Vale o Piloto? – Once Upon a Time in Wonderland 1x01 - Down the Rabbit Hole


Vou fazer uma confissão de algo que não é realmente um segredo: eu nunca assisti a Once Upon a Time, e embora muitas pessoas tentem me convencer de que vale a pena, nunca tive essa vontade. Há outras séries que eu deixei para trás que pretendo ver antes de OUAT, uma delas já até comprei os DVDs, é a próxima… e esse primeiro episódio de Once Upon a Time in Wonderland não é nada do que eu estava esperando; não estou realmente reclamando, foi um episódio legal, mas…
Uma das coisas de que mais gostei foi a nova visão sobre Wonderland, ou o País das Maravilhas. Mas há ressalvas. Eu sempre imaginei o lugar muito colorido, não exatamente feliz, mas repleto de coisas extraordinárias que faziam as aventuras valerem a pena… dessa vez Wonderland é retratado de uma maneira crua e quase sem cor; tendo visitado o lugar principalmente na noite, o lugar está envolto em sombras e mistérios, e não há muita cor por lá como estamos acostumados… é um ambiente hostil, perigoso, repleto de surpresas. E ainda assim impossível.
Vide o lago de marshmallow.
Isso foi um ponto muito positivo. Quanto à personalidade dos personagens, estou disposto a avaliar. O Coelho Branco não é nada parecido com que estamos acostumados, Will (O Valete de Copas) fez coisas absurdas na ausência de Alice e agora só quer viver no nosso mundo, onde as coisas “fazem sentido” e ele não é odiado por todos; o misterioso Gato Invisível está presente de uma maneira tão mudada que chega a ser assustadora; e o Chapeleiro Maluco parece ter abandonado o País das Maravilhas e podemos não vê-lo nunca mais. Enquanto Alice enfrenta tudo por um amor, Cyrus, um Gênio da Lâmpada.
Enfim, como eu disse, isso ainda precisa ser avaliado. O que eu não gostei foi da objetividade do roteiro. Acho que uma das coisas mais interessantes na Oz de L. Frank Baum (Jefferson pirou?), por exemplo, é o fato de ser um lugar fantasioso, infantil e impossível que pode muito bem ser uma representação de um universo projetado por Dorothy para se esconder de sua vida; e eu gosto de pensar que essa possibilidade existe e que também existe para a Alice de Lewis Carroll. E embora a premissa toda parecesse ser essa, eles abandonaram isso depressa demais…
O episódio começa de maneira muito inteligente fazendo a pequena Alice retornar do País das Maravilhas em sua primeira visita – e aqui me pergunto se ela bancou Nárnia ou se ela voltou para lá tantas vezes assim. Foi legal termos flashbacks dos acontecimentos quando criança, termos o clássico vestidinho azul que é a cara de qualquer Alice (um figurino sempre tão característico, huh?) e o retorno dela ao pai, que acreditava que ela estava morta por seu longo tempo de ausência… e é claro que a Alice cresce porque parece que crianças nessas histórias não fazem mais sucesso.
Só um comentário, não uma crítica.
Então temos o momento maravilhoso no qual Alice vai presa em um hospício (que lugar horripilante, diga-se de passagem), que é onde acontece a maioria das minhas cenas favoritas do Piloto. É bom ao mesmo tempo em que é terrível vê-la sofrer pelo amor perdido, pelo mundo perfeito e pelo fato de ninguém realmente acreditar nela. É triste vê-la acreditar e lembrar daquele lugar (perdida em seus pensamentos), enquanto todos céticos ao seu redor a forçam a negar a sua existência… quase chegamos à clássica e clichê cena de lobotomia, mas o Valete a vem salvar antes.
Eu teria gostado muito mais se a série seguisse esse estilo de memórias e acontecimentos paralelos. Estava gostando de vê-la acreditar mas negar (“I’m not a liar. It was true. And I’m going to prove it”). Achei uma cena extremamente forte mas muito bem pensada e construída o momento em que o médico diz “You wouldn’t be the first child to do this. You’re just the first to grow up and still believe it was real” enquanto as lágrimas escorriam de seu rosto. Ao mesmo tempo em que queríamos que ela provasse estar certa, queríamos acreditar que poderia haver um tanto de insanidade em suas palavras, meio que puxando um Sucker Punch…
Ok.
Tudo acontece numa versão em que Alice é grande e se apaixonou por um Gênio no País das Maravilhas – ok, eu achei a cena da garrafa bem legal, e tivemos algumas das melhores quotes, como “Really? So you’re risking your life for someone who doesn’t believe in you?” o que puxou, bem mais tarde, o belíssimo “When you really love someone, you don’t need proof. You can feel it” – e o Gênio (Cyrus) “morre” bruscamente e Alice chora pela morte de seu amor… faltou mistério nessa morte, o final do episódio entrega tudo muito pronto e mastigado, o que me faz temer até onde conseguimos chegar de maneira convincente.
Mas infelizmente parece que toda a parte no “mundo real” ficou para trás (com as melhores falas sendo “I DON’T WISH FOR ANYTHING!” e “No, it wasn’t true. I never left England – que foi horrível vindo da boca da própria Alice), embora isso tenha também proporcionado uma das melhores cenas do episódio. Não era a abordagem que eu escolheria para a série, nem a que mais queria ver, mas amei ver o médico vendo o Coelho Branco quando ele vem resgatá-la e o sarcasmo tão concentrado de Alice: “See things, doctor? I hear there’s a procedure for that”.
Infelizmente, também o que me incomodou um pouquinho [ão], os efeitos estão deixando a desejar [lê-se: horríveis], sendo o Castelo da Rainha Vermelha terrível de se olhar, mas isso podemos melhorar com o tempo. Só acredito que Wonderland merece uma finalização melhor do que aquela que vimos no fim do episódio, tornem isso mais crível! Mas a princípio estou bem satisfeito com o ar mais macabro e escuro dado ao lugar, só quero saber como vai ser essa jornada para resgatar Cyrus de Sayid Jafar.
“Nothing is impossible in Wonderland”. Eu estou curioso para saber agora como é que vamos seguir. Parece-me que o Gênio incorporado à história será o caminho de tudo, e esses três desejos parecem muito mais motivacionais do que qualquer outra coisa. Mas misteriosa como OUAT in Wonderland quer ser, essa coisa de “Be careful what you wish for” parece que será levada bem ao pé da letra… quero ver logo esses pedidos! Gostei da escuridão, da falta de pessoas em quem confiar (Valete? Coelho? Gato?) e a princípio o único personagem que realmente me cativou foi o Valete, gostei DEMAIS dele. Acho que a série tem potencial, me deixou curioso, mas tenho que reformular todas as minhas expectativas… e vamos ver para onde caminhamos.

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