A Mediadora, Livro Cinco – Assombrado


Suzannah está de volta às aulas. Mas parece que seus piores pesadelos resolveram se tornar realidade. Paul Slater – o garoto que conhecera no último verão e de quem tem um medo terrível – acaba de se matricular na Academia da Missão Junipero Serra. Embora o padre Dominic acredite que o interesse do rapaz seja puramente acadêmico, Suzannah não pode dar a ele esse voto de confiança.
E ela não está enganada. Paul vai perturbá-la, prometendo que pode esclarecer muito sobre ser um mediador. É claro que ela ficará tentada, o que a levará a muitos apuros.
Mas dessa vez ela não poderá contar com a ajuda de Jesse, o fantasma que vive em seu quarto e seu melhor amigo – certo, eles agora são quase namorados. Isso porque se souber de Paul, e principalmente que ele a está importunando, Jesse é capaz de cometer uma loucura. Afinal, Paul tentou exorcizá-lo e quase matou Suzannah no último verão.
Que mistérios Paul Slater esconde?
Será que vale a pena se arriscar tanto para descobri-los?

“Você é um deles. Um dos deslocadores. Acredite, eu sei. Eu também sou”
Lembro-me que entre 2008 e 2009, quando eu li toda a série d’A Mediadora pela primeira vez, Assombrado era o livro de que eu menos gostava… acho que eu esperava mais ação ou alguma coisa assim. Relendo hoje, eu percebo que ele é até bem divertido em muitos aspectos, mas realmente é um pouco mais fraco que os demais livros na série. Acontece que, a meu ver, estamos em um tenso momento de transição, bem preparatório para a grande finalização da série – ou o que era a finalização na época em que foi escrita, pelo menos, já que agora temos um Volume 7. Os três primeiros livros me parecem muito mais independentes entre si, suas tramas começam e terminam no livro. A Hora Mais Sombria quase começa uma nova trilogia a ser finalizada em Crepúsculo, e vocês sabem o que tende a acontecer com meios de trilogia… eles ficam em suspensão, não são nem início nem fim. Não apresentam tudo nem finalizam. É Assombrado. Nós temos mais as angústias de uma adolescente apaixonada que qualquer outra coisa, mas Meg Cabot mantém todo seu bom humor e escrita leve (o que nos dá uma leitura fluída!) para expandir um pouco o universo.
A Mediadora está ficando maior!
Parte do livro foi sobre como Suzannah Simon se relaciona com garotos. Ou como gostaria de se relacionar. Quer dizer, a Suze é uma garota bonita, mas nem por isso a sua vida é um mar de rosas. Com o Jesse, por exemplo (você sabe, o Hector de Silva, aquele rapaz lindo do século XIX que mora em seu quarto), ela não entende o que está acontecendo. Desde que ele a beijou (no fim de A Hora Mais Sombria), eles se afastaram de forma abrupta. E Suzannah não sabe como lidar com isso. Me incomoda um pouco que ela seja tão insegura, que ela puxe um quê de Mia Thermopolis, que questiona os sentimentos de Jesse (ou de Michael, lembra?) mesmo quando TUDO é tão óbvio como prova de que Jesse (ou Michael) gosta dela. Então nós temos aquele drama adolescente que, infelizmente, é absurdamente real. Quem nunca passou por isso?! E como as coisas estão assim, e Suzannah não sabe de fato o que Jesse sente por ela e quais são suas chances de um relacionamento, ela acaba se aproximando, mesmo meio sem querer, de Paul Slater.
Sim, porque Paul Slater está de volta.
Paul Slater apareceu na Academia da Missão Junipero Serra no primeiro dia de aula depois das férias. E tudo o que Suzannah esperava que tivesse acabado com seu emprego no Pebble Beach está de volta. Paul Slater é um personagem complexo, acredito que ainda há muito o que se explorar nele. Ele é perturbador, eu devo dizer isso, mas eu sinto que há certa profundidade nele. É desconfortante a maneira como ele se coloca para cima de Suzannah de forma quase incômoda (embora ele seja um gato gostoso e nem Suze possa negar o tesão que sente por ele!), e Suzannah está carente por causa de Jesse… então ela acaba retribuindo um beijo de Paul! Tudo o que mais interessa em Assombrado vem da parte de Paul Slater, acredito, porque ele traz revelações. Enquanto concorre a vice-presidente da turma (o que coloca Cee Cee e Adam em uma situação extrema de campanha) e faz com que Suze fuja de sua casa depois do beijo (causando resultados catastróficos e desesperadores nas solas de seus pés), ele vai revelando algumas coisas para ela sobre as coisas que ambos podem fazer com seu dom.
E mediar não é tudo.
Ouvimos falar, pela primeira vez, em Deslocadores. Paul Slater já tinha dado dicas disso em A Hora Mais Sombria quando Suzannah se exorcizou para ir para a Terra das Sombras atrás de Jesse e Paul sugeriu que ela não precisava de todo esse empenho para andar livremente no mundo dos mortos. Agora ele lhe diz novamente que ela pode fazer isso quando bem entender. E também há algo sobre transferência de almas. É natural que Suzannah se envolva mais do que quer se envolver, porque independente dos perigos, nós sempre queremos saber mais coisas. Eu mesmo estava com vontade de ouvir o que o Paul tinha a dizer, já que eram muitas coisas. O Dr. Slaski fizera uma pesquisa detalhada a respeito desses tais de Deslocadores, e eles tinham muita coisa a investigar ainda. Ah, vale lembrar da cena em que Suzannah não resiste à tentação e vai à casa de Paul (você sabe, na cena em que ele vai beijá-la e ela vai acabar retribuindo), e então conhece o seu avô, catatônico, parado em frente a uma reprise na TV.
Essa cena é importante para o final SURPREENDENTE.
Que eu adoro.
Mas antes disso, vamos fazer um parêntese e comentar uma das histórias que ficaram na subtrama de Assombrado. Como estávamos em um momento cheio de tensão da série em que Suzannah estava tentando entender sua relação com o Jesse e o que ela realmente era, com a ajuda de Paul, os fantasmas do quinto livro estão em segundo plano. Conhecemos Neil Jankow, um amigo da faculdade de Jake (vocês perceberam como Suze não usa mais “Soneca”, “Dunga” e “Mestre” para chamar os irmãos?) que sobreviveu a um acidente. Um acidente em um catamarã que matou o seu irmão, Craig Jankow, um grande campeão de natação. Ironias da vida. Então é claro que o Craig odeia o fato de o irmão ter sobrevivido quando ele é quem devia estar lá (na cabeça dele, pelo menos), e Suzannah precisa tentar lidar com isso. Mas é um fantasma mala, mas mais calmo que a maioria dos fantasmas que já vimos em A Mediadora. E eu achei que estávamos prestes a ter alguma coisa de transferência de almas, mas nada disso aconteceu.
Felizmente.
Eu acho.
Adorei o grande clímax do livro. Perto do fim do livro, Meg Cabot abusa da ação em cenas bastante ágeis de leitura rápida, as páginas quase se viram sozinhas. Brad está dando uma festança na casa agora que os pais estão fora, e Paul e Jesse estão tendo uma briga eletrizante e perigosa que apenas Suzannah pode ver. Pelo menos por completo. Então você imagina como é ver Jesse e Paul deixando o quarto em uma verdadeira guerra, destruindo as coisas pelo caminho, lutando à beira da piscina… foram cenas de arrepiar! Então Suzannah usa voluntariamente seu poder de Deslocadora para salvar Paul e Neil (afinal Craig aprende rápido como pode tentar afogar alguém), e leva todos para a Terra das Sombras. O assombroso corredor cheio de portas e muita névoa… e Craig encontra seu final. Paul e Suzannah voltam para a Terra e Paul é levado para o hospital, perfeitamente encrencado. Assim como ele já estava imensamente encrencado na escola com as coisas que disse a uma das noviças que se meteram em seu caminho.
Embora elas sejam mesmo umas malas com os alunos.
Não que ele tivesse o direito de dizer o que disse, claro.
Agora o final… FANTÁSTICO. Porque a minha impressão rápida é de que Meg Cabot encheu seu último capítulo de muito mais informação que todo o livro, como se nos convidasse uma última vez a entrarmos em Crepúsculo. Quer dizer, o final é perfeito para que já voltemos para o próximo! Primeiramente, temos Cee Cee trabalhando com Suzannah e nos contando que já sabe que Jesse é um fantasma. E como esperamos por Cee Cee tendo essa informação, huh? E mais ainda… o avô de Paul Slater, fora de seu estado catatônico, se revelando não o Dr. Slater, mas o Dr. Slaski, aquele das pesquisas sobre deslocadores. Com avisos sinistros sobre como eles não podem brincar de Deus. Sobre como Paul corre perigo achando que é tão poderoso como acha. E mais! Ainda tem a Suzannah na frente da lápide de Hector “Jesse” de Silva, encontrando-o e beijando-o uma vez mais, agora com tudo claro a respeito dos sentimentos dos dois, um pelo outro…
E, dessa vez, sem interrupção nenhuma.

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