Doctor Who (2025) 2x02 – Lux

“Honey, I’m Velma”

MAIS UMA FIGURA PARA O PANTEÃO DOS DEUSES! Exibido em 19 de abril de 2025, “Lux” é o segundo episódio da segunda temporada de Ncuti Gatwa como o protagonista de “Doctor Who”, e temos aqui um episódio excelente que brinca com limites e entrega algo inusitado, divertido e impactante da melhor maneira possível. O episódio começa em 1952, no momento em que a saída de um personagem 2D de dentro da tela de um cinema se converte na causa do desaparecimento de quinze pessoas, e é para lá que a TARDIS é puxada, eventualmente, na constante tentativa do Doctor de atracar na Terra em 24 de maio de 2025, o dia para onde Belinda Chandra quer retornar… o dia no qual parece impossível pousar, porque a TARDIS fica ricocheteando.

O Doctor tem um plano, é claro… ele prometera levar Belinda Chandra para casa, mesmo que acabe sendo pelo “caminho mais longo”. Naturalmente, ele está intrigado (e levemente preocupado) com o fato de a TARDIS não estar conseguindo pousar na data desejada, e teme que algo ruim tenha acontecido na Terra nesse dia (!), mas quando eles pousam em 1952, é impossível para o Doctor não se envolver com um mistério local que precisa de resolução… gosto de como Belinda é inesperada, de como ela reage ao Doctor (ela dizendo que é “ridículo” que ele seja só “The Doctor” toda vez), mas de como é inevitável um pouco de fascínio no caso de eles subitamente estarem em Miami em 1952… quer dizer, é sua primeira viagem na TARDIS, e ela está LINDA com aquele vestido!

Então, ela também quer explorar um pouquinho do que tem do lado de fora…

Ainda que não seja a temática central do episódio, não passa despercebido pelo roteiro o fato de o Doctor e Belinda serem duas pessoas negras nos Estados Unidos dos anos 1950, com uma lei severa e absurda de segregação, e o Doctor chega a comentar que talvez eles tenham dado sorte de ser quatro horas da manhã e não ter ninguém nas ruas para vê-los. O Doctor e Belinda não se deparam com pessoas preconceituosas nem na lanchonete em que entram em busca de informações nem no misterioso cinema trancado e vazio que exibe filmes durante a noite, por algum motivo inicialmente desconhecido. Eles poderiam deixar para lá, entrar na TARDIS e seguir com a triangulação para chegar a 24 de maio de 2025, mas Velma e Fred estão um pouco curiosos, não?

Eu adoro como o episódio parece absurdo e de como, no absurdo, se cria um delicioso e inesperado clima de suspense que consegue nos deixar apreensivos. O Doctor e Belinda se deparam com o Sr. Ring-a-Ding, um personagem de desenho animado fora da tela de cinema, que parece muito mais vivo do que deveria (e vem com sua própria trilha sonora) e que dança brilhantemente entre o engraçadinho e o sinistro – com destaque para o sinistro. O Doctor, inicialmente fascinado com a curiosidade, não tarda a perceber o perigo que eles estão correndo, e o episódio não guarda segredo por muito tempo, com o personagem rapidamente se revelando como LUX IMPERATOR, O DEUS DA LUZ. Mais um deus do panteão para quem tudo é um jogo…

Um jogo fatal.

“Don’t make me laugh”

A perseguição de Lux, dentro de um espaço confinado que é o cinema durante a noite, leva o Doctor e Belinda até o Sr. Pye, o projecionista que segue dentro do cinema mesmo depois de 3 meses, exibindo filmes durante a noite para “alimentar” o deus da luz e se contentando com pequenos encontros com a sua esposa falecida, “trazida de volta” a partir de um vídeo que também “ganha vida”. O mais legal de “Lux” talvez seja o quanto o episódio brinca com possibilidades a partir desse momento, quando os nossos protagonistas são encurralados e presos dentro de um filme pelo deus da luz, e então aquilo vira um divertido jogo de reviravoltas e referências, com os dois sendo inicialmente convertidos em animações 2D e, depois, encontrando fãs…

O Doctor e Belinda estão tentando escapar do filme no qual foram presos… para isso, eles precisam primeiro voltar à sua forma original e deixar de ser animações “com cérebros 2D”, e depois desviar de armadilhas como quando eles acreditam que escaparam, mas estão apenas em uma versão da realidade com um continuísta ruim que entrega o engano. A melhor parte, é claro, acontece quando os dois saem de dentro de uma tela de TV e conhecem três fãs de “Doctor Who”, usando elementos como o cachecol do 4º Doctor ou a fez do 11º e animados por conhecerem, em pessoa, a própria Srta. Belinda Chandra. Amo as reações deles aos personagens, dos personagens a eles, amo a resposta certeira de que a história favorita é “Blink”… tudo funciona muito bem.

E “Blink” é mesmo EXCELENTE, não dá para negar.

No fim, há uma inversão na brincadeira para que não fique aquela coisa de “o Doctor saber que é um personagem fictício” e os três fãs do programa, “personagens sem sobrenome”, é que se revelam fictícios, prestes a desaparecer quando o Doctor e Belinda retornarem para a realidade deles… com um quê de pesar. O jogo é bom, e entrega o Doctor e Belinda queimando celuloide para retornar à realidade, agora também com uma ideia de como derrotar Lux, pensando no que ele nunca faz, que é ir para fora: ele está confinado naquele cinema escuro, alimentado pela luz dos filmes, e agora ele quer usar a energia de regeneração de um Senhor do Tempo (LUZ!) para ganhar um corpo de verdade, para se tornar um deus que pode caminhar livremente pelo mundo…

Talvez seja sua cobiça que o torna quase irrelevante no fim das contas… Belinda trabalha bem protagonizando o salvamento do Doctor quando explode parte do cinema para deixar a luz do sol entrar, e gosto da participação do Sr. Pye e da esposa morta na resolução do problema. Talvez Lux tenha sido um dos deuses do panteão a dar menos trabalho? Quer dizer, não está no nível do Toymaker ou do Sutekh, mas rendeu um episódio excelente com final bonitinho, que é o que me importa! Ao amanhecer do dia e com o retorno dos 15 desaparecidos, o Doctor e Belinda entram na TARDIS e partem, rumo ao destino à qual a TARDIS os levará antes do dia 24 de maio de 2025. Destaque para a aparição da Sra. Flood, pela primeira vez fora do seu tempo… o que isso quer dizer?

QUEM É A SRA. FLOOD, AFINAL?!

 

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