3% 4x06 – Botões



“Bem-vindo aos 97%”
E quem é que não está preparado para terminar “3%”? Eu mesmo. Falta apenas um episódio, e eu sinto que amo essa série mais do que nunca, e eu já estou sofrendo em me despedir – novamente, no entanto, eu venho elogiar a produção e o roteiro, e a maneira como essa série cresceu ao longo de 4 temporadas, entregando uma história pertinente e bem-construída, e esses últimos episódios excelentes só provam isso cada vez mais. O pessoal da Concha finalmente conseguiu destruir o Maralto, e agora as coisas ficam complicadas no prédio do Processo. Vários grupos se reúnem ali: habitantes do Maralto tentando fugir da radiação; prisioneiros do Maralto que são entregues ao André; candidatos que ainda esperam ser aprovados no Processo; e tudo isso converge para um dos momentos mais angustiantes e épicos da série.
André quer negar a destruição do Maralto – quer dizer que não aconteceu, ou que “o Casal Fundador mora nele e ele vai reconstruí-lo”, mas já é tarde demais. O pessoal do Maralto que conseguiu escapar nos submarinos de volta para o Continente divide espaço com os quatro responsáveis pelo pulso que destruiu o lugar, o clima é tenso. E Marcela enfrenta André, em uma das melhores cenas do episódio, na qual ela bate nele e meio que faz o que queríamos ter feito… mas não é o suficiente. André está descontrolado, e ele vai agir de maneira cada vez mais violenta, impulsiva e doentia. Marcela não “reassume” o poder, e André a mantém prisioneira junto com Michele, e eu adorei o tom de deboche da Michele para ela, e a alegria dela tomando conta com a notícia de que “o pulso eletromagnético deu certo” – “Era melhor ser prisioneira na Concha, né?”
Um dos momentos mais tensos vem quando os quatro responsáveis pela destruição do Maralto que sobreviveram – Rafael, Joana, Natália e Elisa – são levados para o André. É interessante ver como eles continuam satisfeitos: a missão deles foi cumprida. Rafael continua com suas piadas, com seu deboche, e ele e Joana dizem que morreriam felizes e com um sorriso no rosto se morressem naquele momento… mas André quer brincar com eles de modo doentio antes de permitir que eles morram. Então, ele acaba juntando tudo. Ele entrega uma distração para os candidatos do Processo que estão se perguntando o que está acontecendo, se livra daqueles que acabaram com o “sonho” e ainda aproveita para torturar a irmã e mostrar que ele venceu… assim, ele coloca Rafael, Joana, Natália e Elisa em cadeiras de choque, como aquelas do segundo episódio.
Daquela prova angustiante.
Muito bom como a temporada foi toda planejada!
A sequência é desesperadora. Sentados em cadeiras, prestes a morrer, temos quatro personagens que amamos, tentando avisar os candidatos que o Maralto acabou e não tem por que eles continuarem com isso; do outro lado do vidro, quatro candidatos (entre eles o Pedro e o Xavier) são colocados em frente a um botão, com o convite de matá-los e, então, se tornar parte dos 3% (para lugar nenhum, já que o Maralto não existe mais, mas o André não admite isso); por fim, a Michele assistindo a tudo, gritando, sem ser ouvida. Tudo é angustiante, e eu sabia que não era possível que eles morressem os quatro, daquela maneira, mas eu fiquei tenso do início ao fim de todo modo. Rafael, meu personagem favorito, é o primeiro a levar o choque, quando Pedro aperta o botão; as outras duas candidatas apertam logo em seguida, eletrocutando Natália e Elisa.
Xavier é o último a apertar, eletrocutando Joana.
E então, parece que foi isso… parece que eles morreram de fato e, por alguns segundos, embora eu esperasse que algo acontecesse, eu me permiti estar em choque, como o Xavier parecia estar, como a Michele certamente estava. Enquanto os três candidatos festejam terem sido aprovados (olha, eu estava disposto a enviá-los mesmo para o Maralto… pode ir lá aproveitar a radiação), Xavier entra na sala e tira cada um dos quatro das cadeiras e os deita no chão, e então as reviravoltas começam a acontecer… Rafael foi o primeiro a ser eletrocutado, o primeiro a desmaiar, e é agora o primeiro a despertar. Logo em seguida, os demais despertam, e Xavier tem que lidar com Pedro, sem muito sucesso, até que Michele aparece. Aquele é um momento TÃO RECONFORTANTE – ver que eles estão vivos, vê-los com aqueles sorrisos felizes nos rostos.
A Michele e o Rafael! <3
Infelizmente, a Glória teve grande participação nisso, e eu temo que ela ainda saia como heroína, mas ELA NÃO É. Eu acho impressionante esse discursinho que ela faz com a Ariel sobre como “elas estão do lado errado”, mas o discurso convenientemente só vem agora quando não existe mais Maralto – ela não está escolhendo ficar do lado da Michele ou da Concha, ela simplesmente está onde a convém (opa), porque ela não tem outra opção… então, se alguém ficou confuso com essa parte, não, Glória não está fazendo nada disso pela “bondade em seu coração”, mas porque ela não tem outra opção e está fazendo o que é necessário para sobreviver… de quebra, no meio de seu egoísmo, ela acabou salvando a vida de Joana e de Rafael, e por isso merece um “obrigado”, mas mais nada… eu ainda queria vê-la sofrer por tudo o que fez.
Até porque, agora, não temos uma Concha para a qual voltar.
E a culpa é de quem? Ah, sim… da Glória!
Michele ajuda todos a escaparem do prédio do Processo, mas fica para trás, para fazer um último anúncio: CONTAR A TODO O CONTINENTE QUE O MARALTO FOI DESTRUÍDO. Aquele é um momento simbólico e importantíssimo, e percebemos que tudo em “3%” levou para esse momento… para quando Michele fala, no ouvido de todos os moradores do Continente, que o Maralto não existe e que eles podem parar de sonhar com isso e concentrar-se em suas vidas – a vida acontece no Continente, é nisso que eles têm que se concentrar, é essa vida que eles têm que construir. Chega de sonhar por um lugar “mágico” que apenas intensifica a opressão sobre o Continente. E é interessante ver as pessoas ouvindo essa notícia, crianças chorando e sendo abraçadas pelos pais, ou aquele garotinho, tão jovem, que derruba no chão o Cubo que estava montando…
Treinando para o Processo.
Não existe mais Processo. Acabou.
Teria sido um bom final para a série, na verdade – se acabasse ali, no discurso da Michele, com ela dizendo que “eles estão livres”, eu teria ficado satisfeito. Mas “3%” ainda tem umas surpresas finais e um último episódio de mais de uma hora… infelizmente, Michele é atacada por André, só porque ela não teve coragem de atirar para matá-lo. Ela atirou para tirá-lo do caminho, para que ela pudesse fazer esse anúncio, mas ele acabou se levantando e vindo atrás dela, e então ele mata a irmã, em uma cena horrível e triste. Michele sempre foi tão importante nessa série, Michele significa tanto para toda essa história, e agora ela foi morta pelo próprio irmão, dessa forma… fico tranquilo em ela ter morrido sabendo que o plano funcionara, que o Maralto não existe mais e tendo podido dar essa notícia para todos os moradores do Continente.
Mas eu fiquei triste por ela.

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