“I am the one who watched while you died”


I am the one who knows you
I am the one you fear
I am the one who’s always been here
I am the one who’ll hear you
I know you told her I’m not worth a damn.
But I know you know who I am.

Eu gosto muito da relação entre Dan e o filho em Next to Normal/Quase Normal, porque me parece realmente algo forte e emocionante. Se pararmos para pensar que, bem como Diana, Dan também perdeu o filho quando ele tinha 8 meses, ele nunca teve a chance de sofrer por essa perda, uma vez que foi isso que desencadeou todos os problemas psicológicos da esposa. Dessa maneira, o direito ao luto lhe foi negado, e isso meio que o consumiu ao longo dos anos, e ele foi privado da possibilidade de ser feliz, ou mesmo de sofrer; tudo para poder estar ali para amparar a esposa e ser quem “sustenta aquela família”. Pesado colocado dessa maneira, mas é basicamente isso.
E em Just Another Day já podemos ver esses traços bem claros, com Dan se perguntando o que fazer sendo o responsável por manter aquela família bem, e Gabe já pergunta à mãe a razão de o pai odiá-lo tanto. He’s Not Here é quase um hino de negação ao filho, enquanto I am the One é um pedido por atenção, Gabe provoca o pai. Durante as apresentações de I’m Alive, Gabe novamente indiretamente desafia o pai e tudo converge para o perfeito I am the One (Reprise) em que ele finalmente confronta o pai frente-a-frente, obrigando-o a olhar para ele, nomeá-lo e Dan finalmente se permite o sofrimento, agora que não cabe mais à ele a sanidade de Diana.
Perfeito.
Muitas vezes I am the One é visto bem do ponto de vista de Diana, e realmente ela é a parte central da cena, sendo que Gabe e Dan disputando sua atenção estão mesmo a ponto de fazê-la surtar. Mas outro ponto importantíssimo da cena é a própria disputa entre pai e filho, numa espécie de “ele não existe” vs “não vê o quanto a está fazendo sofrer”? Hey dad, it’s me. Why can’t you see? Dan não olha para o filho em momento nenhum, e o filho parece ter muita amargura nos olhos ao falar com o pai. O final em que a mãe o escolhe presenciamos um contagiante sorriso maquiavélico de vitória. Então a disputa e a indiferença são centrais. Look at me. Look at me!
E novamente subentendido estão dois grandes desafios que Gabe lança ao pai cantando I’m Alive, e nos perguntamos se o fantasma do filho não continua assombrando a todos porque o pai nunca se deu o direito de ter o luto que tanto merecia. Cause if you won’t grieve me, you won’t leave me behind claro que funciona tanto para a mãe quanto para o pai, mas Until you name me, you can’t tame me é uma das melhores partes da peça, porque é o que nos explica o motivo de Gabe não ser nomeado em nenhum momento do musical inteiro. E depois do tratamento de choque, Diana não se lembra do nome do filho, e é apenas Dan que é capaz de fazer isso, quase na última cena do espetáculo, finalmente libertando o espírito do filho, ou algo assim.
I am the One (Reprise) é minha música favorita. Porque é intensa e amplamente emocionante. Nos vídeos da internet é possível ouvir as lágrimas das pessoas na platéia. É genial, é grande, é de partir o coração. Toda a letra merece ser transcrita, por isso tem várias partes dela ao longo da postagem inteira, porque eu não podia escolher apenas trechos. Deixa muito clara a relação entre os dois, o amor, como um sempre foi consciente da presença do outro, mesmo tentando evitar isso, o sofrimento que finalmente é exteriorizado. Em Gabe. Gabriel. / Hi, dad já estamos em prantos, e a inocência desse cumprimento nos comove. Mas nada me machuca mais do que ouvir I am the one who watched while you died
Que em português também é impactante… eu sou aquele que te sepultou choca.

Eu acho fascinante o quanto Gabe precisa insistir pelo pai. Eu amo ouvir o But I know you know who I am em paralelo com a negação do pai (No). I know you know who I am (Can’t you just leave me alone?) I know you know who I am (Why didn’t you go with her?). E melhor ainda é ver Gabe abraçar o pai e prendê-lo, encaixando tão perfeitamente na letra da música. Cause I’m holding on (Let me go) And I won’t let go (Let me go) Yeah, I want you to know

I am the one who held you.
I am the one who cried.
I am the one who watched while you died.
Yeah, yeah, yeah.
I am the one who loved you.
I tried pretending that I don’t give a damn.
But you’ve always known who I am.


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