Anos Dourados (1986)
Bem-vindo aos anos dourados!
De volta aos
bailes, às desavenças políticas, às proibições e aos amores impossíveis…
escrita por Gilberto Braga e dirigida por Roberto Talma, “Anos Dourados” foi uma minissérie que marcou época e que é sempre
lembrada com muito carinho pelas
pessoas que a assistiram. Com apenas 20 capítulos, que foram exibidos entre 05
e 30 de maio de 1986, a produção fez com que nos apaixonássemos por seus
personagens carismáticos e imperfeitos, enquanto alguns deles curtiam a
juventude e outros as frustrações da vida adulta e infeliz às quais foram
conduzidos, por escolha ou não. “Anos
Dourados” é uma minissérie que traz diversão, drama, romance, pitadas de
mistério e uma visão interessante sobre uma época conhecida como “próspera”.
No centro da
narrativa, conhecemos Marcos e Lurdinha. Maria de Lourdes é uma normalista do
Instituto de Educação, filha de uma família conservadora e respeitada na alta
sociedade; Marcos Cantanhede, por sua vez, é um rapaz inteligente que estuda no
Colégio Militar, filho de pais separados. Quando os dois se apaixonam
perdidamente e à primeira vista durante um baile, eles estão prestes a desafiar
os olhares julgadores da época – e esse julgamento já vem de dentro da própria
casa de Lurdinha, cujos pais se recusam a aceitar o seu romance com um rapaz
que “não está à sua altura”, porque ele é pobre e eles consideram um absurdo que ele seja filho de uma mulher
separada que trabalha atualmente no caixa de uma boate… mas Marcos e Lurdinha
lutam pelo que sentem.
Ao lado de
Marcos e Lurdinha, temos uma galeria interessantíssima de personagens no elenco
jovem de “Anos Dourados”, mas três
personagens se destacam: 1) Claudionor, um jovem tímido e romântico que está em
busca do amor; 2) Urubu, o melhor amigo de Marcos e um típico adolescente cujos
hormônios falam mais alto; e 3) Rosemary, a garota que é julgada por todos ao
seu redor por seu jeito “espevitado”, e que descobrimos que ninguém conhece tão
bem assim. Rosemary é, provavelmente, a minha personagem favorita de “Anos Dourados”, e eu gosto de ver como
ela cresce durante a narrativa,
demonstrando uma maturidade e uma fidelidade impressionantes. Inclusive, o seu
fim no último capítulo é facilmente um dos meus favoritos!
Já na
galeria de personagens adultos, os protagonistas são o Major Dornelles e
Glória, a mãe de Marcos. Os dois se conhecem por acaso na saída de um baile e,
a partir daquele momento, a vida de ambos é mudada para sempre. Dornelles vive
em um casamento infeliz desde sempre, em um contexto político com o qual ele
não concorda, e é só com Glória que ele sente que está livre para ser ele mesmo
– é com Glória que ele tem coragem de conversar sobre os seus gostos, sobre as
suas vontades, sobre os seus sonhos… o romance dos dois tem aquele contexto
todo de romance proibido porque, afinal de contas, Dornelles é um homem casado,
mas os dois não conseguem ficar longe um do outro, mesmo quando eles resolvem
tentar fazê-lo…
E é uma
relação bonita, no fim das contas.
O elenco de “Anos Dourados” conta com vários grandes
nomes da teledramaturgia brasileira, é claro. Nos papéis protagônicos, temos
Malu Mader dando vida à Maria de Lourdes e Felipe Camargo ao Marcos, bem como
Betty Faria como Glória e José de Abreu como o Major Dornelles. Também temos
Nívea Maria como Beatriz, a esposa de Dornelles; José Lewgoy como o autoritário
Brigadeiro Campos, pai de Beatriz; Yara Amaral e Cláudio Corrêa e Castro como
Celeste e Vidal Carneiro, respectivamente, os pais de Lurdinha; Milton Moraes
como Morreu, o pai de Marcos; Taumaturgo Ferreira como o Urubu; Antonio Calloni
como o Claudionor; a Isabela Garcia como a maravilhosa Rosemary; Rodolfo
Bottino como o Lauro. Um elenco incrível!
“Anos Dourados” tem presença e tem
carisma. Ao assistir novamente à minissérie atualmente, conseguimos perceber
por que ela se tornou um nome tão importante da teledramaturgia brasileira. Em
seus 20 capítulos, com todas as características de um folhetim, “Anos Dourados” consegue flertar com
grandes discussões que cabem à sua proposta. Ainda que muitas discussões
políticas fiquem para “Anos Rebeldes”,
“Anos Dourados” também traz algo
sobre o momento pré-ditadura que o país estava vivendo, bem como lança um olhar
sobre a juventude da época, as proibições de uma sociedade conservadora e, é
claro, os amores e desejos da fase, combinados com os efeitos da repressão dos
mesmos. Uma obra deliciosa, com um último capítulo impactante.
Aguarde só!
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Visite também “Teledramaturgia Brasileira” em Além do
Cantinho de Luz
As minisséries antigas da globo eram muito boas. Tinham um primor técnico e artístico impressionante. Hoje em dia parece que eles tentam emular muito o estilo dos streamings. Mas talvez seja a nostalgia falando.
ResponderExcluirAcho que a nostalgia é um fator determinante sim, mas o investimento (não apenas financeiro) da Globo nas suas minisséries antigamente era admirável. Tivemos ótimas produções!!!
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