When It Rains, It Pours – Episódio 2

Dor compartilhada.

O PODER DESSA SÉRIE! Algumas séries japonesas que vão além da tradicional “fofura” me marcaram profundamente na minha vida de consumidor de BLs, como foi com “Pornographer” e com “Eternal Yesterday”, e eu sinto que “When It Rains, It Pours” está vindo com tudo para se juntar a esse grupo. Com uma temática adulta, real e difícil, a série não teme tocar em feridas e está construindo uma trama bastante significativa. O próximo episódio promete uma virada importante quando Nakarai Sei e Hagiwara Kazuaki descobrirem quem está do outro lado da tela dos e-mails que eles estão compartilhando, mas a série vem fazendo um excelente trabalho apresentando os seus protagonistas separadamente, bem como a necessidade por algum tipo de conexão.

Acompanhamos mais trocas de e-mails entre Nakarai e Kazuaki, e eu gosto de como os e-mails podem ser quase despretensiosos ou então provocativos e/ou promissores. Na ânsia por algum tipo de atenção, contato e a sensação de “importar”, os dois se debruçam sobre os e-mails dando a eles mais significado do que eles precisavam ter… em paralelo, acompanhamos algumas poucas interações pessoais entre eles, e eu acho que esse jogo de “When It Rains, It Pours” é muito interessante, porque comparamos essas interações: nos e-mails, muito mais pessoal, muito mais solto; pessoalmente, bastante polido, mas a uma distância natural. Não há, ainda, nada de muito especial na relação face-a-face deles além de uma educação entre colegas de trabalho.

E falando em relações pessoais, seguimos acompanhando o afastamento silencioso de Nakarai e Kazuaki de seus parceiros, e o que mais incomoda é o fato de que tudo é muito “escondido”. Não há uma recusa direta do outro, não há brigas… há apenas o distanciamento, a negação velada… amo, particularmente, a cena em que Kazuaki está conversando com os amigos sobre “casamento” e ele fala sobre “esperar o momento certo” e eles perguntam se o momento certo seria “quando a namorada estivesse grávida”, e por alguns segundos vemos a reação real de Kazuaki… não o que ele esconde, não o que ele não diz, mas o que ele pensa e gostaria de falar: ele dizendo à namorada que, se ela ficasse grávida nessas condições, seria um milagre… eles não fazem sexo!

Parte de mim queria que ele dissesse isso em voz alta, de verdade.

(Uma parte grande de mim)

Depois disso tudo, eu sinto que as conversas se intensificam nos e-mails trocados entre Kazuaki e Nakarai. Quando eles passam a “dividir homens em 2 grupos” e os dividem como “homens que aproveitam as oportunidades para transar e os que não aproveitam”, há algo de muito íntimo na conversa que faz com que Kazuaki se abra. Na verdade, há alguma segurança impessoal no e-mail aliado à necessidade de conversar com alguém que fazem com que Kazuaki fale, e ele confessa a Nakarai que ele e a namorada não têm feito sexo… há tanta dor em seu relato sobre o tempo sem sexo e sobre a rejeição que nunca é direta, mas é clara, e é desesperador pensar que Kazuaki ainda imagina que “um dia eles vão se casar”, porque ele está “habituado” a isso.

Um relacionamento fracassado, falido, que o faz sofrer.

Na próxima interação pessoal entre os dois, eu sinto que as coisas avançam um pouquinho… elas não cruzam a linha do profissional ao pessoal, ainda, mas ela dá passos interessantes. Nakarai faz um comentário sobre como Kazuaki é “estranhamente educado com ele”, o que deixa o Kazuaki parcialmente desconcertado, e depois os dois se encontram novamente do lado de fora do bar em que estavam… ali, Kazuaki se aproxima de Nakarai com um guarda-chuva quando o vê parado sob a chuva, olhando para cima. Há algo de muito íntimo ali, ainda que as coisas não sejam ditas, e isso é, talvez, o que mais me empolga em “When It Rains, It Pours”: o desejo de ver como eles se conectaram na vida real. Quase há uma revelação do endereço de e-mail…

Mas fica para outro momento.

Imagino que, em parte, Nakarai “foge” da possibilidade de uma conexão real com Kazuaki, até porque Kazuaki está sendo legal e ele não está habituado a receber esse tipo de atenção… se a imaginação e, depois, o relato de Kazuaki são seus momentos dolorosos do episódio, o momento doloroso de Nakarai Sei vem na reta final, quando entendemos mais da relação dele com seu “namorado” e como ele se comprometeu a “cuidar dele” e “estar ao seu lado para sempre” depois de um momento traumático da vida de Nakarai. Na sua narração, ele fala sobre como talvez a expressão “para sempre” queira dizer “ser gentilmente rejeitado para sempre”. É desesperador a cena na qual, bêbado, ele implora para que o namorado transe com ele, ou qualquer outro tipo de relação sexual…

Mas ele se esquiva, como sempre.

Não há futuro para nenhum desses dois relacionamentos. E quero ver no que isso vai dar!

 

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