[Season Finale] The People v. O.J. Simpson: American Crime Story 1x10 – The Verdict


“God, they discussed this case less than anybody in America”
Que série impecável! Eu me revolto profundamente com como o caso terminou, tendo em vista que era tão óbvio que OJ Simpson era SIM culpado dos crimes, ele tinha matado a ex-esposa e o seu namorado, e as provas para isso eram inúmeras. Foi de doer o coração e causar uma revolta nojenta o fato de ele ter sido inocentado no fim de tudo, mas eu aguardava por isso sabendo o caso real como aconteceu. Mas como série, a primeira temporada de American Crime Story estava impecável, com um roteiro espetacular e muito bem guiado, amparado por boa direção e excelentes atuações. Tudo era muito convincente, da determinação e frustração de Marcia até a arrogância de Cochran e a dissimulação de OJ. O episódio final foi guiado com maestria nos permitindo um passeio por emoções controversas, e uma boa visão de todo o caso e de toda a repercussão que ele causou e, julgando pelo conteúdo de uma série, em pleno 2016, ainda causa. Estou ansioso para a segunda temporada de American Crime Story e esperando que eles saibam conduzir uma produção tão fantástica quando essa, que não nos decepcione.
Como American Horror Story começou a fazer gradualmente.
O episódio começa, depois de mais de um ano de julgamento, nas deliberações finais, da promotoria e da defesa. E ali você já começa a se sentir angustiado. Márcia faz uma explanação impecável sobre como OJ Simpson é culpado, e há tantas evidências que não podem ter sido coincidência ou plantadas, não todas – ele é culpado! Christopher Darden puxa para um lado mais sentimental e especulativo, mas ressalta a violência doméstica e a imensa probabilidade de OJ ter cometido o crime. Agora, quando OJ se acha, no tribunal, no direito de CHORAR por isso, eu comecei a ficar revoltado. Muito mais do que o normal. “He’s a murderer. And he’s still a hell of a good football player. But he’s still a murderer”. Então, de forma VERGONHOSA, a defesa começa sua fala. Eu digo vergonhosa, porque não pode ser um orgulho para eles ver o que eles fizeram e como o fizeram. Eles não tinham provas nem argumentos algum, eles apenas atacavam a promotoria e desviavam, de forma apelativa, a atenção do verdadeiro caso. Mark Fuhrman era um racista criminoso? Era, sim! Mas isso não tornava OJ inocente do seu próprio crime!
E, infelizmente, parecia que tinha muita gente disposta a aceitar a manipulação barata da defesa e seguir nesse joguinho – comprar a distração. Porque nós vemos o júri deliberando a respeito do caso, e é angustiante. Eu fiquei apreensivo durante a cena inteira! A votação preliminar conta com apenas dois votos de culpado, e a cada vez que ela lia um voto para “inocente” eu ficava com nojo, com raiva. Quer dizer, não parecia que aquele júri tinha visto o mesmo caso que eu! Como eles podiam votar em inocência?! Ainda bem que nós tínhamos uma jurada, que tinha votado culpado, que estava ali para falar contra OJ e nos representar – mas eu parei para pensar, na figura dela, o quão difícil esse trabalho é. Como ela podia lidar com o fato de “aceitar” algo que não concordava porque era impossível converter as pessoas ao seu redor. A maneira como a julgavam, como atestavam que NUNCA iam condenar OJ, o que ela podia ter feito? Como resultado, o veredicto saiu em apenas 4 horas, um verdadeiro recorde, mas porque ela teve que desistir, e não sei se eu teria forças para fazer diferente em seu lugar. Agora, vê-la chorando enquanto o veredicto, com o qual não concordava, era lido foi angustiante.
Então você se prepara para o fatídico veredicto.
Todo o horror final começa com a maneira como OJ é tratado desde a cadeia, com um policial tendo a audácia de falar que foi um prazer ser seu guarda, e ainda pedindo um autógrafo seu, dizendo que ele não tem motivo para ficar preocupado. RIDÍCULO. Absurdamente revoltante, o veredicto é lido, OJ é inocentado, e nós precisamos encarar as diferentes reações, no tribunal e no país. A série fez isso de forma brilhante, intercalando excelentes atuações dos atores com cenas reais. De comemoração da defesa e horror da promotoria, frustração, raiva e tristeza daqueles que sabiam que OJ era culpado, dos pais de Ronald, por exemplo. Incredulidade marcava o momento. Enquanto pessoas comemoravam, outras estavam revoltadas e horrorizadas com o veredicto, e eu devo dizer: a cara de aliviado do OJ me dá tanta raiva que eu não responderia por mim se estivesse presente. Eu acho. Kardashian deixa o tribunal e vai para o banheiro vomitar. Eu me pergunto o motivo de ele não ter feito nada, então. Se ele estava tão em dúvida a respeito da inocência do “amigo”, ele não devia ter ficado com ele até o final!
O afterwards foi muito bem trabalhado. A equipe de defesa precisou lidar com um fracasso muito grande, com uma vergonha imensa, com falas como “I’m so ashamed” e eu só posso imaginar o que eles sentiram. Se eu fiquei horrorizado e frustrado, anos depois, da minha casa, como não foi para eles? Mas foram discursos lindos, Christopher Darden nem pôde terminar, Marcia falou sobre a necessidade, de qualquer maneira, de denunciar violência doméstica, e os repórteres fizeram perguntas absurdas como “Are you going for the real killer now?”, sendo que é óbvio que NÃO EXISTE OUTRO ASSASSINO. Se tivesse qualquer possibilidade disso, a defesa teria explorado como uma maneira de provar que OJ era inocente. Cochran tentou conversar com Darden, o que foi um absurdo, mas Darden se saiu super bem, e a Marcia contando a sua história para Darden foi comovente e nos ajudou a entender toda sua determinação no caso.
Sabe o pouco que me satisfez? Ver OJ retornando para casa achando que “tudo estava bem”, que ele era inocente e pronto, mas nada mais foi o mesmo. “I’m back Brentwood, I’m back”. Enquanto ele voltava, pessoas com cartazes gritavam que ele era culpado, mandando-o voltar, não bem aceito mais em sua vizinhança. É bom ver que existe gente sensata. O discurso dele na festa foi um absurdo de ridículo, mas valeu para evidenciar como muita gente não compareceu, provavelmente porque, como Bobby, não acreditavam mais nele; foi bom ver o Bobby saindo sem dizer nada, mas a troca de olhares foi bem cheia de informação. Ele foi pouco aplaudido em seu discurso na festa. Um restaurante se recusou a atendê-lo porque eles “não queriam ter nada a ver com OJ”. Ao menos algo assim aconteceu. O final foi ótimo, do estilo dos filmes baseados em fatos reais, que contam com letras e fotos o que aconteceu com cada um dos personagens depois que eles deixam de contar a história. É surpreendente como os atores ficaram bem caracterizados como as pessoas que eles representavam, e eu fico angustiado com aqueles que deixaram seus empregos, mas feliz por OJ ter sido condenado (mesmo que por outro crime) a 33 anos de prisão, em 2008.
Ao menos isso!

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