Legion 3x03 – Chapter 22



“David… my beautiful boy”
Um pouquinho mais de viagem no tempo, dessa vez com direito a paradoxos temporais. Não é uma viagem e um roteiro magnífico no estilo de “Dark” (minha série de ficção científica favorita da atualidade), mas o “Capítulo 22” de “Legion” guarda certa semelhança com a série no momento em que David Haller acaba causando aquilo que queria impedir… como foi com Ulrich, na primeira temporada de “Dark”, como foi com Jonas na segunda. O episódio nos leva de volta para um momento onde David era um bebê, o que quer dizer que, em algum momento fora de tela, Kerry conseguiu amplificar os poderes de Switch e ela pôde levar alguém com ela através do corredor da viagem no tempo, e agora David quer alertar a mãe para que Farouk não entre na sua versão bebê e o atormente durante anos e anos e anos, gerando toda a história que já conhecemos.
A direção do episódio, como sempre, é lindíssima, e eu adorei conhecer um pouco mais dessa época da vida de David, além de ver o Professor Xavier jovem, aqui chamado apenas de “Charles”. Encontramos David chorando, Gabrielle, sua mãe, perguntando pelo marido (“How long have you been gone? Charles, are you still there?”) e, em algum momento antes disso, quando Charles Xavier decide ir ao Marrocos, atrás de um possível novo mutante… ele promete retornar. Também vemos Charles usando uma versão primitiva do Cérebro, vendo o Farouk (o que causa certo pavor, seu olhar perdido, assustado), um momento em que tanto Charles quanto Gabrielle estavam em um hospital psiquiátrico e, por fim, uma cena de Charles na guerra, vencendo uma “batalha” com a sua telepatia… e ainda é muito difícil entender a ordem daqueles acontecimentos.
Então, tudo começa a fazer sentido. Em paralelo, a festa de David e os demais continua rolando, em algum lugar paralelo, enquanto vemos a história de Charles e Gabrielle (ela se pergunta quem David será, e aqui temos uma das sequências mais lindas do episódio, quando vemos vários pequenos momentos da vida de David, seja criança, adolescente ou adulto, momentos em que vemos seu poder se manifestar, e que já vimos na primeira temporada de “Legion”), e então, quando ouvimos a voz do David adulto chamando pela mãe, uma voz incorpórea, entendemos que, de algum modo, ele está ali, mas ele não pode ser visto por Gabrielle… talvez nem mesmo ouvido. Switch não sabe o que aconteceu, mas ela nunca voltou tanto tempo no passado, e tudo é bastante instável. David sente que Farouk está vindo, e sabe que precisa fazer algo se quiser impedir que ele tome conta do bebê David.
Mas como alertar a mãe?
A viagem no tempo de Switch e David não os leva apenas ao momento em que David era um bebê, pouco antes do Farouk tomar conta, mas também a cenas do hospital psiquiátrico, em algum momento antes disso, e David não entende o que estão fazendo isso: é muito antes. Switch explica que, de algum modo, esses tempos estão conectados. Então vemos Charles e Gabrielle se conhecerem, em um hospital psiquiátrico (“I guess it just… runs in the family”), e vemos Charles tentar interagir com Gabrielle, sem sucesso, a princípio, mas então eles acabam conversando, tendo aquela divertida conversa sobre o tomate e a maçã, e então eles se aproximam. Charles fala sobre o seu poder, sobre “poder ouvir pensamentos e lembranças”, e eles passam muitos momentos juntos, comendo torta, jogando xadrez, mandando desenhos e dançando…
Fofos.
Ali, no hospital psiquiátrico, nasceu o amor dos pais de David Haller, e assim ele foi concebido. Então, Gabrielle fala sobre um sonho de ter saído daquele lugar, e Charles, confiante, pergunta por que eles não fazem isso, e então eles deixam o hospital para viver uma vida normal, e retornamos ao momento em que Gabrielle coloca David para dormir, pouco depois… enquanto isso, o David adulto assiste aos pais, emocionado, vendo a sua família reunida e se perguntando por que a mãe o abandonou, “o que ele tem de errado” e “por que não o amavam”. É bastante doloroso, na verdade. “Hey, baby me. […] Don’t worry, I’m here. I’ll protect you”. O interessante é como o jogo começa a virar de forma macabra… poderia ser que tudo fosse ficar bem… ambos temiam passar a doença para o bebê, mas preferiam acreditar que tudo ficaria bem, mas a presença constante de David adulto atormenta.
É assim que ele começa a causar o que desejava impedir… quando Gabrielle escreve a Charles uma carta, ela fala sobre como acha que a casa é assombrada, como escuta vozes, como se sente observada, como fala sobre uma “sombra” que se move… e isso tudo ainda não é Farouk, mas o próprio David, tentando impedir que a mãe vá embora. E a mãe teme que seja a doença retornando. Dali em diante, as coisas ficam mais macabras – o bebê David está em constante perigo, e a mãe é distraída pela TV, que desliga sozinha, enquanto David grita para que o seu eu bebê chore mais alto, e é angustiante como ele parece impotente, com a fumaça ameaçadora se assomando sobre o bebê, a mãe alheia a tudo, e Switch mandando ele usar o seu poder para impedir que o bebê seja tomado por Farouk… mas não parece que haja algo que ele pode fazer.

“Eu o encontrei. O nome dele é Amahl Farouk, ele é um telepata. Não é nada como eu, eu não deveria ter vindo… ele não tem moral, ele é um monstro… um tipo de demônio”

A sequência final é angustiante. David tenta falar com a mãe, sem sucesso, o bebê chora, a trilha sonora se intensifica, mostrando mais o presente que o passado, enquanto Gabrielle se sente atormentada pela presença que sente na casa. A mulher surta quando vê o bebê no berço, e surta ao ver o “fantasma” de David ao lado do berço, e quando Charles chega, ele simplesmente expulsa a presença de David dali, de volta para o presente – David e Switch retornam ao presente, incapazes de voltar agora, porque Switch está brava, e nada mudou… na verdade, mais do que isso: David causou o que queria impedir, ao atormentar a mãe daquela maneira. Enquanto Charles chora e pede que Gabrielle acorda, Farouk aproveita o bebê David desprevenido para entrar nele, e é então que todo o tormento começa. Na última cena, vemos Farouk ninar o bebê David dentro de sua mente.
“My beautiful boy”
CREEPY.

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