Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa (2025)
“Bora sarvá a goiabeira!”
Que delícia
assistir ao Chico Bento e toda a turminha de Vila Abobrinha ganhando vida em um
live-action cheio de vida,
personalidade e, é claro, carisma! Eu gostaria de registrar, aqui, como eu estou feliz com o espaço que as
adaptações em live-action dos
personagens de Mauricio de Sousa está ganhando nos últimos anos! Há algum
tempo, a ideia de adaptar esses personagens fora do universo da animação
parecia quase impensável, e eu sinto que foi o projeto Graphic MSP, que
permitiu que outros artistas lançassem um novo olhar sobre os personagens já
conhecidos, foi o que começou a abrir essas portas… tanto que a primeira
adaptação veio de uma obra dessa coleção. O sucesso de “Laços” e “Lições”
demonstrou, então, que esse era um caminho a ser explorado.
O universo
do Chico Bento é fascinante! Criado em 1961, o personagem conquistou o público
de tal modo que se tornou o favorito de muitos leitores ao longo de gerações, e
eu amo as possibilidades exploradas na turma que vive em Vila Abobrinha: existe
algo de muito aconchegante na ambientação das histórias e em seus personagens,
e esse cenário permite que as histórias explorem estilos diferentes das
exploradas na “Turma da Mônica”,
trazendo uma grande valorização da mata, da vida no campo e do folclore
brasileiro, por exemplo, além de a “Turma
do Chico Bento” ocasionalmente explorar alguns temas mais dramáticos, como
quando pensamos em Mariana, a irmã do Chico que virou uma estrelinha, ou na
trama da HQ “Arvorada”.
“Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”
tinha, então, a missão de trazer esse universo tão encantador à vida, e os
acertos começam na escalação de Isaac Amendoim para interpretar o nosso querido
Chico Bento! Já nos primeiros minutos de filme, estamos completamente encantados com a fofura do personagem, a
quem o ator dá vida exatamente como tinha que ser… como queríamos que fosse
quando lemos os quadrinhos! Amo toda a sequência do Chico ficando “todo
aprumadinho” para algum evento que ainda desconhecemos e que, para entender,
precisamos retornar para “o começo da história”… temos um Chico Bento que
quebra a quarta parede para conversar com o público e, eventualmente, se torna
o narrador de sua história…
É nessa
narração inicial que entendemos a relação do Chico Bento com a Goiabeira
Maraviosa: existe, na família do Chico, a tradição de se plantar uma árvore
quando uma criança nasce… a semente que daria origem à goiabeira, no entanto,
foi levada dramaticamente pelo vento até as terras vizinhas dos Bento, na
fazenda do Nhô Lau, e foi ali que nasceu a árvore “irmã” de Chico. Achei muito
bonita essa relação, e me diverti muitíssimo com como o filme apresentou as
“brigas” entre o Chico e o Nhô Lau por causa das goiabas, e se o Chico não
tivesse me ganhado antes, teria sido naquele momento: QUE SEQUÊNCIA GOSTOSA DE
SE ASSISTIR! É exatamente o que esperamos do personagem, com fofura, com
inocência, com carisma e com muita, muita diversão…
O Chico
dizendo que “primero o Nhô Lau decidiu menagear a gente com as belas-artes”.
MUITO BOM!!!
Além de
Isaac Amendoim dando vida perfeitamente ao Chico Bento e sendo o grande
destaque desse filme, o elenco infantil é completado por: Pedro Dantas como o
Zé Lelé, Anna Julia Dias como a Rosinha, Lorena de Oliveira como a Tábata, Davi
Okabe como o Hiro, Guilherme Tavares como o Zé da Roça e Enzo Guilherme como o
Genesinho. Entre os adultos, temos Luis Lobianco como o Nhô Lau; Augusto Madeira
como o antagonista principal do filme, o Dotô Agripino; Guga Coelho e Livia La
Gatto como Nhô Bento e Dona Cotinha, os pais do Chico; Thais Garayp como a
adorável e sábia Vó Dita; e participações especiais de Débora Falabella, que dá
vida à Professora Marocas, e de Taís Araújo, que é a personificação da
Goiabeira em uma das melhores sequências do filme.
A trama de “Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa”
gira em torno de SALVAR A GOIABEIRA DO NHÔ LAU. Agripino e Genesinho estão com
uma história mal contada sobre “progresso” e estão engambelando os ingênuos
moradores de Vila Abobrinha para convencê-los da necessidade de uma estrada
asfaltada, a “Agripino Road”, atravessando suas terras… o Chico fica
inconformado, no entanto, com o fato de que eles querem derrubar a goiabeira do Nhô Lau para fazer essa estrada,
quando claramente não existe nenhuma necessidade disso – tem tantos outros
lugares por onde a tal estrada pode passar, por que tem que ser justamente
ali?! Sem que os adultos os escutem, as crianças se reúnem para fazer algo, mas
falham em escutar umas às outras e planejar algo de fato eficiente…
O que gera sua parcela de confusões.
Uma das
minhas cenas favoritas do filme acontece quando o Chico está mais
desesperançoso, quando parece que não há
nada mais que ele possa fazer para salvar a goiabeira maraviosa. Chorando,
o Chico corre até a goiabeira e, na tentativa de pegar uma goiaba alta demais,
ele cai e desmaia – e, ali, ele tem uma experiência fantástica com a própria
Goiabeira Maraviosa, interpretada por Taís Araújo, em toda sua sabedoria e
capacidade de ensinar. Há tanta beleza, tanta emoção e tanto cuidado nessa
sequência que é de arrepiar! A maneira como a Goiabeira ensina ao Chico sobre a
natureza e como precisamos uns dos outros
o transformando primeiro em uma formiga, depois em uma árvore e, por fim, em um
pássaro é muito bonita, e o Chico finalmente
entende tudo…
Antes de
correr falar com os amigos, ele abraça e beija a Goiabeira…
O que é um momento FOFÍSSIMO!
Então, o
Chico reúne toda a turminha, entendendo que eles precisam ouvir uns aos outros,
e a resposta está em um plano que Rosinha chegara a mencionar antes: fazer um mapa. Com o mapa da Vila
Abobrinha e a fala repetida de Genesinho sobre por onde a Agripino Road passaria, eles conseguem expor como o
projeto é inviável, não apenas para a goiabeira do Nhô Lau, mas para um monte
de outras coisas… e, enquanto se enrolam para explicar os absurdos do
“projeto”, Genesinho acaba soltando que “eles ganham por metro de asfalto”. Com
inteligência e com a união de todos, eles conseguem acabar com toda essa
história, porque ninguém vai derrubar uma goiabeira tão “maraviosa” para vender metro de asfalto… então,
está tudo bem no fim!
Deixei o
cinema realizado e com um sorriso no rosto, feliz por mais um live-action dos personagens do Mauricio
de Sousa que funcionou à perfeição! “Chico
Bento e a Goiabeira Maraviosa” talvez não esteja, ainda, no nível de “Laços” e “Lições”, que tiveram a vantagem de ter seu roteiro adaptado de uma
Graphic MSP já existente e de qualidade inquestionável, mas é uma bela
introdução a esse universo apaixonante da Vila Abobrinha, com acertos tanto na
escalação de seu elenco quanto na construção visual da obra, e eu espero poder
ver mais aventuras do Chico Bento na tela do cinema… ou, quem sabe, em uma
série para o streaming, podendo
explorar mais dos outros personagens apresentados, como aconteceu com a “Turma da Mônica”.
Fiquemos
atentos!
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Coisa mais fofa essa filme 😍
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