João e Maria: Caçadores de Bruxas


Desde muito tempo eu fico triste com o fato de a história de Hansel e Gretel no Brasil ser chamada de João e Maria. Acho que esses nomes até funcionam muito bem para aquela história infantil da casa de doces, mas nesse filme que busca ser mais sério e macabro, era triste ler “João e Maria” na legenda, infelizmente. Mas defendendo meu país, sei que a legenda não poderia ser diferente, não se a história quisesse ser tão contundente quanto a original.
Superado isso, eu gostei do filme. Eu gostei do filme porque não depositei tantas esperanças nele, vamos ser claros. Eu estava esperando um pouco de diversão, e uma parte técnica impecável (que foi o que o trailer me vendeu), e não me desapontei. A história está bem contada, mas é uma história simples, contada em menos de uma hora e meia de filme. Então passa bem depressa. Não é um grande filme, uma obrigação nem nada disso, mas fãs de filmes? Eu veria!
O filme começa com a parte da história que já conhecíamos, mas contada de uma maneira mais sombria. E eu estava muito curioso mesmo para ver essa parte. Nada de farelo de pão nem nada assim, João e Maria são deixados na floresta pelo pai, e o filme fica meio creepy. Poucas cores e uma atmosfera bem sombria (ótima iluminação e trilha sonora!), os irmãos sofrem na floresta até encontrar a casa de doces da bruxa, que parece deslocada na paisagem. Mas mesmo com todas as cores, não parece muito viva ou convidativa. É assustadora, é macabra.
As cenas com a bruxa me conquistaram, porque o filme não teve medo de ser cruel. Mostrou a bruxa já de cara em sua verdadeira forma, e como eu já tinha notado no trailer, a maquiagem das bruxas está fascinante. Uma das coisas que me levou a ver o filme. E João e Maria precisam desde aquela época serem corajosos para jogá-la no fogo e vê-la queimar, naquela atmosfera sombria. E então crescerem conhecidos como os irmãos que derrotaram uma bruxa e se tornaram caçadores…
O filme a partir daí não tem mais muito a ver com a história original, apresentando João e Maria (Hansel e Gretel) adultos andando pelo país caçando tais seres – mas João diabético foi uma jogada inteligentíssima! E Maria sempre foi muito mais corajosa e ativa que ele. Em um dos lugares em que param, Mina está quase sendo morta como bruxa, mas é defendida pelos irmãos, que ganham a missão que guiará o filme: achar as crianças desaparecidas da cidade antes da Lua de Sangue, onde um ritual será realizado com um número elevado de bruxas.
Nessa jornada, temos muitos personagens que se juntam à história, e é bem divertido. Ben, chamado de fanboy nos sites sobre o filme, é extremamente divertido e fofo. Gostei muito de prestar atenção nele desde o comecinho, e então seu caderno com todas aquelas matérias. Ri com como ele cuidou de Maria quando necessário, e é ótimo vê-lo manejando uma arma e fazendo parte de tudo. Uma presença leve e descontraída no filme, com a qual eu me identifico! Por isso gosto tanto dele…
E Edward, um troll queridinho que arrancou muitas risadas. Mesmo sem fazer piadas. Mas o momento em que Maria pergunta seu nome e ele diz: “Edward”, o cinema inteiro caiu na gargalhada. Tire suas conclusões. E Mina, por quem João evidentemente se apaixona, e claro que é uma bruxa! Mas sem a única parte interessante das bruxas nesse filme, prefiro Muriel, tão fantástica em todas suas cenas, com aquele poder todo e aquela maquiagem tão genial! O filme foi muito bom nessa construção toda das personagens das bruxas.
Há alguns clímaces, mais do que um, e eu particularmente gostei das cenas de ação. Desde o começo precisamos de uma para ver como os irmãos trabalham juntos, e eles são muito bons! Gostei de verdade das cenas em que lutam contra bruxas em vassouras e tudo isso. A parte do grande ritual impedido eu nem me lembro tão bem como foi, mas enfim. Os efeitos especiais estavam precisos e as cenas de ação na medida certa: o tanto necessário para o filme, todas bem-feitas, sem ser cansativo.
E no meio dessa história toda, João e Maria ganham novos amigos que poderão continuar ao seu lado se o plano de levar a série adiante se sustente, mesmo com o pouco sucesso na crítica, e descobrem mais sobre a verdade a respeito de seus pais. É triste, é forte, é macabro. Mas as cenas são muito bem construídas, e mesmo forte é maravilhoso ver o que aconteceu com eles, como e porquê. Mesmo que tenha sido tão depressa e tenha parecido vir do nada.
Eu acho que o filme não é para ser levado muito a sério, e você não pode ser muito rigoroso ao se propor a vê-lo. Eu gostei, eu me diverti, foi uma hora e meia que eu considero bem gasta. Não é o maior filme do ano, e não chegará nem perto disso, mas é uma história divertida em meio à uma parte técnica muito cuidadosa. Agora vamos esperar Jack: O Caçador de Gigantes (adaptação de João e o Pé de Feijão), porque esse também parece ser bem interessante! Até mais…

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