algo sensacional quando a corda que traria Suze de volta é cortada e então Jack sobe também para poder ajudá-la a retornar. Quer dizer, esse menininho poderia ser mais fofo? É muito amor! E, como um teaser maravilhoso para os próximos livros (você percebe a trama se estendendo, o clímax da própria série se delinear), Paul Slater aparece também na Terra das Sombras, não em espírito, revelando-se uma espécie meio macabra de mediador com poderes estrondosos que Suzannah ainda desconhece.
E uma péssima pessoa, afinal nunca ajudou o irmãozinho.
E Jack super merecia!
Assim, o final é mesmo eletrizante. Eu adoro cada momento de Suzannah na Terra das Sombras, mas principalmente pelo amor demonstrado por Jack ao ir buscá-la e pelo mistério todo que se estabelece quando Paul aparece lá em cima dizendo que ela é capaz de coisas absurdas. Sem contar que, ainda, não sabemos qual é a raiva profunda que Paul sente de Jesse para se unir a Maria e Diego contra ele! E Jack se recusa a falar sobre o irmão, o que também quer dizer muita coisa. De toda maneira, essas são histórias a serem desenvolvidas no restante da série, que assume proporções impressionantes e fica cada vez melhor. Meg Cabot realmente tem alguns de seus melhores livros em A Mediadora. O final foi fofo, como deveria ser. Assim como Suzannah está apaixonada por Jesse e não pode mais negar isso, ele corresponde isso da forma mais bonita possível… e quando ele diz, no fim, que eles precisam conversar e ela fica na defensiva, é um máximo. Ele se aproxima lentamente. Passo a passo. Até estar na sua frente. Muito perto. Coloca a mão em seu rosto e a beija. Na boca. Bem, nós sentimos quase a mesma euforia que Suzannah naquele momento.
Finalmente!

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