Severance (Ruptura) 2x02 – Goodbye, Mrs. Selvig
“What the
fuck is this all about?”
QUE SÉRIE DE
QUALIDADE, QUE EPISÓDIO IMPECÁVEL! Estou simplesmente fascinado como os dois
primeiros episódios da segunda temporada de “Ruptura”
funcionam em paralelo se complementando com perfeição e nos mostrando duas
facetas das consequências daqueles 39 minutos em que os Internos do setor de
Refinamento de Macrodados passaram acordados do lado de fora no fim da primeira
temporada. Se “Hello, Ms. Cobel” se
passou inteiramente do lado de dentro do sétimo andar da Lumon, “Goodbye, Mrs. Selvig” se passa do
ponto de vista dos Externos no mesmo período de tempo, e percebemos que as
coisas começaram a mudar… e que a Lumon não está tão no controle quanto querem
fazer parecer: agora, eles trabalham na
contenção de danos.
A Lumon está
desesperada, e os Externos estão curiosos… assim que os Internos são
“desligados” e os Externos retomam o controle, muitas dúvidas surgem. Mark não
sabe o que o seu Interno quis dizer com “Ela
está viva!”, e Irving não sabe o que ele está fazendo tão longe de casa.
Helly, por sua vez, tem toda uma história para controlar e para “desmentir”. É
muito curioso explorar mais de Helena Eagan, a Externa de Helly R. que é uma
das grandes líderes da Lumon (e, consequentemente, uma das responsáveis por
todo o sofrimento e tortura contra o qual eles estão lutando lá embaixo).
Helena dá ordens a Milchik, muda a função de Harmony na empresa e faz um vídeo
para dizer que bebeu antes de seu discurso e que tudo o que disse foi mentira e
“uma piada infeliz”.
Milchik, que
assumiu a chefia do Andar da Ruptura desde o ocorrido e do afastamento da Sra.
Cobel, é enviado às casas de Dylan e de Irving para demiti-los, e embora não
tenha sido o grande destaque do episódio, vemos um pouquinho dos dois perdidos depois disso… Irving é o
personagem cujo Externo é menos explorado, e fiquei curiosíssimo com o Burt
Externo o seguindo e o observando (!), mas entre os dois foi Dylan quem
entregou a melhor sequência, naquela bizarríssima entrevista de emprego em uma
fábrica de portas (gosto desse quê distópico e absurdo típico de ficção
científica clássica), e ele é dispensado na hora assim que conta que fez a
Ruptura para trabalhar na Lumon… é uma cena desesperadora, no fim das contas.
Mas é com
Mark Scout que passamos a maior parte do episódio, e eu AMO a maneira como “Ruptura” diferencia ambos – e como Adam
Scott dá vida com maestria a dois personagens tão distintos em um mesmo corpo.
É verdade que Mark S. é muito mais carismático e muito mais admirável, mas há
um charme, em termos de personagem, na maneira quebrada como Mark Scout se
comporta, e isso é essencial para a construção dessa figura em duas partes: o
Mark Interno e o Mark Externo. Eu vejo o Mark Scout como alguém vazio que foi
preenchido pela dor, e ainda que esse seja o caso, não existe isso de “o seu
Externo implorar para mandá-lo de volta para dentro”, como Milchik mentira para
o Mark Interno que acontecera… agora, vemos como as coisas realmente foram.
Devon, a
irmã de Mark, parece mais curiosa e mais revoltada do que o próprio irmão, mas
ainda que suas reações sejam muito contidas ou sem força, Mark Scout está em dúvida: ele não tem certeza de que
quer retornar para a Lumon, mesmo quando Milchik tenta convencê-la de que a
atitude de seu Interno foi muito corajosa e ele não gostaria de recompensá-lo
“com a não-existência”. Devon quer investigar o que o Interno de Mark realmente
quis dizer, e quando ele a questiona por ela sempre ter querido que ele saísse
da Lumon e agora estar questionando quando ele finalmente decide se demitir, ela diz que é verdade que sempre quis
isso, mas também é verdade que achou a noite anterior “muito estranha”, e ela
acha que eles podiam averiguar.
“I just wanna be sure”
“I AM sure!”
A cena dos
irmãos é fortíssima, quase sufocante. Eu sei que muita gente ficou revoltada
com Mark, e realmente a maneira como ele falou com a irmã é revoltante, mas eu
também consigo ver que aquela resposta explosiva vem de uma dor sendo remexida,
e tudo o que ele quer é esquecer… é,
inclusive, o que Milchik usa a seu favor para convencê-lo a retornar. Ele
aparece na casa de Mark Scout com uma cesta de frutas (!) e uma série de
perguntas para manipulá-lo com uma facilidade assustadora… ele usa a morte de
Gemma, mencionada por Mark na entrevista antes da Ruptura, para mexer com ele,
e garante que o seu Interno é feliz e que encontrou o amor lá embaixo, e essa
paz que ele deu ao seu Interno eventualmente vai chegar até ele… ele só precisa
dar tempo.
Então, Mark
resolve voltar.
Helena/Helly
será uma curiosa personagem intrigante dessa segunda temporada, claramente. A
cena em que ela assiste aos últimos momentos de Helly R., quando ela e Mark se
beijaram no Andar da Ruptura, é uma das mais interessantes desse episódio, até
por não sabermos exatamente o que ela está pensando… temos teorias, temos
interpretações, mas não estamos dentro de sua mente, e isso me deixa inquieto,
mas fascinado. Helena assiste à cena de Helly R. e Mark S. mais de uma vez, e eventualmente exibe um sorriso, além de algum
brilho nos olhos… aquilo mexe com ela de alguma maneira. Em parte, eu acredito
que ela percebeu, naquele momento, que Helly R. tem mais vida do que ela
imaginou; que Helly R. talvez seja uma pessoa de verdade mais do que ela.
Talvez secretamente ela inveje Helly R.
É justamente
por isso que nos perguntamos: Helly R. voltou mesmo para dentro ou foi a Helena
Eagan quem foi em seu lugar? O retorno para a Lumon é uma sequência repleta de
TENSÃO. Os supostos 5 meses se revelam muito menos do que isso, e a equipe
montada às pressas para trabalhar com Mark S. é dispensada quando eles entendem
que Mark S. precisa de sua equipe de
volta, ou então “ele não vai seguir”. É depois da mensagem que Mark envia
para o “Conselho” que a Lumon faz algo:
Milchik vai em busca de Dylan e de Irving para levá-los de volta, e Helena é
informada de que “Helly” precisará retornar também… e, assim, vemos cada um
deles passar por Judd para entrar no elevador que os leva até o Andar da
Ruptura, e sabemos o que acontece do outro lado.
De agora em
diante, eu não sei o que acontecerá… nunca soube antes, tampouco. E gosto dessa
possibilidade de criar teorias, além das surpresas que a série nos entrega
continuamente. A segunda temporada de “Ruptura”
abriu com dois episódios EXCELENTES e a mesma pergunta que não quer calar: o que a Lumon faz, afinal? E por que é tão
importante que Mark S. esteja de volta? O que eles querem que ele faça? Amo
a provocação que é a cena final do
episódio, quando Mark Scout encontra Harmony deixando a casa ao lado da sua e a
confronta, tentando arrancar dela qualquer coisa que ela saiba… sobre a Lumon,
sobre a Gemma, sobre o que o seu Interno queria dizer… tudo o que ela faz é
buzinar para ele e sair dirigindo ferozmente, sabe-se lá para onde…
Essa
temporada PROMETE!
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