Cúmplices de um Resgate (Cómplices al Rescate, 2002)

“Juntos seremos por fin como cómplices de amor”

Minha novela infantil favorita da Televisa! Sempre fui muito fã de histórias protagonizadas por gêmeos (ainda sou, tendo em vista que “¿Quién es Quién?” é uma das minhas telenovelas favoritas hoje em dia!), e esse tema, bastante explorado em novelas adultas (aí está “A Usurpadora” que não me deixa mentir, um dos maiores clássicos mexicanos, ou “Mulheres de Areia”, um grande clássico da teledramaturgia brasileira), ainda não tinha sido abordado em novelas infantis até a chegada de “Cúmplices de um Resgate” em 2002, a história de duas irmãs que foram separadas na maternidade e que acabam se encontrando por acaso durante uma apresentação em um vilarejo – quando Silvana vê Mariana cantar, ela percebe que essa pode ser sua grande chance.

Como toda história de gêmeas que se preza, “Cúmplices de um Resgate” traz duas protagonistas bem diferentes entre elas. De um lado, conhecemos Mariana Cantú, uma garota educada, gentil e amorosa, que cresceu em um vilarejo pobre, mas com o carinho e o amor da mãe, da família e dos amigos e é o mais feliz que pode ser. De outro, conhecemos Silvana del Valle, uma garota arrogante, mimada e egoísta, que até pode ter à mão tudo o que o dinheiro lhe pode comprar, mas nunca teve o carinho da mãe… agora, o sonho de Silvana é ser a vocalista de um novo grupo musical que está para ser lançado, mas ela percebe que não tem a voz perfeita para fazer as audições, por isso ela coloca Mariana para se passar por ela para garantir que a vaga na banda será sua.

As coisas se complicam para as duas quando o pai de Silvana morre e ela fica nas garras de Regina, uma mulher ambiciosa que a criou como mãe, e Geraldo, o tio, que sequestram Mariana para ficar no seu lugar, cantar na banda e fazer dinheiro, enquanto Silvana fica presa… a trama central de “Cúmplices de um Resgate” é, portanto, um sequestro, do qual as garotas conseguem escapar com a ajuda dos amigos que já tinham e aqueles que fazem pelo caminho. Quando eles conseguem salvar Silvana, no entanto, Mariana decide ficar no seu lugar para descobrir como Regina roubou sua irmã, e manda Silvana para o vilarejo no seu lugar, para que ela possa conhecer Rosa, a mãe das duas, de perto e possa entender que, apesar do que ela acredita, ela nunca a abandonaria.

“Cúmplices de um Resgate” também conta com um excelente elenco de apoio, dentre os quais eu destaco os irmãos Olmos: Joaquim, Júlia e Felipe são três irmãos cujos pais morreram recentemente e eles foram morar com uma tia que nunca quis saber de crianças… então, ela acaba os abandonando e eles passam meses morando sozinhos, tentando sustentar a farsa de que “a tia está trabalhando”, para que não sejam mandados para orfanatos e possivelmente separados. No núcleo da cidade, também temos André, o melhor amigo de Joaquim e dos demais, e Priscila, a garota insuportável que quer ser a estrela da banda. A eles se une o núcleo do vilarejo, com os melhores amigos de Mariana: os irmãos Matheus e Dóris e, é claro, o querido Ramón.

Gosto muito de como a novela é conduzida, e de como a música é uma parte fortíssima de “Cúmplices de um Resgate”. A ideia do roteiro é interessante, a interação entre as irmãs e das irmãs com seus amigos é muito boa, e vários momentos icônicos e memoráveis saem dessas tramas, que ficaram marcados na memória de toda criança que assistiu à novela na época de sua exibição… além disso, há certa complexidade na trama de um sequestro e de um resgate, protagonizado por crianças, e de toda a relação familiar que envolve Rosa e as gêmeas – a parte de Silvana no vilarejo, dando trabalho para a mãe e quase falhando em se passar pela irmã Mariana até entender que ela não foi abandonada, como acredita, é um arco muito bom da novela.

Naturalmente, a novela ficou muito conhecida pela troca da atriz que interpretava Mariana e Silvana. Até o capítulo 91, as personagens foram interpretadas por Belinda, que dá vida a essas personagens com todo seu talento e carisma, até que uma extensão não prevista no número de capítulos da novela entre em conflito com compromissos pré-estabelecidos por Belinda e pela família, e então ela precisa ser substituída às pressas. Do capítulo 92 em diante, Daniela Luján, um nome já muito conhecido das novelas infantis, graças a “Luz Clarita” e “O Diário de Daniela”, aceita a difícil missão de assumir dois papeis protagônicos que não eram interpretados por ela, e eu admiro sua coragem e seu esforço… a saída de Belinda não tem nada a ver com ela, e Daniela faz de tudo para entregar as melhores Mariana e Silvana possíveis.

A novela sofre alterações notáveis, tanto em história quanto em tom, mas eu gosto de comentar que isso não se deve à troca das atrizes, mas sim à extensão no número de capítulos, que interfere na trama. A história pensada originalmente segue seu curso entre os capítulos 92 e 104, com Daniela Luján no papel das gêmeas, e traz resoluções que deixam aqueles capítulos com gostinho de reta final… mas como a história precisava continuar e vários atores (como a própria Rosa) deixam a produção, novos personagens são adicionados, algumas tramas que não foram finalizadas são descartadas e como todos os conflitos principais propostos para “Cúmplices de um Resgate”, como o sequestro e o caso das gêmeas, tinham sido resolvidos, a história se centra na banda, na música e nos romances juvenis.

Assim, “Cúmplices de um Resgate” foi uma ideia originalmente concebida para algo em torno de 90 ou 100 capítulos, mas acaba chegando a 132 capítulos, já que o canal quis aproveitar ao máximo o sucesso da produção, que ficou no ar entre 07 de janeiro e 12 de julho de 2002. Há uma quebra, há uma extensão desnecessária que prejudica o roteiro e o desenrolar da trama, mas “Cúmplices de um Resgate” é uma novela carismática e que sabe envolver o público, com personagens interessantes de se acompanhar, por isso deu tão certo… e sempre terá essa memória afetiva jogando a seu favor, por isso ela é lembrada com tanto carinho por todos que a acompanharam na época de exibição. Sei que reassisti-la agora para escrever esses textos foi emocionante.

Terminei o último capítulo chorando. Como toda vez que o vejo.

 

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