Segundos Salemianos, Obscurus e Grindelwald em ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM


“Mr. Scamander, do you know anything about the wizarding community in America?”
Animais Fantásticos e Onde Habitam estreou nos cinemas de todo o país, e sua pré-estreia não poderia ter sido mais emocionante. Com muito fã caracterizado, gritos altíssimos com o simples logo da Warner, e uma tensão palpável em momentos específicos, foi uma experiência enaltecedora e eu estou muito feliz por poder fazer parte disso tudo, por estar de volta ao Mundo Mágico de J. K. Rowling. E além de toda a beleza dos animais fantásticos, a
fofura de Newt Scamander e Jacob Kawolski, o incrível cenário interno da maleta, o filme tem um lado mais sombrio palpável e enriquecedor. Animais Fantásticos e Onde Habitam se sai surpreendentemente bem ao mesclar, de forma inteligente, o lado bonito e com cores a um lado muito sombrio, que não é só fruto da rígida sociedade bruxa americana, mas também dos ataques que iniciam a Primeira Guerra Bruxa, criando uma complexidade apaixonante do roteiro que não apenas inova e nos leva a outro ponto da Magia, mas também nos conecta a Harry Potter, porque nós lembramos da fascinação de Ron Weasley por Pelúcios e, claro, de Albus Dumbledore lutando contra Gellert Grindelwald tantos anos atrás.
E agora estamos prestes a ver isso acontecer.
De verdade.
A primeira grande característica da sociedade bruxa americana, que Newt Scamander percebe assim que chega em Nova York, é que o MACUSA tem uma preocupação grande com a exposição da bruxandade. E não sem motivo, se pensarmos que a cidade está tomada por discursos de ódio dos Segundos Salemianos contra bruxos que eles insistem que vivem entre eles. Mary Lou é a maior representação disso, em uma espécie de orfanato macabro no qual ela acolhe crianças e destila discursos de ódio que são brutalmente reproduzidos pelas crianças, como aquela terrível música sobre como cada uma das bruxas da música morrerão de forma dolorosa. É bastante angustiante, se você me pergunta. Me dói ver aqueles panfletos circulando pela cidade, bem como uma varinha se partindo, bem como toda a dor infligida por Mary Lou a Credence, igualmente macabro e sombrio. A cada momento você teme os passos da Nova Salem, você teme que eles consigam chegar ao jornal de influência e então a sociedade bruxa estaria mais perdida do que nunca… especialmente quando um Obscurus ataca um político importante da cidade.
E vamos falar de Obscurus.
A primeira vez que vemos um Obscurus é através dos olhos de Jacob Kawolski, em sua primeira jornada incrível dentro da maleta de Newt Scamander, mas Newt pede que ele não se aproxime. Um Obscurus tirado de uma garotinha de 8 anos de idade, essa é uma criatura perigosa que parece surgir como uma forma de esconder e/ou prender a magia que não se quer praticar. Acho uma metáfora interessante sobre como somos consumidos por dentro quando tentamos esconder aquilo que somos de verdade. Eles não costumam viver mais do que 10 anos, no entanto a trama principal do filme traz um Obscurus muito mais velho que isso através da figura de Credence. Vivendo sob a sombra de Mary Lou, distribuindo panfletos da Nova Salem, Credence esconde um segredo terrível de sua bruxandade, e quando Percival Graves diz que ele não tem poder algum ou qualquer possibilidade de integrar a sociedade bruxa, isso explode, e temos espalhado em Nova York o maior perigo encontrado até então: O OBSCURUS. E o Obscurus mais poderoso que Newt Scamander já viu.
É mais ou menos assim que Newt Scamander consegue reaver alguns de seus direitos, ganhar agradecimentos por parte do MACUSA. Porque ele estava sendo brutalmente julgado por ter chegado a Nova York com uma maleta cheia de criaturas mágicas que, como se não fosse possível, escaparam na cidade ameaçando revelar a sociedade bruxa aos não-majs. O julgamento de fato dele, quando ele e Tina são condenados à morte por Percival Graves é angustiante. Ali temos uma dica importante, porque Newt Scamander cita o termo “bem maior” e garante que não tem nenhuma relação com os partidários extremistas de Grindelwald da Europa, mas é condenado ainda assim. E Tina, depois de ter suas memórias boas retiradas dela e jogadas em uma espécie de penseira gigante e mortífera, quase morre de forma dolorosa, mas é salva por Newt Scamander. Quer dizer, Newt é um máximo com aquele seu Tronquilho FOFO que o ajuda a escapar, e o Rapinomônio também foi essencial para que Tina pudesse escapar da morte certa e dolorosa. Mas depois disso e da fuga, Newt Scamander enfrenta o Obscurus da melhor forma possível.
Precisamos entender: Newt Scamander é um máximo, e entende o que está fazendo. Entende cada uma das criaturas das quais cuida, tem um bom coração – ele era da Lufa-Lufa afinal de contas! Assim, ele é a melhor pessoa para conversar com o Obscurus que fora Credence, e as cenas do metrô são realmente MUITO bonitas, mas igualmente desesperadoras, porque Percival Graves aparece da pior maneira possível, atiçando o Obscurus e quase causando mais e mais destruição em Nova York. Eu achei que veríamos Credence como um personagem grande nos demais filmes, ainda tenho essa esperança, mas temo que ele tenha mesmo morrido. Graves, por outro lado, é um caso à parte, assustador. Sua obsessão pelas Relíquias da Morte (o colar) devia ser um sinal! Ela remonta à abundância de jornais sobre os ataques de Grindelwald na introdução incrível do filme, e com o crescimento da tensão e do suspense do filme, um Revelio surpreendente nos mostra que Percival Graves era, na verdade, O PRÓPRIO GELLERT GRINDELWALD! Foi uma rápida e surpreendente aparição de Johnny Depp no papel que me pegou desprevenido.
Acho que deu para ouvir todo o ar sendo sugado de meus pulmões.
Depois disso, é Newt Scamander quem resolve tudo. Porque a Presidente Picquery lamenta a impossibilidade de obliviar uma cidade inteira, então a sociedade bruxa está finalmente exposta, mas Newt Scamander tem como fazer isso – é assim que uma chuva toma conta de Nova York e então todo mundo deixa de lembrar os acontecimentos mágicos daquele dia. Infelizmente. Não por toda a cidade, não digo isso, mas por Jacob Kawolski. Eu esperava ardentemente que alguma coisa o impedisse de ir para a chuva, ou que ele não se esquecesse de fato, mas lá estava ele, parado no meio da rua, caminhando e seguindo sua própria vida. Pelo menos tivemos cenas muito bonitas DEPOIS disso, porque Newt deixou para ele uma maleta cheia de ovos valiosos para ele usar como garantia no banco e, assim, abrir sua padaria – uma padaria linda, visitada por Queenie, que mostra que embora o Jacob não se lembre, exatamente, de tudo o que aconteceu, o sentimento permanece ali, representado nos seus criativos doces, feitos no formato dos animais fantásticos de Newt Scamander, um amigo. Nós saímos do cinema com o mesmo sentimento de Jacob.
E mais uma vez eu digo: OBRIGADO J. K. ROWLING!
Agora, só ir ao cinema mais algumas vezes para aproveitar mais o filme!

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P.S.: Ask all of you, who does it protect? Us? Or them? – teria muito a dizer sobre isso, mas fica pra outra ocasião.

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