Todo mundo tá no chão... – George Berger

A meditação transcendental no oceano da realidade é o amor.


Uma das coisas que devo elogiar em Hair é a singularidade dos personagens… cada um, parte da mesma tribo, tem sua própria personalidade – portanto exige do ator um trabalho único. Berger é o desinibido da tribo, conquistador – livre, porém quase um líder da galera. O personagem exige então que a atuação seja bastante solta, ousada e divertida… o primeiro ator a fazer isso na atual montagem de Hair no Brasil foi Igor Rickli (na temporada do Rio de Janeiro, porém agora ele está ensaiando para Rent), com Fernando Rocha sendo seu substituto. Na temporada paulista do espetáculo, Fernando Rocha assumiu o papel definitivamente, e foi com ele que eu pude ver Berger ao vivo…
Fernando Rocha teve uma ótima interpretação. Ele foi o Berger da maneira exigida – desenvolto e muito divertido (com uma ótima interação com a platéia), mas sério nos momentos necessários. Difícil imaginar Berger sério, mas ele soube fazer as cenas finais (chamando por Claude) com perfeição, transmitindo o pesar de seu personagem nos olhos; e, claro, a fantástica cena com Sheila no primeiro ato, da camisa de seda amarela… por mais cruel que seja a cena (e por mais raiva que tenhamos do personagem no momento), sua interpretação foi impecável.

Oh Donna, oh oh Donna
Oh oh oh
Sempre atrás de Donna

Berger, assim como todos os demais personagens, traz uma mensagem de amor, mas com sua personalidade extrovertida, ele parece mais incitador e revoltoso do que os demais. Para ele cabe o papel de “guiar” toda a tribo, e de sua própria maneira, tudo o que ele quer é viver sua vida e que a tribo possa ser feliz junta, como uma grande família… é ele quem abre o espetáculo, nos convidando a fazer parte da tribo e nos apresentando Donna, sua primeira música na peça. Mais tarde, após sua grande cena da expulsão na escola, ele canta Tá no Chão – que é seu último solo, mas realmente arrasa (ainda mais do que em Donna). Berger tem muita importância no começo da peça e acaba ficando bastante esquecido da metade para a frente. Para provar o tamanho de sua revolta/ousadia, temos a ótima fala: “Enfia seus currículos e seus diplomas bem no meio do olho do seu…” “Palavrão não pode!”.

Todo mundo tá no chão
Tá no chão, tá no chão

Como comentei acima, é bom ver que o personagem descontraído, impetuoso pode apresentar outros momentos. Sua briga com Sheila (e tudo o que ele diz), e a maneira como realmente a ridiculariza é uma grande cena… não é o momento em que admiramos Berger, mas decididamente é o momento em que admiramos o ator que o está interpretando, pela sua versatilidade. Sem contar que Carol Puntel (a Sheila) com seu solo sabe como fechar a cena com maestria…
É mais um ótimo personagem de Hair, e Fernando Rocha também é um grande ator (vi algumas cenas suas como pai de Claude, no Rio de Janeiro, na internet, mas não pude assistir ao vivo). Também aproveito para agradecer o comentário dele um mês atrás na minha primeira postagem sobre Hair no Brasil – muito contente em saber que você leu a postagem e se deu ao trabalho de comentar! E viu? Aqui só tem fotos do elenco de São Paulo! kkk Recomendo a peça a todos que tiverem a oportunidade de ver ao vivo! Teatro Frei Caneca, São Paulo – SP. Até mais…
Clique em “ler a matéria na íntegra” para ver um cronograma completo da nova seção do blog: Hair, o Musical (da qual essa é a terceira postagem).

22 de Fevereiro – Todo mundo tá no chão… – George Berger
25 de Abril – Finalização da seção Hair, o Musical

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