“I’m the perfect stranger who knows you too well”


But I’m alive, I’m alive, I am so alive
And I feed on the fear that’s behind your eyes
I’m alive, I’m alive, It’s a sole surprise
I’m alive, so alive
I’m alive

O Gabe é um personagem bastante emblemático. Ao mesmo tempo em que ele é extremamente sensual e sedutor (vide que os atores escolhidos para interpretá-lo sempre seguem esse padrão), ele tem um quê de vulnerabilidade e crueldade. Suas ações são ora ternas ora assustadoras e condenáveis. Eu amo a ambigüidade do personagem, proveniente de sua condição atual, e como embora sua relação principal seja com Diana, ele se relaciona de maneiras diferentes com cada um dos personagens.
Um personagem muito intenso. I’m Alive é sua melhor música-tema, descreve basicamente tudo o que o personagem representa, e a própria música transmite muito bem essa intensidade. O ator que o interpreta (e nunca ninguém será tão bom Gabe quanto Aaron Tveit) precisa de muito talento para ser envolvente e perigoso ao mesmo tempo – para nos transmitir o sentimento paradoxal de proteção, de que queremos gostar dele ao passo que ele representa tanto mal, tanto problema – como li uma vez em um comentário: como alguém tão belo poder ser tão mau? E eu amo o personagem por isso.
NÃO LEIA SE NÃO QUISER SPOILERS.
As sinopses oficiais insistem em não revelar a verdadeira face de Gabe, o que eu acho meio absurdo. Porque sim, é uma grande surpresa escutar He’s Not Here se você não conhece toda a história ainda, mas é difícil ignorá-la – e como tudo isso é revelado já na primeira meia hora de peça, eu não acho que seja o grande mistério: Gabe morreu aos 8 meses, e o que vemos durante todo o espetáculo é uma projeção misteriosa de sua mãe – que ao mesmo em que é criada por ela também tem vida própria e representa um perigo, principalmente a ela. A família vive sob a sombra desse fantasma, com uma personalidade tão contorcida. Invejoso quanto à vida da irmã, carente pela atenção do pai, protecionista com a mãe, e ao mesmo egoísta…
Perfeito.
Who is he? What is he?
I’m your worst fear. […] I am destruction, decay and desire, I’ll curve you em paralelo com I’ll heal you. A música brinca o tempo todo com os dois lados de Gabe, mas sua intensidade ao colocar as palavras e o ritmo acelerado e contemporâneo da batida tornam isso tudo uma cena grandiosa e perfeita! Consegue ser atraente e confiável em I am your wish, your dream come true e ao mesmo tempo frio e terrível em and I am your darkest nightmare too. Palavras fortes e bem colocadas em I’ve shown you. I own you. Quase uma natureza diabólica e assustadora.
E além de tudo isso que se refere principalmente à sua mãe, dois outros importantes momentos da música estão com Natalie e Dan. Primeiramente Natalie e Dan conversando sobre os remédios de Diana e o “Ele nunca vai embora!”, e Gabe tão maquiavélico, suave e convincente ao apresentar Natalie aos remédios da mãe – uma maneira de prejudicá-la, que também deixa clara seus sentimentos em relação à irmã. E o tão bem colocado If you won’t grieve me, you won’t leave me behind que parece indiscutivelmente dirigido a Dan, que se nega a sofrer de verdade pela morte do filho – Gabe parece ter a necessidade desse luto para que possa partir, retomado mais tarde na reprise da música: Until you name me, you can’t tame me, this is one old game I can play so well.
Gabe é meu personagem favorito, ele é um perfeito anti-herói. Não tem como não gostar dele, mas também não tem como negar todas as atrocidades que ele faz durante todo o tempo. Como enquanto a mãe canta I Dreamed a Dance e ele soa tão convincente e fascinante em There’s a World – suavemente convencendo a mãe a ir com ele. Me arrepia ouvir aquela música e a narrativa seguinte do psiquiatra, toda vez que eu escuto – sempre um grande choque. Mas é mesmo a partir disso que Gabe mostra todo seu egoísmo, seu desejo de ter a mãe consigo, ou pelo menos sem deixar suas alucinações de lado – campanha mascarada pelo desejo de “proteção da saúde de Diana”.
Eu realmente amo a interpretação de Aftershocks. Uma música com uma letra tão longa e cantada em tão pouco tempo, mas ao mesmo tempo calma, suave e um tanto quanto ameaçadora – o tom de voz sutil e mais grave de Gabe passa uma sensação de suspense, de rising action, e a música aparenta ao mesmo tempo ser um pesar melancólico e uma ameaça, uma promessa para o futuro. But with nothing to remember, is there nothing left to grieve?

I am every song that will stay unsung
I’ll find you
Remind you
[…]
I’m alive, I’m alive, I am so alive
And the medicine failed, and the doctors lied.
I’m alive, I’m alive, I am death defied
I’m alive. So alive.


Curta nossa Página no Facebook: Parada Temporal

Comentários