Anne with an E 2x04 – The Painful Eagerness of Unfed Hope



“I’ll be an agent of romance”
QUE EPISÓDIO MAIS EMOCIONANTE. “Anne with an E” voltou a ser o que nos acostumamos e amamos na primeira temporada, e esse é, certamente, um dos episódios mais lindos da série, em todos os seus âmbitos… a amizade de Anne e Diana continua sendo uma coisa linda, ao passo que Diana ganha uma história independente que  tem tudo a ver com a época e com o que estava acontecendo com a família; Gilbert Blythe continua distante, mas começando a ter vislumbres de um possível futuro que não se resume a jogar carvão na fornalha de um navio, e a sua cena é lindíssima; e Matthew precisa enfrentar duas coisas inesperadas nesse episódio. Anne errou ao se meter nos assuntos dele, e eu não posso negar isso, porque ela brincou com os sentimentos das pessoas e não devia ter feito isso, mas, ao mesmo tempo, eu não consigo julgá-la.
Por isso, acho que aquela conversa com Marilla foi tão perfeita.
O episódio começa com Anne brincando com as amigas num dia frio, depois de elas terem lido um poema sobre Elaine e Lancelot na escola, mas a Sra. Barry trata de acabar com a brincadeira rapidamente… a Sra. Barry realmente estava uma chata – assim como em vários momentos. Na primeira temporada, quando ela proibiu que Diana fosse amiga de Anne por causa de toda a história do licor, ou no episódio passado quando ela não quis ouvir Anne sobre a história da “febre do ouro”, mesmo que ela tivesse razão, falando sobre como “a Anne ficava enchendo a cabeça de Diana”, e agora ela proíbe uma brincadeira divertida das garotas. Mas a Sra. Barry, assim como toda a família, está no limite desde o golpe de Nate, e podemos ver a preocupação de nunca poder retornar para o país de onde vieram, ou então de não poder dar o futuro que desejava às filhas.
Assim, a Sra. Barry começa a ensinar etiqueta em casa para Diana e Minnie May, e aquilo se torna um verdadeiro inferno, cheio de broncas e regras, e ela anuncia que “a infância chegou ao fim”. Anne e Diana são dramáticas a esse respeito, e Anne fica inconformada com o livro de etiqueta (participação interessante e rápida de Cole aqui, com uma dica importante… mal posso esperar para ver mais do personagem!), e realmente foi sofrido ver as coisas se estendendo, ver a mesa de jantar se tornar um palco de guerra, e ver a maneira como Diana acaba reproduzindo o comportamento da mãe quando Minnie May, assustada, faz xixi na cama e, depois, pergunta “por que eles não se amam mais”. Aquilo foi de partir o coração, mas fez com que a Sra. Barry repensasse algumas de suas atitudes, enfrentasse o marido, e todos juntos saíram disso muito bem.
Aquela cena da família brincando nas folhas secas do outono!
Gilbert Blythe, enquanto isso, continua viajando o mundo em um navio, trabalhando exaustivamente, e Bash o provoca constantemente sobre a “carta de amor” que ele recebeu “de uma garota bonita” em Avonlea. Mas Gilbert não fica fascinado com a história do ouro, tampouco sabe se “Anne é uma narradora realmente confiável”, e, por ora, ele não quer tomar nenhuma decisão a respeito de voltar para casa ou qualquer coisa assim. E eu fico tão dividido em relação a essa parte, na verdade… eu amo o Gilbert (nesse episódio mais do que nunca, provavelmente), e eu adoro as histórias que ele está trazendo a “Anne with an E”, os lugares que está visitando (que são cenários lindos), e vou sentir falta de Bash se ele o deixar. Ao mesmo tempo, no entanto, eu sinto que, com Gilbert Blythe fora de Avonlea, nós não temos o suficiente dele.
Nesse episódio, Gilbert Blythe e Bash estão andando por uma nova cidade, Gilbert está finalmente enviando uma resposta à carta de Anne, quando eles acabam presenciando a cena de uma mulher grávida sendo jogada para fora de um bordel, à beira de parir – a bolsa da mulher se rompe, e não há muito tempo para chamar ajuda. Gilbert pouco sabe de partos, mas ele já realizou partos de vacas em sua fazenda, e embora não seja a mesma coisa, ele é, possivelmente, o mais preparado para fazer esse parto. Gosto de como o Gilbert é proativo, determinado, extremamente educado, e embora a mulher não queira confiar nele, a princípio, Bash a ajuda a fazê-lo (me emocionei com o “He’s my brother and I trust him”), e então Gilbert faz o seu primeiro parto, de uma criança sentada ainda por cima! É uma cena emocionante e bela… o sorriso do Gilbert depois… não tem explicação.
Que coisa mais linda.
Como eu amo esse menino!
Em Green Gables, enquanto isso, enquanto Anne espera uma resposta à carta que enviou a Gilbert, Matthew está recebendo cartas de Jeannie – e Anne acaba as lendo. Ela não deveria, porque é uma invasão de privacidade tremenda, mas eu entendo a curiosidade infantil, com as cartas expostas por ali… Anne é muito curiosa, ela não evitaria! E, então, toda romântica e poeta (ainda mais influenciada pelo poema de Elaine e Lancelot, lá do início do episódio), Anne fica encantada com o conteúdo das cartas, e inconformada com o fato de Matthew não as ter respondido… afinal de contas, ela acha que ele não devia se privar de algo tão bonito como o amor. É assim, então, que ela resolve responder a carta de Jeannie ela mesma, como se fosse o Matthew… e nós sabíamos que isso ainda daria um problema muito grande. Mas ela não pensa nisso.
Ela simplesmente age.
Impulsivamente.
Essa é uma característica importante de Anne Shirley-Cuthbert: ela é impulsiva e age passionalmente, mas nunca com má intenção. Ela achava que estava fazendo o certo, que estava ajudando, e só mais tarde vai descobrir que não é esse o caso… acontece que, mesmo que tenha sentimentos por Jeannie, Matthew não estava preparado para responder àquelas cartas. Ele é reservado, fala pouco… quando ele descobre que as cartas foram respondidas e, logo depois, confirma que só pode ter sido a Anne, ele a repreende, talvez pela primeira vez – e mesmo a repreendendo, ele é a coisa mais fofa desse mundo. Matthew a ama incondicionalmente, o que não significa que ele não possa chamar a sua atenção, e eu adorei como a série conseguiu que ele fizesse isso se mantendo completamente no personagem o tempo todo. Não é como o Dumbledore gritando com o Harry em “Cálice de Fogo”.
Matthew diz a Anne que o que ela fez foi errado e que gostaria que ela não tivesse feito. Anne fica arrasada. Dói saber que magoou o Matthew, dói vê-lo tão triste (e ela acaba gritando com o Jerry nesse momento, e ele não merecia aquilo, tadinho!), e dói o sentimento de que “estragou tudo”. Porque é isso o que ela sente… apesar de seu erro, eu fico com dó de Anne, porque ela sempre teve medo de “estragar tudo”, desde a primeira temporada, porque ela nunca teve um lar e uma família como em Green Gables, e ela não quer colocar isso a perder. E ela chega a falar sobre a sensação de “ter magoado tanto alguém a ponto de essa pessoa não poder mais te amar”. O que, naturalmente, não é o caso. Mas é como ela se sente… Anne fala com Marilla, e é EMOCIONANTE como Marilla é compreensiva e como ela acolhe Anne, explicando que ela precisa dar um tempo a Matthew.
Matthew, por sua vez, tem que ir pessoalmente conversar com Jeannie, e explicar que as cartas não foram escritas por ele – e, como ela diz, ela “deveria ter percebido”. A conversa dos dois é muito bonita e muito triste, porque deixa guardado o amor que eles ainda podiam viver, mas é lindo como Jeannie fala de Anne, como fala que “ela não fez com más intenções”, e como Matthew explica que não pode se concentrar em uma história com Jeannie agora, porque ele tem a Anne… levou tanto tempo para que ela viesse e, agora, ele quer viver seus últimos dias ao lado dela. Quando ele volta para casa, Anne está esperando por ele, estranhamente em silêncio, e quando ele estende as rédeas do cavalo para ela e ela percebe que ele vai perdoá-la… eles não precisam falar muito, e Matthew nunca é de falar muito, mas ele fala as coisas mais acertadas, mais emocionantes. Poucas palavras, mas que nos atingem em cheio.
“I don't know how you could think that I don't have love... I have you”
O ABRAÇO DOS DOIS. Que momento mais emocionante.
Eu já disse que eu amo essa série?! <3


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