É Fada! (2016)


Aos desavisados de plantão, aqui vai uma verdade: eu adoro esse tipo de filme. Assim como eu adoro muitos tipos de filme – com raras exceções, eu sou bastante eclético, e você sabe aquele filme despretensioso e divertido que você vê porque só quer dar umas risadas? Bem, aqui está: É Fada! Se você não gostou, eu realmente sinto muito. Se você não viu, não seja aquele chatinho que sai por aí falando mal de coisas que você nem se deu ao trabalho de parar para conhecer. Sério, não termine a postagem e, mais importante ainda, não vá para a seção de comentários! Você também não pode querer comentar o filme comparando com qualquer outro, precisa se atentar ao gênero a que pertence: e se você não gosta do gênero, pra quê se dar ao trabalho? O fato é que, baseado no livro de Thalita Rebouças (Uma Fada Veio Me Visitar), o filme é bem adolescente em muitos sentidos, tem uma história clichê que, infelizmente, ainda é muito pertinente e sabe ser super fofo. Eu adorei. Ah, e ainda mais que isso: É DIVERTIDÍSSIMO! Não sei se é possível que as pessoas não fiquem rindo feito loucas de tanta coisa… fato é: eu não me interessaria pelo filme apenas de ler sua sinopse, ou de ver seu pôster, ou de ouvir falar nele. Mas eu vi o trailer numa sessão de O Lar das Crianças Peculiares. E bem, ali eu já dei tanta risada que você sabe o resultado: eu tive que ir ao cinema conferir…
E FOI INCRÍVEL!
A história do filme acompanha Julia, brilhantemente interpretada por Klara Castanho. Ela é uma adolescente adorável com uma história de vida um tanto complicada, com a qual ela sabe lidar muito bem. Acontece que seus pais se casaram e ela nasceu, mas pouco depois disso sua mãe foi embora para a Europa, se tornou uma ricaça advogada internacional e nunca quis saber da filha, abandonando-a para viver com o pai no centro do Rio de Janeiro, quase dentro do viaduto, em um apartamentozinho pequeno no qual ele a manda desligar o chuveiro para se ensaboar, porque “papai ainda não ganhou na loteria”. E apesar de toda a pobreza, Julia NUNCA passou necessidade alguma e, além do mais, amor é o que mais existe entre ela e o pai Vicente, então ela não pode dizer, de fato, que não seja feliz. Ela é. Pelo menos até sua mãe obrigar-lhe a estudar em uma escola cheia de riquinhos esnobes que não sabem nada da vida e que não tem absolutamente nada a ver com ela. Ainda bem que, desde o primeiro dia, ela conhece o Pedro (João Fernandes), que é filho do cara da cantina, e o único que é legal com ela…
Mas quem não ia gostar de um cara que te leva um sandubão daqueles?!
Toda a vida de Julia parece bagunçada depois daquele primeiro dia perturbador de aula, que a leva a conversar com a mãe, dizendo que vai desistir de tudo, e a deixa chorando pelo telefonema que ela escuta a mãe fazer ao pai, chamando ela de molambenta e desarrumada. Mas a vida de Julia ainda dá mais uma bagunçada legal quando outra pessoa aparece na sua vida: A fada Geraldine. “Eu não sou fada. Eu sou fadona!” Acontece que essa é a última missão de Geraldine, uma fada toda destrambelhada e hilária que perdeu as suas asas quando, em parte por culpa dela, o Brasil perdeu para a Alemanha de 7x1 na Copa de 2014. Bem, não sei se foi culpa dela, porque, como ela disse para se defender, ela deu três opções (as suas clássicas e maravilhosas três opções, com as quais a Julia se acostuma rapidinho!) ao Felipão, ele que escolheu a errada. De toda maneira, ela está agora sem asas e tem uma última chance de reconquistá-las, se cumprir uma missão sendo a fada de Julia, mesmo que ela não escute direito e não entenda todo o versinho que acompanha a missão e tudo o mais…
O lance dos quatro corações, sabe?
Enfim.
Resumindo, Geraldine agora está responsável por cuidar de Julia, e as cenas começam hilárias e terminam melhores ainda. Você conhece a história, ela vai fazer um extreme makeover na vida de Julia, às vezes criando mais caos que acertando, mas é legal. Várias das cenas que me levaram às gargalhadas estão marcadas na minha memória. Desde a mais simples, como o grito inicial das duas (“A gente já fez a parte do grito. Você gritou, eu gritei, foi legal, mas já passou”), até aquele incomparável “Cadê as asas?” “Você também não tem peito e eu não tô jogando na tua cara!” Também adorei os cenários e os figurinos para a grande sessão de fotos para melhorar o perfil de Julia. O lance da comida e do Chá da Alice também foi MUITO bom, adorei as referências. E como conquistar o Maureba? Pode ser falando tudo meio cantando, falando com bichinhos… “Funciona nos filmes da Disney. Na vida real ele vai achar que você é meio esquizofrênica? Ele vai achar que você é meio esquizofrênica, mas…” E, claro o SAC das Fadas com o feitiço de levitação e o delay no download
Entre outros momentos.
O filme NÃO é inovador, você tem uma clara noção de tudo desde o começo, mas infelizmente a história ainda É pertinente. Um pouquinho de Camp Rock, o lance da Julia mentir (embora por muita influência da Geraldine) para ser aceita por um grupo, se sentir popular, ser como as outras… mas isso a faz ser uma péssima amiga para o Pedro, o único que gosta dela como ela é na escola, e a afasta lentamente de seu pai, então ela precisa definir suas prioridades e decidir ser quem ela é. A cena da balada é bem forte. Mas eu gosto de como as coisas saem do controle e, por isso, a fada também sai de cena, e a Julia é deixada para começar a resolver suas coisas sozinha. Se aproximar do pai. Corrigir as coisas com Pedro (é bacana quando ele a ajuda com a treta dos celulares e tudo o mais). No fim, Geraldine consegue escapar e voltar para dar uma ajudinha final, para esclarecer a história do furto. Mas que bateu um pouco de desespero com aquela mãe CHATA dela querendo tirá-la do pai em cima de argumentos ridículos me encheu de pavor…
Era muita crueldade.
Por fim, bem previsível, o filme acaba bem fofo – eu não posso deixar de dizer que mesmo filmes previsíveis me emocionam SIM. Eu gostei do rap no final e da mensagem de que é importante que sejamos nós mesmos, isso é incrivelmente importante deixar bem claro a todos, especialmente adolescentes. Os “quatro corações” (Julia, mãe, pai e Pedro) dançando no palco também foi lindo… e então Geraldine tem suas asas de volta, dando mais de suas três opções para Julia e acabando voando com ela pelo Rio de Janeiro. Fofo.
Fico por aqui, dizendo que eu VOU defender o filme, e esclarecendo: eu NÃO sou fã da Kéfera. Só vi um ou dois vídeos dela na vida, e mesmo assim eu gostei do filme. Não é um filme cabeça, não é um filme complexo, mas não é a isso que ele se dispõe, nunca teve essa intenção. Detesto pseudo-intelectuais que “menosprezam” esse tipo de filme só por seu estilo. Acho que nós temos que ter um balanço na vida, e não podemos fritar o cérebro com filmes maravilhosos como Donnie Darko o tempo TODO. É Fada! se propõe a ser divertido e adolescente, e faz isso muito bem! Ao estilo Thalita Rebouças e bem Sessão da Tarde, o filme é leve, descontraído, tem piadas MUITO engraçadas e, no fim, tem uma mensagem muito bonita. Vejo muita gente reclamando, mas reclamando sem nem ter visto, ou tendo visto com a obsessão de detestar. Peço que não encham os comentários reclamando do filme, porque essa onda de ódio que o filme está levando de tanto lado me INCOMODA, por motivos já ditos. Muita gente já decidiu que não é bom só de ver o título e fim. Li um comentário recentemente dizendo que é “fútil”, mas se você viu o filme todo, certamente vai entender que o que Julia e Geraldine passaram ensinaram às duas exatamente o contrário…
Ah, não vou me prolongar, o filme está legal SIM, eu ri e veria de novo.
Se você não tem vontade e vai amargurado para a sessão… nem vá mesmo, melhor.
Pode ser meu novo guilty pleasure? Por que não? Ah, nem venham tentar me julgar!

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