Doctor Who 9x11 – Heaven Sent


“How long can I keep doing this, Clara? Burning the old me to make a new one?”
Toda a construção de uma verdadeira obra-prima para ser aplaudida ao longo de dois bilhões de anos, sem dúvida alguma. O belíssimo episódio stand-alone de Peter Capaldi me surpreendeu infinitamente mais do que eu imaginava, e eu ainda estou com a cabeça girando, tentando me restabelecer, sentir minhas pernas novamente, controlar as lágrimas, o soluço, o sorriso. TUDO. Com uma atuação impressionante de Peter Capaldi (como possivelmente o melhor Doctor de New Who, ele teve aqui a sua MELHOR interpretação, sem dúvida), nós temos um episódio poético e desesperador, que acompanha o Doctor em todo o tempo que se seguiu à morte de Clara Oswald, e sua prisão em uma câmara de tortura pessoal para onde Ashildr/Me o mandou, sendo finalizado da melhor maneira possível. Tivemos, nessa semana, um daqueles episódios de nos deixar com os olhos esbugalhados e o queixo caído, aplaudindo loucamente. Com uma fotografia PERFEITA e trilha sonora impecável, tudo no episódio funcionou perfeitamente para termos o melhor episódio de Doctor Who até agora.
Cuja nota é, sem dúvida, um bom 12.
Quando ele começou, eu estava todo preocupado, mas completamente entusiasmado enquanto me segurava para ver como o Doctor agiria após a morte de Clara Oswald – e Peter Capaldi inicia o episódio mostrando que sua morte não vai ser levada levianamente. E o episódio termina mostrando que ela certamente não será esquecida. O Doctor protagoniza um episódio inteiro praticamente sozinho, e é arrepiante. Da mesma maneira como o episódio é intimista e poético, apresentando a natureza do Twelfth de maneira mais clara do que nunca, ele é igualmente perturbador. Assustador de uma maneira completamente diferente de tudo o que vimos em Doctor Who até então – porque não são medos “bobos”, mas sim uma profunda reflexão a respeito do sentido da vida e da morte, e isso é perfeitamente desesperador. Eu não pulei, não gritei de medo em momento algum, mas quando o Doctor se dá conta do que está acontecendo e então as cenas vão passando rapidamente enquanto o tempo avança… bem, naquela sequência toda eu não consegui mais me controlar.
De jeito nenhum.
Eu acho lindo que eles tenham insistido em deixar claro o quanto a Clara é e sempre será importante para o Doctor – porque isso é inegável. Então assim que ele chega naquele castelo, falando consigo mesmo, o Doctor faz questão de deixar as coisas bem evidentes: “If you had any part killing her and you’re not afraid, then you understand nothing at all. So for your own sake, understand this: I am the Doctor and I’m coming to find you. And I will never ever stop”. A força e a determinação do Twelfth Doctor foram assustadoramente intensas! Primeiramente, o Doctor precisava lidar com toda a questão da Clara, falando coisas ameaçadoras como “Clara said I shouldn’t take revenge, you should know I don’t always listen” e “I just saw my best friend die in agony, my day can’t get any worse. Let’s see what we can do about yours”, todas falas que me arrepiaram da cabeça aos pés e já fizeram meus olhos se encherem. Mas foi profundamente doloroso ver a maneira como o Doctor a ama e sente sua falta, conversando com ela do começo ao fim do episódio, vendo-a, e sentando-se na frente daquele quadro…
Tinha como ficar bem depois disso tudo?
“The day you lose someone is not the worst. […] It’s all the days they stay dead”
O lugar para o qual o Doctor foi enviado é uma prisão assustadora programada para amedrontá-lo, para contê-lo, para fazê-lo confessar coisas importantes antes de sua morte – e aí nós temos uma ligação fascinante com o início da temporada, na qual eu não tinha pensado até o término do episódio. De toda maneira, o Doctor é constantemente perseguido por uma criatura chamada de Véu, que só pára de verdade quando ele lhe conta alguma coisa, mas não qualquer coisa: uma confissão importante, algo que ele nunca contou para ninguém antes. E então as coisas mudam de lugar e o Doctor continua sua jornada por aquela “câmara de tortura personalizada”. “There are truths that I can never tell. […] But I’m scared that I’m alone. Alone… and very very scared”. Acho que eu nunca vi o Doctor tão frágil, com tanto medo, mas ao mesmo tempo nós NUNCA o vimos com uma intensidade e determinação tão grandes, então eu adorei a dualidade de suas ações na atuação perfeita de Peter Capaldi…
“Maybe I’m in Hell. That’s okay, I’m not scared of Hell. It’s just Heaven for bad people”
Foram incríveis momentos repletos de detalhes e planos geniais que ajudaram a tornar o episódio impressionante. Ele faz visitas à TARDIS em momentos em que se sente próximo à morte, esticando o tempo de poucos segundos para pensar em coisas e conversar conosco, sempre acompanhado de uma espécie de fantasma de Clara, que escreve coisas em um quadro (como em Listen) e macabramente só aparece de costas. A primeira vez que isso acontece eu surtei. “Question 1: What is this place?” e o Doctor pula da janela com uma infinidade tão grandes de detalhes que justificam suas ações, e se salva encontrando milhões de crânios no fundo do mar. O lugar assustador se torna mais assustador pela maneira como o Doctor reage a ele, e vê-lo pensar em desistir é algo perturbador: “Can’t I just sleep?” E no quarto 12 [!] ele encontra a passagem para casa, “enterrada”, e ele confessa uma nova coisa: que não fugiu de Gallifrey porque estava entediado, mas sim porque estava com medo. Isso tudo nos leva a uma discussão recorrente da temporada, com novas revelações ainda mais perturbadoras: O HÍBRIDO. Sobre o que, claro, o Doctor se recusa a falar: “I can’t keep doing this. I can’t! I can’t always do this! It’s not fair. Clara, it’s just not fair! WHY CAN’T I JUST LOSE? […] Whatever I do, you still won’t be there”.
E é angustiante ver o Doctor nesse estado!
Também foi tão bom ter a Jenna Coleman uma última vez dando forças ao Doctor! <3
Assim, as peças do episódio começam a se encaixar, e tudo se torna incrivelmente mais doloroso, sombrio e triste do que antes – quando o Doctor se dá conta de quem é o crânio ligado à máquina, ou até de quem são todos os crânios no fundo do mar. “Me. Exactly how I was when I first got here. Seven thousand years ago”. Aquela cena, previamente, na qual ele afirma que sabe que não viajou no tempo, mas as estrelas estão erradas, como se ele tivesse viajado 7 mil anos ao futuro… porque ele não viajou, mas passou aqueles 7 mil anos vivendo, sofrendo e “morrendo”, acumulando várias versões de seu próprio crânio no fundo do oceano… 7 mil anos vivendo a cada dia, sofrendo por Clara, sendo torturado pelo o que sabe, o assusta e não pode contar. Cavando a socos dolorosos um caminho de saída enquanto é perseguido pelo Véu. A representação do sofrimento do Doctor de maneira física é real e dolorosa. Aquela cena dele subindo as escadas, com o rosto e a mão queimada, completamente fraco e deteriorado, chegando ao teleportador para morrer para dar energia o suficiente para o surgimento de uma nova versão dele, passando por tudo uma vez mais.
Tudo dolorosamente novamente – do discurso pesado e triste às dores…
12 mil anos…
600 mil anos…
1 milhão e 200 mil anos…
2 milhões de anos…
52 milhões de anos…
Quase um bilhão de anos…
Pouco mais de um bilhão de anos…
Dois bilhões de anos…
E dolorosamente nós morremos com o Doctor a cada cena. Tudo se encaixa em um roteiro incrivelmente impecável, pensado e calculado nos seus mínimos detalhes para ser apunhalada forte no Doctor e em nós. Os crânios do fundo do mar, a roupa seca que o Doctor encontra ao sair de lá, o crânio que ele retira da máquina, coloca na Torre e cai no mar, se juntando aos outros… tudo se encaixando da maneira mais sofrida possível, enquanto o Doctor sofre continuamente a mesma dor e o mesmo sofrimento, sempre lembrando de Clara, evitando a confissão a respeito do Híbrido, e lentamente, ao longo de dois bilhões de anos, se aproximando de casa, a socos e mortes. A angústia está no quão poético e o quão triste aquilo tudo soou! Foi uma sequência desesperadora de puras lágrimas, rever tudo em cenas rápidas, em flashes perturbadores, e você admira a determinação de como o Doctor pôde continuar fazendo isso por tanto tempo, mas ao mesmo tempo sabe: o Doctor nunca esteve tão determinado e tão bravo. Ele foi levado a seu limite, e nós ainda não sabemos exatamente o que o Doctor pode fazer nesse ponto.
O que eu faria nesse ponto?
Entendo a raiva, a angústia, a frustração… a ira!
“Personally, I think that’s a hell of a bird”
O episódio acaba nos deixando mais instigados do que nunca, NÓS QUEREMOS O PRÓXIMO! Doctor Who atingiu, com perfeição, o seu auge, no melhor episódio já feito, com uma maestria de roteiro, fotografia e interpretação, um verdadeira obra-prima. O Doctor, depois de dois bilhões de anos socando para chegar em casa, retorna a Gallifrey. “Go to the city. Find someone important. Tell them I’m back. Tell them I know what they did and I’m on my way”. E ele sabe onde está o Híbrido, quem ele é; ele sabe que os Time Lords estarão com medo de saber que ele está chegando. E com razão. E o Disco de Confissão do início da temporada faz todo o sentido, com todas as confissões do Doctor prestes a morrer, e uma última confissão que é uma assustadora revelação: o Híbrido não é meio Dalek; nada é meio Dalek porque os Daleks não permitiriam isso. “The Hydrid destined to conquer Gallifrey and stand in its ruins. It’s me”. E eu, como um bilhão de outros fãs, tive um pequeno muito grande ataque cardíaco e terminei o episódio respirando com uma dificuldade indescritível!
Em dúvida se meu coração sobrevive ao próximo episódio…

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