One Piece 1x07 – The Girl with the Sawfish Tattoo

“Luffy… help me”

Conforme nos aproximamos do fim da primeira temporada de “One Piece”, a série assume um tom mais sério e dramático que, curiosamente, também combina com ela – como comentei em minha última review. É muito interessante quando uma série consegue fazer com que nos compremos o seu universo e nos apaixonemos por seus personagens… porque, quando isso acontece, o sucesso é certo! “One Piece” tem força e tem carisma, e está construindo uma história de maneira muito interessante e coesa para pessoas que, como eu, não tiveram nenhum contato com o mangá e/ou o anime antes. Em “The Girl with the Sawfish Tattoo”, conhecemos mais sobre o passado de Nami, o segredo e a dor que ela carrega – e Luffy nunca deixa de acreditar nela.

É, talvez, o episódio mais diferente de “One Piece” até o momento: da história que está sendo contada à maneira como ela é contada. Retornar ao passado de Nami através de flashbacks protagonizados pela Larissa Manoela nos revela uma série de sofrimentos e o motivo pelo qual Nami disse, desde sempre, que odeia piratas. Mas, no fim das contas, o Luffy tem razão quando ele diz que “não é como todos os piratas”. Nami e Nojiko foram adotadas por Bellemere, uma mulher que trabalhara para a Marinha e que encontrou as duas garotas no meio de ruínas e as levou para casa… e, assim, elas estabeleceram uma família que, mesmo com seus problemas e dificuldades, também era cheia de muito amor, carinho e cuidado. Até a chegada do Bando de Arlong.

A chegada de Arlong e seus piratas em Coco Village mudou a vida de todos ali para sempre… o ataque dos piratas, que deu início a uma era de terror para os moradores da vila, também contou com a morte de Bellemere, brutalmente assassinada na frente de Nami e Nojiko. Desde então, Nami passou a detestar piratas com todas as suas forças, mas ela também quis “se juntar ao bando de Arlong”, na esperança de conseguir salvar o restante de Coco Village… então, ela ofereceu seus serviços como cartógrafa e fez um acordo com Arlong: um acordo que lhe permitiria comprar de volta Coco Village, para que ele nunca mais os atormentasse. Para Nojiko e para os demais moradores, ficou parecendo que Nami os traiu e foi trabalhar “para o pirata que matou sua mãe”.

Nami sempre foi uma das personagens mais complexas e mais enigmáticas de “One Piece”, e eu gosto de descobrir mais sobre seu passado, e de como sua história é complexa… no fim, Luffy tem razão em acreditar nela, mesmo quando ninguém mais acredita. Mesmo quando eles mesmos chegam a Coco Village (com uma ajudinha inesperada de Buggy, que se torna o novo “navegador” dos Chapéus de Palha temporariamente) e a própria Nami os manda “sumir”, ou quando eles percebem como todos os moradores da vila parecem odiá-la e querê-la longe dali… ainda assim, Luffy não está disposto a simplesmente abandonar Nami, porque ele sente que ela é uma boa pessoa. E eu ADORO a maneira como o Luffy realmente consegue ver através das pessoas…

Luffy é um personagem maravilhoso… eu já comentei isso várias vezes. Eu adoro a sua animação, a sua loucura, e eu amo a sua determinação e a sua lealdade. Ele acredita tanto na amizade das pessoas em quem deposita sua confiança que é muito bonito e revigorante de se ver! E eu gosto muito de como o Zoro o “segue”, mesmo quando ele não tem certeza das coisas: ele não sabe se gosta do Sanji e tampouco sabe se acredita tanto assim em Nami, mas existe uma coisa não dita, mas implícita, na qual Zoro parece dizer que “se o Luffy acredita, então ele também acredita”. Porque de uma coisa o Zoro tem certeza: ele acredita em Luffy. Então, quando eles conversam sobre isso, Luffy diz que está cansado de ouvir sobre Nami por outras pessoas… quer ouvir dela mesma.

Assim, o episódio consegue explorar maravilhosamente várias facetas de Nami… vemos o flashback de sua infância, conduzindo à sua “transformação”; vemos a Nami de agora, trabalhando para Arlong, embora essa seja a última coisa que ela queira fazer; e vemos a Nami através dos olhos de Luffy, e é sempre muito bonito ver qualquer pessoa através dos olhos de Luffy. O fato de Luffy não acreditar que Nami os trairia e saber, no seu coração, que Nami é uma boa pessoa é essencial para que ele continue por perto quando qualquer outra pessoa já teria ido embora, e então ele estará por perto quando Nami mais precisar dele – que é a hora em que todos os seus planos nos quais trabalhou nos últimos 9 anos, desde que deixara Coco Village, fracassam.

É muito bonito que Nami tenha a oportunidade de contar a verdade a Nojiko, e a conversa das duas é lindíssima e emotiva (com a Nojiko falando sobre como Nami deixou que ela e todos os outros a odiassem, quando ela só estava tentando protegê-los). É, também, a preparação perfeita para quando alguns oficiais vendidos da Marinha, a mando de Arlong, encontram Nami e roubam todo o dinheiro que ela juntara para, enfim, “comprar Coco Village de volta de Arlong”. A maneira como aquilo é angustiante, a maneira como tudo aquilo cobra um preço sobre Nami, a maneira como ela sai correndo sozinha, angustiada e como começa a esfaquear o próprio braço, como se tentasse apagar a tatuagem que a marca como um membro do “Bando de Arlong”…

E, então, Luffy chega.

Sério, não tem como não amar o Luffy. Ele nem precisa dizer muito, mas a força da sua presença segurando a mão de Nami e impedindo que ela continue se ferindo é impressionante. E ele está ali para ver Nami deixar de lado todas as barreiras que ela mesma levantou e, enfim, se mostrar vulnerável e pedir ajuda… duas coisas extremamente significativas acontecem aqui: 1) Nami pedindo, com todas as letras, que “Luffy a ajude”; e 2) Luffy tirando o seu próprio chapéu de palha e o colocando na cabeça de Nami. Nami sabe, e todos nós sabemos, o quanto aquele chapéu de palha significa para Luffy, já tivemos histórias sobre isso; portanto, o gesto de colocá-lo na cabeça de Nami representa muito mais do que Luffy jamais poderia dizer em palavras, por isso é tão bonito…

Ela é um deles. E ele vai ajudá-la. É claro que vai.

 

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