Vale o Piloto? – Sherlock 1x01 – A Study in Pink


“The name is Sherlock Holmes and the address is 221B, Baker Street”
Que episódio SENSACIONAL! Os episódios de Sherlock, série da BBC que estreou em 2010, são episódios longos, de aproximadamente 90 minutos, e baseados nas obras de Sir Arthur Conan Doyle, pelo menos em sua grande maioria. Cada temporada apresenta apenas 3 episódios (nesse tamanho) e precisamos esperar uma eternidade até a próxima temporada… esperamos a quarta temporada, por exemplo, para 2017. Pelo menos desse modo a série está acessível para qualquer um que queira entrar a qualquer momento. Uma maratona é rápida, eficaz e maravilhosa. Entro agora, atrasado, nesse universo – e já estou completamente apaixonado. Steven Moffat faz um belíssimo trabalho de escrita, e ainda nem vou começar a falar desses atores fenomenais em seus papéis. O episódio é eletrizante, repleto de adrenalina e boas investigações, e o roteiro é bem amarrado e cheio de cenas memoráveis que fazem com que nós nos apaixonemos por esses personagens muito depressa. No fim do primeiro episódio já parece que estamos com eles há tanto tempo!
Visualmente e na parte técnica, o episódio está sensacional – é um trabalho cuidadoso que apresentou tanto os personagens como toda a escolha da série de como contar sua história. Então, em cenas como o primeiro momento em que Sherlock demonstra toda sua astúcia e rapidez de pensamento para explicar como conseguiu as informações de Watson apenas ao vê-lo, a câmera brinca com momentos stop-motion e vários ângulos da câmera e de zoom que mostram tudo o que está sendo dito. Também tivemos recursos tecnológicos quando Sherlock encontra o corpo da Mulher de Rosa e a série nos apresenta tanto o significado de “rache” em alemão como completa a palavra para Rachel, como outra possibilidade. O fluxo rápido do pensamento de Sherlock olhando e recolhendo informações nos é transmitido através das cenas que mostram o que Sherlock vê mas também as suas conclusões, como a aliança suja por fora e limpa por dentro e o que isso significa. É detalhadamente cuidadoso e bem construído. Isso sem ainda falar do roteiro impecável e das atuações que eu adoro.
A apresentação de Sherlock Holmes é feita de forma exímia! Benedict Cumberbatch faz um trabalho excelente e ele já é a minha visão perfeita de como o famoso detetive deveria ser – Benedict Cumberbatch É Sherlock Holmes, diferentemente de outros atores que tentaram interpretá-lo em filmes hollywoodianos por aí. Não quero citar nomes. É até um pouco complicado de explicar os motivos que nos fazem ADORAR Sherlock, mas é inevitável. Ele tem toda uma personalidade excêntrica com a qual é possível se relacionar, embora não sejamos nada próximos dele. Mas bem que gostaríamos de ser. Eu gosto de como ele é profundamente humano, e demonstra isso em vários momentos, mas é também um cara empolgado com crimes misteriosos, porque eles representam um desafio para ele e então ele pode seguir as pistas e chegar a algum tipo de resposta. Ele é motivado não pelas respostas, mas pelas perguntas, pela pesquisa. E isso é extremamente bacana! Sua astúcia apurada o permite notar, rapidamente, coisas que ninguém mais nota, e a maneira como ele fala é perfeitamente hilária às vezes.
Como aquele lance do batom e do café, que eu ri muito!
Mas ao mesmo tempo eu sinto que ele não fez nada daquilo por mal!
Bem, conhecemos, primeiramente, o Dr. Watson, um veterano de guerra que acha que nada acontece em sua vida, e que acaba arrastado até Sherlock por acaso. Treme e manca, supostamente atormentado por seu passado na guerra. E quando, bem depressa, Sherlock acaba o chamando para morar com ele, em uma cena espetacular, Dr. Watson vê-se subitamente envolvido em um caso com ele e com a polícia, e eles já estão trabalhando em busca de pistas e informações. E Sherlock é claro ao explicar o motivo de a polícia o consultar ocasionalmente: Afeganistão ou Iraque, o irmão de Watson que tem problemas com bebida, e que saiu de um casamento recentemente; tudo que ele pôde notar pelo celular, pela cor da pele de Watson, pelo jeito dele caminhar ou mesmo ficar parado. Milimetricamente calculado, com todos os detalhes cuidadosamente estudados com uma perspicácia e perícia inigualáveis. Sherlock Holmes. Eu adoro esse tipo de cena na qual ele chega a conclusões absurdas e gigantescas e nos explica como ele fez isso. Parece absurdo que ele tenha conseguido, mas ao mesmo tempo faz sentido. A danificação no ponto onde o celular é carregado que mostrava o problema com álcool? Wow!
“There you go. You were right. The police doesn’t consult amateurs”
E nesses momentos eu me pergunto: tem como não amar aquele cara? Benedict Cumberbatch já tem um carisma maravilhoso, e um charme inglês que não sabemos explicar, mas é apaixonante (aquele pescoço e aquele sotaque!), e sua interpretação de Sherlock Holmes é exata. Perfeita. Uma coisa que eu achei bacana durante todo o episódio: não é legal como o Watson fica empolgado com tudo o que ele vê Sherlock fazendo, fazendo comentários que efetivamente nos representam, até que ele decida se calar? E outra: o fato de Sherlock dizer coisas “maldosas” que são, no fundo, profundamente verdade, e por isso parece extremamente divertido? Como o ótimo “Oh God… what is it like in your funny little brains? It must be so boring!” e o “Oh, look at you lot. You’re all so vacant. Is it nice not being me? It must be so relaxing”. Tão condescendente, tão superior, mas simultaneamente você não sente que ele está realmente rebaixando tanto os seus colegas. Ele é evidentemente mais inteligente que todos eles mesmo! “Because you’re an idiot. Nah, nah, nah, don’t be like that, practically everyone is”.
Por isso Sherlock e Watson se tornam amigos muito rapidamente, e é convincente. Faz todo o sentido! O caso do episódio é baseado em A Study in Scarlet, o primeiro romance de Sir Arthur Conan Doyle com o personagem, e é perfeitamente instigante. Jennifer Wilson é a quarta pessoa a morrer, supostamente um suicídio, mas ela não é como nenhuma das outras: toda vestida de rosa, ela é inteligente demais para deixar o seu assassino escapar. Eu descobri bem antes do Sherlock o lance do taxista, mas é um roteiro inteligente e bem escrito que vai nos guiando pelas informações, montando o quebra-cabeças ao lado de Sherlock. Mas o que me surpreendeu de verdade foi a própria participação de Jennifer Wilson, a quarta vítima, na resolução de seu próprio assassinato e os três anteriores, porque ela deixou pistas a serem seguidas. O RACHE escrito no chão, a mala que ficou para trás e o celular. E Sherlock segue, competentemente, cada uma delas e tudo faz sentido… até que ele se veja ele mesmo convocado pelo taxista que matou as quatro primeiras pessoas, confrontado por ele e com a promessa de que ele seria a próxima vítima.
“I’m not gonna kill ya, Mr. Holmes. I’m gonna talk to ya and then you’re gonna kill yourself”
É um alucinante e perturbador jogo de xadrez com apenas um movimento, como o taxista o caracteriza. E é apavorante. Eu adorei todo o suspense e todo o nervosismo ao qual fomos submetidos no trecho final do episódio, mas eu entendi perfeitamente a adrenalina! Eu, me colocando ao lado de Sherlock, senti a ânsia pelo jogo e a emoção doentia do desafio. Quão inteligente ele é? O quão sorte e o quão estratégia era aquela apavorante roleta russa 50/50? “I’ll take whatever pill you don’t”. Apreensivo, eu não sabia como Sherlock resolveria aquele caso, como ele desvendaria o misterioso caso que parecia sem solução a não ser pela sorte, e me angustiava que o taxista dissesse coisas como “I know what people think. I know what people think I think” sentindo-se muito mais inteligente que Sherlock. Não que eu não ache possível, mas acho altamente improvável. E a finalização é impressionante e HUMANA. Eu não sei o quão longe Sherlock teria ido se estivesse sozinho, e eu admiro Watson por ter se aventurado e se arriscado daquela maneira no tiro mais bonito que eu me lembro de ter visto em séries… e ainda surge o mistério: MORIARTY.
Eu fiquei chocado! Já no primeiro episódio?!
Mas eu adoro ver Sherlock impulsionado e feliz pela dúvida: “I have absolutely no idea”.
A vontade, quando o episódio chega ao fim, é de continuar sentado e assistir a todos os episódios em sequência. Maravilhoso, bem escrito e envolvente, com belíssimas interpretações. E foi uma lindíssima apresentação de Sherlock e Watson. Adorei, por exemplo, aquela eletrizante perseguição ao táxi que mostrou a Watson que ele não precisava mais da bengala. “You’re not haunted by the war, Mr. Watson. You miss it. Welcome back”. Gostei como a amizade surgiu entre eles, e bem depressa, quando Sherlock reagiu diferentemente à palavra amigo e inimigo, e quando o repreendeu por não aceitar dinheiro de Mycroft: “Que pena! A gente podia dividir. Pense melhor da próxima vez!” E claro, a sugestão de que Sherlock seja gay, não só pelo “On the house for you and for your date” “I’m not his date”, mas também pela maneira como eles conversaram sobre isso, como Sherlock reagiu com um “Não é minha área” à palavra “namorada”, mas com um “I know it’s fine” depois do Watson se enrolar um pouquinho ao lhe perguntar de um namorado, e por fim responder com um sucinto “Não”. E melhor ainda: dizendo que se considera casado com seu trabalho, que agradece a oferta, mas não está procurando… FOI ÓTIMO! <3
Sherlock? Amei essa série de verdade e profundamente!
“I’m not a psycopath, I’m a high-functioning sociopath, do your research!”

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