CINDERELLA, o Musical – Texto 2 de 2


No fim, a Cinderella acaba deixando o seu sapatinho de cristal para trás, mas isso só acontece propositalmente e no segundo ato. Não é no fim do baile. No fim do baile, Cinderella deixa o lugar com os dois sapatinhos, e o Príncipe a busca loucamente. Depois que eles se encontram novamente, no jantar que Topher organiza para tentar encontrá-la, ela deixa o sapatinho para trás, dissimuladamente, para que ele possa encontrá-la. E ela não tenta se esconder e se fazer de modesta nem nada assim. Simplesmente aparece lá dizendo que quer provar o sapatinho e pronto. E a Gabrielle ainda pode soltar um “Eu já sabia!” da forma mais fofa possível, porque o fato de ela ter se regenerado, apaixonada por Jean-Michel, se vestindo de forma simples é uma das melhores transformações do musical! Eu adoro ver essa outra versão da meia-irmã de Cinderella, e ver que elas podem ser amigas. É mesmo uma das facetas inovadoras que a versão musical de Cinderella tenta trazer à história, através da escrita e composição de Rodgers e Hammerstein.
O elenco brasileiro é formado por um grande número de atores talentosíssimos, alguns já bem conhecidos do meio musical. Eu não conhecia o trabalho de Bianca Tadini, mas acho que ela foi uma ótima Cinderella, embora eu não saiba como ela se sairia em outras situações em que sua voz fosse requisitada de uma forma diferente. Bruno Narchi é um talento e uma simpatia incomparáveis, e eu adoro o seu trabalho; já o assisti em Cazuza, duas vezes, e também em Rock in Rio e Fame. Sempre muito talentoso e muito simpático, gosto de ver todas suas produções, estou ansioso por Rent. Totia Meireles foi uma Madrasta muito boa, mas com nada de excepcional, infelizmente está sendo usada para tentar atrair mais público. Ivanna Domenyco, a eterna mãe do Jaime em Carrossel, era quem interpretava Marie, uma mendiga que se transformava, eventualmente, na Fada Madrinha. Carlos Capeletti era o Sebastian e Tiago Barbosa o Lorde Pinkleton, que também interpreta o Príncipe Topher ocasionalmente.
Adorei a interpretação de Giulia Nadruz como Gabrielle, uma das meias-irmãs de Cinderella (a outra, Charlotte, foi interpretada por Raquel Antunes), e eu gosto muito dela desde que ela foi a tímida e talentosa Serena em Fame – embora eu também a tenha assistido em Shrek. Mas como Gabrielle, Giulia Nadruz estava FANTÁSTICA, especialmente no segundo ato, quando ela ganha destaque. Inicialmente ela é engraçadíssima, fazendo birra com aquele vestido, mas depois, amiga de Cinderella, apaixonada por Jean-Michel, e vestida lindamente como “simplória”. E, claro, o Jean-Michel, que foi interpretado pelo FOFÍSSIMO do Bruno Sigrist. Acho que qualquer fã de O Despertar da Primavera vai, para sempre, ter um carinho muito forte por ele. Parabéns, Bruno! Mas não só em Despertar, eu também pude assisti-lo em Rock in Rio, o Musical, e ele estava ótimo e divertido também. Eu adorei o seu personagem em Cinderella, o seu canto, e como ele me lembrou Les Misérables. Quando ele canta A Revolução enquanto os outros cantam O Baile Real eu fiquei todo arrepiado, e é minha cena FAVORITA do primeiro ato!
<3
Outros momentos que eu gostei muito foi do Príncipe Topher cantando Eu, Quem Sou Eu?, que traz essa diferença de profundidade ao personagem do Príncipe, e tanto ele quanto a Cinderella cantando Em Meu Próprio Cantinho, que é uma maneira de aproximá-los antes que eles de fato de aproximem. Para que amis tarde, em Há Menos de Dez Minutos, eles possam estar juntos em uma cena muito bonita. Dois momentos MARAVILHOSOS estiveram em Ridículo, que era uma música da Cinderella e da Fada Madrinha e elas estavam ótimas, ambas, e foi todo o momento da transformação e toda uma mensagem de esperança para a garota que podia, finalmente, ir ao baile. A Valsa Para Um Baile foi lindíssima! Depois nós tivemos momentos bons como Lamento das Irmãs e Noite Azul, embora tenha conduzido para um forçadíssimo “Eu te perdoo, mãe”, que eu achei lamentável. Por fim, Príncipe e Cinderella se casam, as eleições são instauradas, Gabrielle fica feliz com seu Jean-Michel, que provavelmente será eleito, e a Madrasta é perdoada. Um final feliz, como deveria ser e sempre foi, mas um pouquinho diferente do que “sempre foi”.
O “Ãh!” das irmãs PEGOU! *-*

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