Round 6 1x02 – Inferno

Você tem, de fato, escolha?!

Na minha opinião, ainda melhor do que a estreia. “Inferno”, o segundo episódio de “Round 6”, fez algo genial e inesperado ao trazer o roteiro de volta para o “mundo real”, desenvolvendo os personagens de maneira inteligente para que pudéssemos nos conectar a eles – foi o que a primeira metade do Piloto fez com Seong Gi-hun, mas agora temos a oportunidade de conhecer mais não apenas dele, mas de outros jogadores que se mostraram importantes na estreia: a jogadora 067, o jogador 218 e o jogador 199, principalmente, mas também um pouquinho do 001 e do 101. O episódio é intenso e forte, me deixou continuamente angustiado, e eu fico muito feliz por ver que “Round 6” não é apenas uma série sobre os jogos de matança, mas traz, também, uma crítica interessante e uma sensação de realidade para cada história que vamos acompanhar.

Acredito que, para o sucesso de uma série, o telespectador precisa se envolver com os personagens. Antes de qualquer jogo, nesse caso, ou de qualquer ideia mirabolante, os personagens precisam ser bem concebidos para que pareçam reais, para que nos importemos e para que, portanto, possamos torcer por eles e sentir o impacto de possíveis (e prováveis) futuras mortes. 255 pessoas morreram no Batatinha Frita 1, 2, 3, e não sabíamos o nome de nenhum deles, nem a história de nenhum deles, o que quer dizer que a morte passa quase despercebida. Assim, “Inferno” começa com os jogadores sobreviventes, 201 no total, revoltados com o rumo que as coisas tomaram, vários deles implorando para que os organizadores do jogo os deixem ir embora, e uma cláusula dizia que “o jogo seria encerrado se a maioria assim desejasse”.

É Cho Sang-woo, o Jogador 218, que traz isso à tona, e então começamos uma votação tensa cujo resultado julgamos conhecer. Eu sabia que o resultado seria 101 contra 100, mas eu confesso que não achei que seria a favor do fim do jogo – Gi-hun é o primeiro a votar e vota pelo fim do jogo, mas Sang-woo, que foi quem trouxera a cláusula do contrato à tona, surpreendentemente vota pela continuidade do jogo perverso… Il-nam, o Jogador 001, é o último a votar e, com a votação empatada nos 100 votos, ele precisa decidir, e eu tinha certeza de que ele votaria pela continuidade do jogo, mas ele me surpreende – e os jogos são, de fato, encerrados. Segundo os organizadores, eles poderão retornar se a maioria assim desejar; por ora, o jogo chegou ao fim. Fui pego de surpresa, mas essa é a grande ironia perversa de “Round 6”

Agora, eles vão escolher voltar… mesmo sabendo de todo o risco.

Esse episódio é absolutamente NECESSÁRIO e, a meu ver, incrivelmente bem escrito. Consegui me envolver com os personagens, sofrer com cada um deles, e eu adoro a maneira como “Round 6” consegue passar a sensação de realidade nas cenas que não se passam durante os jogos. Os personagens são soltos em dupla, e o episódio nos apresenta um pouco de cada um deles e como está a vida deles do lado de fora. Kang Sae-byeok, a Jogadora 067, por exemplo, está tentando resgatar a família na fronteira da China, mas foi enganada por um homem a quem deu o dinheiro, e agora o irmão mais novo continua em um abrigo, sozinho, com as crianças dizendo que ela é uma mentirosa e que ele nunca vai sair de lá. A cena de Sae-byeok com o irmão é uma ótima cena, e o episódio ainda não explica a sua relação com Deok-su, o Jogador 101 que ela “traiu”.

Gostei bastante de acompanhar, também, Abdul Ali, o Jogador 199, e eu achei muito fácil me afeiçoar a ele. Não sei se é porque ele salvou a vida de Gi-hun durante o primeiro jogo ou se é porque ele é claramente uma pessoa muito boa e tem uma ótima interação com Sang-woo quando eles são soltos, pedindo o seu celular emprestado para fazer uma ligação ou não querendo aceitar o dinheiro que Sang-woo o oferece para pegar um ônibus ao invés de ir andando para casa, mas eu sinto que Abdul vai ser um dos meus personagens favoritos. Descobrimos que Abdul está trabalhando há 6 meses sem receber seu salário, e o chefe continua se recusando a pagá-lo, e as coisas se complicam durante um acidente no seu local de trabalho, quando o chefe tem um castigo merecido (ah, vamos lá, ele mereceu!) e ele foge com o dinheiro e manda a esposa comprar passagens para ir embora, dizendo que “ele vai depois”.

Sang-woo é outro personagem interessantíssimo de “Round 6”. Ele é um personagem cheio de surpresas, com bastante carisma e com uma história tão triste e desesperadora quanto de qualquer outro jogador. Acho interessante essa relação que ele tem com Gi-hun, e como é dolorosa a cena na qual Gi-hun fala sobre como “ele é o orgulho do bairro” ou qualquer coisa assim, até porque isso torna tudo ainda mais grave para Sang-woo, que está atolado em dívidas, sendo procurado pela polícia e mentindo para a mãe que está em uma viagem de negócios nos Estados Unidos… a cena da ligação dele com a mãe foi de partir o coração, porque ela é a coisa mais fofa do mundo pedindo que ele não traga nenhuma lembrancinha e mandando ele se alimentar bem e lembrar de se agasalhar, e então a polícia aparece na loja dela com um mandato de prisão.

Sofrido demais.

Por fim, voltamos a acompanhar Gi-hun, e as coisas só se complicam para ele, em uma evolução natural e desesperadora do que conhecemos do personagem no primeiro episódio. Agora, encontramos a mãe dele no hospital por causa de diabetes, mas saindo contra as recomendações médicas porque “ela não tem dinheiro para pagar uma diária no hospital, quanto mais um tratamento”. Tentando conseguir dinheiro para o tratamento da mãe, Gi-hun cede a uma atitude desesperada que é a de pedir dinheiro para a ex-esposa, e a situação se torna mais e mais complicada a cada minuto… é humilhante como o novo marido de sua ex-esposa o procura do lado de fora do prédio para lhe oferecer o dinheiro e dizer que “ele não precisa devolver, só quer que ele se afaste de ‘sua’ família”, e Gi-hun se revolta, dá um soco nele e devolve o dinheiro…

…e a filha assiste a tudo.

Mais uma cena desesperadora!

Por fim, Gi-hun e todos os demais começam a cogitar retornar para o jogo, e essa é a grande perversidade do jogo de “Round 6”, como eu comentei – e as pessoas por trás do jogo sabiam exatamente que eles voltariam, em busca dos 45,6 bilhões de wones prometidos. Novos convites são enviados para cada jogador, com uma data, um horário, os mandando esperar no mesmo local em que foram buscados da primeira vez – e todos aqueles que vimos sair e acompanhamos, tendo votado pela continuidade do jogo ou não, estão lá, esperando a van que os levará de volta para aquele lugar sinistro e perigoso no qual eles arriscarão a vida em busca de algum dinheiro. Inclusive o Jogador 001, o senhor que tem um tumor cerebral e que não quer ficar do lado de fora, apenas esperando a morte chegar… seria cômica se não fosse trágica a cena do retorno.

Também acompanhamos, brevemente, um novo importante personagem: Hwang Jun-ho é um policial que está na delegacia quando Gi-hun vai lá para denunciar o jogo em que ele e os demais estiveram (sem qualquer resultado, é claro, porque sua história parece mirabolante e difícil de se acreditar, e o telefone para o qual ele manda o policial ligar não funciona), e vê o cartão com os três símbolos que serviu de convite… Jun-ho está em busca de seu irmão desaparecido e, quando vasculha o quarto dele em um hotel barato, ele descobre um cartão idêntico ao que Gi-hun levou à delegacia. Então, ele o procura para que ele lhe conte sobre o jogo, mas Gi-hun já não tem mais interesse em insistir nessa história, e diz que “inventou tudo”. De qualquer maneira, Jun-ho o segue quando a van passa buscar Gi-hun para levá-lo de volta, e estou curioso para ver o que ele vai fazer…

E como vai se infiltrar nesse jogo!

 

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