His Dark Materials 1x02 – The Idea of North



“Where are we, Pan? What is she?”
GENTE, NÓS JÁ VIMOS UM PORTAL ABERTO PELA FACA SUTIL, É ISSO?! Eu estou amando “His Dark Materials”, e é tão bom ver essa excelente trilogia finalmente adaptada com respeito e cuidado aos detalhes… é uma história grande e inteligente demais para ser tratada de qualquer maneira – como foi com o filme de 2007. Nesse segundo episódio, Lyra deixou a Faculdade Jordan para trás, e foi para Londres com a enigmática e perversa Sra. Coulter, com a esperança de que ela fosse ajudá-la a encontrar Roger, o seu amigo que desapareceu e ela acredita que foi levado pelos Gobblers… tudo é aparentemente mágico, “perfeito”: um prédio luxuoso, uma cama confortável, café-da-manhã farto… mas Lyra não demora para perceber todas as facetas quase demoníacas da Sra. Coulter e de seu macaco dourado. E as cenas são quase tão fortes quanto as do livro.
Assim como foi com o primeiro episódio, eu gostei muito de ver coisas que sabíamos que estava acontecendo enquanto líamos “A Bússola de Ouro”, mas que não chegávamos realmente a ver. Na estreia da série, tivemos o Lorde Asriel na sua viagem ao Norte, para fotografar a Aurora Boreal. Nesse episódio, temos aquele terno momento em que Roger se junta às demais crianças levadas pelo Conselho de Oblação e se encontra com Billy Costa, o garoto gípcio que também desapareceu recentemente – e é fofo que ele esteja tão certo de que Lyra virá atrás dele… também foi fortíssimo ver a cena em que a Sra. Coulter se faz de boa gente para as crianças, convidando-as a escrever cartas para seus familiares (Roger escreve para Lyra, com informações importantes!), mas assim que ela se separa das crianças, ela as coloca na fogueira, e as assiste queimar.
Com uma satisfação doentia no olhar.
Parece bem rápido para que Lyra perceba que não pode confiar nela – mas tudo acontece de forma crível, e o fofo do Pan é quem começa a desconfiar antes mesmo de Lyra. Acontece que a Sra. Coulter fala muito sobre “mudar”, sobre “permitir que ela a molde à sua vontade”, e a Lyra está parcialmente enfeitiçada, e não percebe o quanto isso é perigoso. Mas o Pan a adverte: “We shouldn’t change so just we can fit in here”. É dolorosamente fácil enrolar Lyra, tendo em vista que ela é “tratada bem”, e a Sra. Coulter ainda fala que “ela pode ser extraordinária”, algo que nunca ninguém nunca disse para ela antes. E a Sra. Coulter estava mantendo bem o seu disfarce, sua máscara, até a Lyra inadvertidamente soltar um comentário ingênuo sobre o Pó durante uma aula… no livro, é claro que ela o faz na tentativa de impressionar a Sra. Coulter, uma mulher tão inteligente.
Aqui, foi mera ingenuidade, e isso a coloca em perigo.
Em paralelo, acompanhamos cenas INTERESSANTÍSSIMAS que aprofundam a história-base de “A Bússola de Ouro”. Percebemos o Magisterium preocupado com o Conselho de Oblação, por exemplo, querendo que eles tomem cuidado, porque eles não querem perder o seu poder – a Sra. Coulter, por sua vez, vai fazer de tudo para entender o “Pó” e “salvar” as crianças. Mas uma das cenas mais interessantes do episódio acontece quando o Lorde Boreal “atravessa” para outro mundo, um portal certamente aberto pela Faca Sutil ou um instrumento similar… capaz de cortar a própria realidade. É interessante vê-lo na Outra Oxford, que é a nossa (!) Oxford, e ali vemos ônibus, carros, um celular (!), e o daemon do Lorde Boreal fica escondido em sua roupa, para não chamar a atenção… tudo é genial, e gritantemente diferente de tudo que vimos até aqui.
Amei a construção desses dois mundos em oposição.
É de arrepiar. JÁ QUEREMOS VER MAIS!
O episódio, no entanto, embora tenha nuances de elementos futuros da trilogia de Philip Pullman, está focada nos acontecimentos seguintes de “A Bússola de Ouro”. Lyra está cada vez mais incomodada com a Sra. Coulter, e é intrigante a cena em que ela vê o macaco distante dela, no escritório, enquanto ela está no corredor, e ela a indaga: “Sra. Coulter, como consegue ficar tão longe do seu daemon? Dói demais. Não é natural”. A Sra. Coulter, naturalmente, nega, mas Lyra e Pan têm certeza do que viram, e Pan garante que nunca conseguiria ficar assim tão longe de Lyra… essa conexão sagrada entre daemon e humano é naturalmente apresentada no livro, nós percebemos a impossibilidade de se afastarem antes mesmo que o autor fale abertamente sobre isso, mas eventualmente isso será mais importante, e eu gosto de como a série já está apresentando isso.
Lentamente, preparando o caminho…
Uma vez que não confia mais na Sra. Coulter, Lyra decide estar sempre pronta para partir. Como o elevador está trancado e ela não pode fazer isso naquele momento, Lyra coloca o aletiômetro em uma bolsa, e decide tê-lo sempre por perto – aqui, temos uma das cenas mais angustiantes do episódio, e uma das cenas que, em todas as vezes em que li o livro, foi horrível de se ler… quando Lyra percebe a Sra. Coulter além de sua fachada, e vê que ela está brava, que perdeu o controle. Então, ela manda o seu daemon macaco atacar o Pan, e vê-lo atacar o Pan, tentar matá-lo, é horrível – e Lyra sente cada dor que Pan sente, porque eles são um só. É uma TORTURA sem fim. “Stop it! You’re hurting us!” Depois daquele momento, a Sra. Coulter tenta “voltar ao normal”, mas é impossível que Lyra jamais volte a confiar nela, depois de uma agressão daquelas.
O episódio adianta um momento importante da série: a paternidade de Lyra. Quando Lyra diz que vai contar tudo ao seu “tio” e que ele não vai gostar de saber disso, a Sra. Coulter acaba deixando escapar que o Lorde Asriel é, na verdade, seu pai, mas ela não conta o restante da informação – o restante do segredo deve continuar sendo da Mamãe Costa para compartilhar. A cena é forte e, em choque, Lyra percebe que a sua vida foi uma mentira, que o Lorde Asriel mentiu para ela desde sempre, e ela vai para o quarto, se sentindo mal, e pede ajuda ao aletiômetro, em uma das minhas cenas favoritas do episódio – sempre amei o misticismo que envolve o aletiômetro, e é incrível vê-la perguntando, com palavras, ainda sem saber como usá-lo, mas instintivamente parando os ponteiros em três símbolos. Ela fez uma pergunta, mas nem percebe que a fez.
Portanto, tampouco consegue ler a resposta.
Mas o aletiômetro a respondeu.
Quando, no dia seguinte, a Sra. Coulter diz que “é impossível encontrar o Roger”, Lyra tem certeza de que não pode confiar nela, e que precisará encontrar o Roger sozinha com o Pan, se quiser. Por isso, ela invade o escritório da Sra. Coulter em busca de algo que possa ajudá-la, E EXISTE MUITA INFORMAÇÃO NAQUELA CENA. Lyra encontra documentos sobre o Conselho Geral de Oblação, sobre uma construção no Norte chamada de “Estação”, e um blue print da caixa e a lâmina… ela vê o humano sentado de um lado, o daemon de outro (ESTÁ TUDO ALI!), mas ainda não consegue entender exatamente o que isso significa… até porque isso é algo horrível demais para que ao menos passe pela cabeça de Lyra. Mas ela tem alguma informação, alguma coisa… um caminho para seguir. Agora, ela só precisa encontrar uma oportunidade de escapar.
E essa oportunidade vem na festa que a Sra. Coulter dá na sua casa, e na qual Lyra trabalha servindo os convidados… Lyra acaba sendo abordada por uma jornalista que não foi convidada para a festa, e que está atrás de qualquer coisa que ela possa saber sobre a Sra. Coulter. Na verdade, ela é quem acaba dando mais informações a Lyra, confirmando que os Gobblers e o Conselho de Oblação são a mesma coisa, e que a Sra. Coulter é quem está por trás disso tudo – a Sra. Coulter é o próprio Conselho de Oblação. Então, Lyra tem a oportunidade de escapar, enquanto a jornalista é “acompanhada até lá fora” pelo Lorde Boreal, que a mata da maneira mais cruel e mais invasiva possível: ele toca seu daemon, sua alma, e nenhum humano deve tocar o daemon de outra pessoa… a reação da jornalista é angustiante. Então, ele esmaga o daemon na sua mão, e ela imediatamente morre.
É rápido, doloroso, cruel…
Lyra, por sua vez, está sozinha nas ruas de Londres. E acaba de ser capturada.


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