Uma Fada Veio Me Visitar (2023)

“O que tiver que ser… será”

Antes de mais nada, eu preciso dizer duas coisas: eu amo as histórias da Thalita Rebouças e eu amo a Xuxa… portanto, QUE PRESENTE INCRÍVEL É ESSE FILME! Como é bom poder ver a Xuxa novamente no cinema depois de tantos anos, nos divertindo e se divertindo, fazendo referências à cultura pop dos anos 1980, à sua própria carreira, a memes que marcaram época! Baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças, de 2007, “Uma Fada Veio Me Visitar” é uma história infanto-juvenil, feita tanto para crianças e adolescentes na faixa etária de Luna, quanto para adultos que, como eu, foram “baixinhos da Xuxa” nas décadas de 1980 e 1990, e estão contentíssimos em poder reviver um pouco dessa magia, com um filme que é, também, claramente feito com esses fãs em mente…

Thalita Rebouças é uma escritora brasileira que emplacou uma série de sucessos escrevendo para um público jovem, e muitas de suas obras vêm sendo adaptadas para o cinema nos últimos anos. Tivemos sucessos como “Fala Sério, Mãe!”, de 2017, protagonizado por Larissa Manoela e Ingrid Guimarães; tivemos “Ela Disse, Ele Disse”, de 2019, com Duda Matte e Maisa; tivemos “Confissões de uma Garota Excluída”, de 2021, protagonizado por Klara Castanho; e a minha adaptação favorita das obras de Thalita Rebouças, que é “Tudo por um Popstar”, de 2018, com Maisa, Mel Maia e Klara Castanho como o trio protagonista. Além disso, Thalita Rebouças também é a responsável por roteiros de filmes como “Pai em Dobro” e “Lulli”, que não são adaptações.

E, agora, chegou a vez de “Uma Fada Veio Me Visitar”, que já ganhou uma adaptação em 2016, sob outro título. Protagonizado por Xuxa Meneghel como a Fada Tatu e Antonia Périssé como a adolescente Luna, “Uma Fada Veio Me Visitar” é uma história divertida sobre uma fada júnior que estava dormindo há 35 anos depois de ter falhado em sua última missão, e que é a escolha perfeita para “cuidar de uma adolescente” agora: afinal de contas, ela não sabe o pesadelo que os adolescentes viraram. É curiosa a premissa do filme porque, diferente do esperado, é a humana quem precisa ajudar a fada, no fim das contas, e Luna acaba sendo apenas um instrumento para o que as fadas estão realmente buscando: alguém que possa ajudar Lara em uma crise.

Assim, Luna é “forçada” a tentar se aproximar daquela que julga a garota mais insuportável da escola: Lara Amaral. Popular, arrogante e ocasionalmente maldosa, Lara não é exatamente o tipo de pessoa de quem Luna quer se aproximar, porque elas não podiam ser mais diferentes, mas Tatu está convicta de que isso precisa acontecer – embora ela tenha “informações sobre o futuro”, no entanto, ela não pode dizê-las a Luna, ela apenas precisa convencê-la a fazer o que ela pede, com a promessa de que, quando isso chegar ao fim, ela vai sumir de sua vida para sempre… é claro que, no entanto, Luna acaba se afeiçoando a Tatu e elas se tornam grandes amigas, a ponto de ela não querer se despedir da fada inesperada que apareceu na sua casa do nada.

E Tatu é uma fada diferente – o que eu adoro! Ela não se veste como Luna esperava que uma fada se vestisse tradicionalmente (se ela acreditasse em fadas), e todo o fato de Tatu ter dormido por 35 anos a coloca cheia de referências aos anos 1980, que são claramente direcionadas a um público mais velho. Os figurinos de Xuxa como Tatu são INCRÍVEIS, e são homenagens a filmes e personagens que marcaram época, como “Flashdance” e “She-Ra” (destaque para a música da Xuxa sobre a personagem tocando!), e a cantoras como Cyndi Lauper, Madonna (com referências a “Papa Don’t Preach” e “Crazy For You”), Clara Nunes e a Angélica (Tatu pedindo para Luna ao menos perguntar como ela vai embora, para ela poder cantar “Vou de Táxi”! ICÔNICO!).

Além de ser repleto de referências aos anos 1980 como um todo, “Uma Fada Veio Me Visitar” também é uma GRANDE HOMENAGEM À CARREIRA DA XUXA, o que eu achei lindíssimo. Assim, além de ser uma adaptação da obra de Thalita Rebouças, com sua história bem contada no cinema, “Uma Fada Veio Me Visitar” também é um filme da Xuxa e, em parte, “sobre” a Xuxa, com a constante quebra da quarta parede nos aproximando ainda mais da obra e colocando um sorriso nostálgico no nosso rosto. Além da Xuxa/Tatu se divertir cantando “She-Ra” vestida como She-Ra em frente ao espelho (!), temos outros momentos como ela cantarolando “A de amor…” ao tentar ajudar Luna na prova (!), ou até mesmo a recriação do icônico “Senta lá, Cláudia”.

Gosto particularmente de como trechos de músicas foram transformados em falas, como quando a Fadona das Fadas fala sobre como “O que tiver que ser, será”, ou quando a Luna está brava com Tatu e pergunta se “ela tá feliz”, e ela responde: “Tô. Tô. Todo mundo tá feliz”. Também amei o diálogo das fadas interpretadas por Dani Calabresa e Livia Inhudes, falando sobre como são fãs da Tatu e relembrando quando ela desceu de um “disco voador”, com duas maria chiquinhas, que é o que vivíamos diariamente no “Xou da Xuxa” e fez parte de nossas infâncias. Por fim, as duas últimas aparições da Fada Tatu: primeiro como uma fada “tradicional”, como Luna esperava; depois, como a própria Xuxa, como a temos visto em programas e entrevistas dos últimos anos…

Tão simbólico, tão bonito, tão emocionante!

Que bela valorização!

O filme também traz uma pincelada na temática do bullying e do cyberbullying, ainda que bem superficial, e Luna, quem diria, acaba se tornando a melhor amiga que Lara poderia ter, sendo a única que lhe estende a mão e a acolhe em um momento difícil – e acaba a ajudando a perceber os seus próprios erros, pedir desculpas e se comprometer a ser uma pessoa melhor. Há algo de brega na “transformação” e, principalmente, no pedido de desculpas em frente à sala toda, mas talvez porque eu não seja o público-alvo dessa parte da trama, ou porque me parece utópico demais, mas a intenção é boa e a mensagem é válida… é bonito pensar que existe esperança, e é isso que precisamos no mundo. E, de todo modo, a amizade que Luna e Lara constroem é bonita.

Também tem um toquezinho de romance? Embora não seja a parte mais importante do filme, temos sim, e é muito fofo! Além de nos mostrar que o relacionamento de Lara e Pedro (interpretado por Lucas Burgatti) não é tão perfeito quanto eles postavam nas redes sociais (!), o filme nos entrega um romance gostosinho e apaixonante entre Luna e Leo (interpretado por Henrique Camargo): ele é aquele tipo de “príncipe” atencioso, sempre presente e todo carinhoso e fofo, então não tem como não sorrir conforme a história dos dois vai se desenrolando, até o pedido de namoro no aniversário de 16 anos de Luna… um momento no qual ela está se sentindo “a definição de gratiluz”, porque as coisas não poderiam estar mais perfeitas em sua vida.

Algo que ela aprendeu durante o filme!

Deixei o cinema com um sorriso no rosto, plenamente feliz por tudo o que “Uma Fada Veio Me Visitar” se propôs a trazer. É tanto uma história adolescente gostosinha de se acompanhar e com alguns temas importantes, quanto uma celebração da cultura pop dos anos 1980 e da carreira da Xuxa, com quem tantas crianças cresceram… é muito bom poder ver novamente a Rainha dos Baixinhos na telona, ainda mais em um filme leve, divertido e cheio de coração, que tem algo a dizer por si só e ainda honra toda a sua história. Me pareceu notável que a Xuxa estava se divertindo interpretando a Fada Tatu, e há algo de muito Xuxa e muito emocionante na maneira como ela acena para Luna, para a câmera e, consequentemente, para todos nós ao fim do filme.

Amei.

 

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Comentários

  1. Também achei o filme uma gracinha Jefferson! Sou fã da Thalita Rebouças e da Paula Pimenta. Lembro de ler esses livros quando tinha 12 ou 13 anos e me identificar demais com as histórias. Vendo essas adaptações adulta, eu já não sinto essa identificação, mas entendo que não sou o público alvo do filme e tá tudo bem. Mesmo assim me diverti muito com a Xuxa e suas referências aos anos 80.
    Me incomodou um pouco a forma como abordaram a história da Lara. Achei a reação dos alunos da escola meio fora de proporção. A pior coisa que vemos a Lara fazer no filme é aquele post super bobo zoando a Bia. Fora isso, só vemos coisas do tipo: ela dizendo que uma mochila que acabou de comprar tá velha e pedindo pra Luna colocar mais gelo na bebida dela. Essas atitudes mostram que ela pode ser folgada e materialista, mas não cruel como os outros alunos dão a entender? E eu entendo que às vezes as pessoas reagem de forma exagerada e hipócrita a certos acontecimentos, mas sei lá… foi, como você disse, meio brega.
    Você que assistiu a adaptação estrelada pela Kéfera e a Klara Castanho, me conta: qual dos filmes você prefere. Eu nunca assisti o primeiro, mas fiquei curiosa e pelo que me disseram eles têm pegadas bem diferentes então talvez seja até injusto comparar.

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    1. É legal entender quando a gente não é o público alvo e saber reconhecer isso, né? Porque nos permite aproveitar uma história bem gostosinha como essa! (Que, em parte, também foi pra gente, com as referências todas aos anos 80 haha)

      Concordo bastante com o que você disse sobre a Lara, como eu disse no texto... acho que faltou profundidade ali para fazer mais sentido para mim, mas é aquela questão do público alvo, né? Talvez tenha feito mais sentido para o público adolescente? (Mas que o pedido de desculpas na frente da sala toda foi brega, foi kkkk)

      Sobre os filmes: posso estar falando asneira porque eu vi "É Fada" na época do lançamento umas duas vezes e não voltei a ver depois, então faz um tempo... mas são propostas bem diferentes, eu acho que até a missão da fada é diferente. A parte boa é que diferencia um filme do outro, até porque não faz tanto tempo assim do outro. Acho que talvez "É Fada" seja menos na pegada de "lição de moral" e mais na comédia mesmo, mas é uma ótima comédia, eu me lembro de ter dado boas risadas (ainda uso algumas frases do filme como piada interna).

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