Severance (Ruptura) 2x04 – Woe’s Hollow
“So if
you’re not her, then who are you? Who has the power to send their Outie to the
Severed Floor?”
BEM-VINDOS
AO VALE DA AFLIÇÃO! E, possivelmente, ao episódio mais diferente de “Ruptura”.
Afinal de contas, sempre tivemos os Internos confinados em escritórios bem
iluminados, mas claustrofóbicos, da Lumon, e os Externos protagonizaram, em sua
maioria, cenas bastante escuras… agora, temos a oportunidade de ver os Internos
explorar o mundo exterior (supostamente), em um cenário vazio e repleto de neve
– o que, ironicamente, acaba tendo semelhanças com o seu escritório de
Refinamento de Macrodados, no Andar da Ruptura, pois seguimos em um lugar
iluminado e dominado pela cor branca. O episódio é uma “aventura”
inusitadíssima e que traz Irving para uma posição de protagonismo maravilhosa,
com uma virada final muito boa.
Novamente,
uma grande promessa para o futuro!
O processo
de Reintegração de Mark no fim do episódio passado é, com exceção de uma única
cena, ignorado pelo episódio, e acredito que teremos que reencontrar o Mark
Externo para ter mais notícias dos resultados. Por ora, acompanhamos o Mark
Interno quando ele, assim como os seus colegas do Refinamento de Macrodados,
desperta em uma paisagem fria para o que a Lumon chama de “um retiro ao ar
livre”, que eles encaram como uma resposta ao desejo dos Internos de “ver o
mundo exterior”. Pelos próximos 2 dias, eles explorarão aquela paisagem,
encontrarão a Caverna da Tesoura e, quiçá, uma espécie de “Escrito Sagrado de
Kier”, algo que fica assombrosamente religioso
de uma maneira sinistra que tem tudo a ver com a concepção de “Ruptura”.
Seguindo as
direções apontadas bizarramente por “cópias” de cada um deles (!), Mark S. e os
demais chegam até o Vale da Aflição, seguindo os passos de Dieter, o gêmeo de
Kier que eles nunca souberam que existia… particularmente, eu gosto da
estranheza quase perversa da série, eu gosto de como algumas coisas parecem
“plantadas” esperando suas reações, como a foca morta, desfigurada e congelada,
e de como cada um reage à sua maneira, com o Irving sendo, talvez, quem mais
está percebendo a estranheza daquilo
tudo… quem mais está vendo que aquele “retiro ao ar livre” não é um jogo, muito
menos um presente… por que os Internos confiariam
na Lumon? Na verdade, Irving nem mesmo acredita que a Helly R. é de fato a
Helly R. que conhecia.
E ele
está com a razão, é claro.
Depois de
muitas horas de caminhada, Milchik aparece para apresentar a eles “a cachoeira
mais alta do mundo”, e sabe que esse é um dos meus momentos favoritos no
episódio? É propositalmente incômodo, porque é uma mentira deslavada, mas é
como se o roteiro estivesse trazendo uma mentira tão escancarada (na qual os
Internos acreditam porque eles não têm repertório o suficiente para contestar)
para esfregar na nossa cara como eles
mentem… não que confiemos na Lumon, nunca confiamos, mas o roteiro quer
deixar isso o mais claro possível. E tudo é sinistro, até mesmo o acampamento
no qual eles são “convidados” a passar a noite: quatro barracas azuis, um
banheiro, uma grelha, carne, marshmallow, um recital…
AMO a cena
do Mark S. encantado com o fogo da tocha…
Tudo é novidade para eles!
Naquela
noite, o tal “recital” é uma leitura exageradamente dramática do primeiro capítulo
do Livro de Kier, que acaba virando um caos porque “Helly” debocha da morte de
Dieter, quebra todo o clima de tensão e Milchik encara aquilo como um
desrespeito ao sagrado – como uma profanidade a ser punida. É assim que as
coisas retornam para o clima de tensão quando Milchik resolve castigá-los
jogando os marshmallows diretamente no fogo para que eles não possam comer. A
cena importante, no entanto, vem depois, com Irving. Desde o momento em que
“Helly” falou sobre o “jardineiro noturno” que viu quando acordou no mundo
exterior que Irving acredita que ela está mentindo… e, nesse momento, ele a
confronta na frente de todo mundo.
Infelizmente,
no entanto, todos ficam contra ele.
Ainda assim,
é interessante como o roteiro é construído de maneira inteligente com os
elementos sendo plantados para a construção de algo maior… o confronto de
Irving e Helly conta com Helly dizendo a Irving que “ele está nervoso porque
nunca mais vai ver o Burt e isso o lembra de como ele é solitário”, e aquilo
fica na mente de Irving quando os caminhos se separam, e eu gosto da nada sutil
forma como o episódio coloca em paralelo a cena de Helly e Mark transando pela
primeira vez em uma das barracas enquanto Irving caminha do lado de fora, no
frio, chamando por Milchik ou Huang, que não o atendem: os cortes de uma cena
para a outra parecem acentuar a “crueldade” de Helly R., bem como a “solidão”
de Irving B. E, assim, a virada se constrói.
A cena de
Mark com a suposta Helly na barraca traz algum tipo de conexão que só é sincera
unilateralmente (!), e traz algumas dicas do roteiro para o que está por vir –
ainda que já tenhamos desconfiado
anteriormente dessa virada, é excelente vê-la se construindo. Helly fala
sobre como teve vergonha de quem era do
lado de fora, e Mark pergunta quem ela era, mas logo retira a sua pergunta,
dizendo que não se importa com quem sua Externa seja, apenas com quem ela é
ali, quando está com ele. Também destaco o momento breve em que as duas
consciências de Mark parecem oscilar novamente, como no fim do episódio
passado, e ele vê Gemma no lugar de Helly, e aquele sonho de Irving com o
“escritório” no meio da mata, talvez a melhor cena do episódio.
Então,
chegamos ao grande clímax, à aguardada virada dessa temporada. Irving encontra
“Helly” sozinha olhando para a cachoeira e, nesse momento, ele não desconfia dela… ele sabe que ela não é quem diz ser. Ele diz que o que ela dissera na
noite anterior foi cruel, e “Helly nunca foi cruel”, e então ele se pergunta em
voz alta: se ela não é Helly R., quem ela é? Quem tem poder o suficiente para
mandar seu Externo para o Andar da Ruptura? Então, contra todos, Irving B. se
volta contra a impostora que está se passando por Helly R. desde o início da
temporada (!) em uma cena fortíssima na qual ele ameaça afogá-la no lago,
respondendo aos protestos dos demais Internos dizendo que “Ela não é a Helly,
ela é uma Eagan”. E, então, prendemos o
fôlego.
Que
sequência EXCELENTE, convenhamos! Os outros estão em choque, Milchik não sabe o
que fazer, Irving tem muita certeza na voz quando grita que ela é uma Externa,
uma informante, uma Eagan, e manda que Milchik traga Helly R.. de volta. E, com
medo de morrer naquele momento, Helena Eagan dá ao Sr. Milchik a ordem, o
chamando como os Internos nunca chamam: Seth. E, naquele momento, ela deixa de
lado todo o seu disfarce. Seth Milchik atende às ordens de Helena Eagan e só
precisa de um comando pelo rádio para fazer com que Helly R. desperte pela
primeira vez desde o fim da temporada anterior… mais confusa do que nunca.
Naquele momento, Irving a retira da água e a abraça, pedindo desculpas
sinceras. Helly R. está de volta…
Irving, no
entanto, pagará por seu “atrevimento”. Ele está “dispensado”.
QUE EPISÓDIO
EXCELENTE!!!
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