RoboCop (2014)


Gente, eu mal consigo me lembrar do original de 1987, então não estou apto a fazer uma análise comparativa entre as duas obras – e avaliando a pretensiosa “ficção científica” que conferi no cinema nesse fim de semana, posso dizer que não é lá tudo aquilo que se diz… provavelmente porque não faz meu estilo. “Como assim não faz seu estilo? Você adora ficção científica”. Diferente das ficções científicas que adoro, o filme não te leva a filosóficas reflexões, e nem segue essa linha, partindo muito mais para a ação do que qualquer outra coisa.
Completamente compreensível, devo dar esse crédito. Um filme futurístico com um policial que é um ciborgue precisava de umas cenas de ação, mas várias delas foram tão longas que lá pela metade eu já estava começando a ficar sonolento – e era um alívio quando eles finalmente paravam e podíamos continuar com cenas plausíveis que desenvolvessem a história propriamente dita, e não apenas explosões e correrias. Não me entendam mal, não detesto ação, simplesmente não acho que ela deva ser a estrela do filme… a não ser para quem adora ação, e vai ao cinema para vê-la. Não é o meu caso.
Então RoboCop é a história de Alex Murphy, um detetive da polícia que sofre um atentado e, explodido, acaba com queimaduras de 4º grau em todo o corpo e sem condições de voltar a andar – com praticamente todo seu corpo perdido. Com o intuito de trazerem uma nova tecnologia para tomar as ruas dos Estados Unidos e lucrar com isso, Murphy serve de cobaia quando apenas seu cérebro, rosto e pulmões são preservados, e ele ganha uma nova “armadura” que o mantém vivo, numa espécie de Darth Vader, mas sem o carisma do personagem clássico.
As melhores cenas estiveram nessas discussões. Em vários momentos, tudo o que podíamos pensar era: “Coitado. Deixem o cara morrer!”, porque quem é que não quereria isso no lugar dele? Mesmo assim, as melhores cenas do filme estão em vê-lo se descobrir como parte humano e parte máquina, vê-lo reaprender a andar, correr e a ver o mundo através desse olhar frio e calculista de um robô, analisando estatísticas a todo o momento. Mais chocante de tudo é ver a armadura sendo tirada e a que situação ele foi reduzido… simplesmente desesperador.
Ironicamente, ao contrário do desejo da população norte-americana, por questões totalmente egoístas, Alex Murphy vai se tornando, gradualmente, cada vez mais uma máquina e menos um humano – o filme traz essas discussões a respeito da humanidade e do amor, enquanto ele é visto como uma coisa que pode ser controlada e fazer o que seus superiores bem quiserem que ele faça. São conjuntos de cenas revoltantes, que me fizeram passar o filme todo desejando que ele pudesse morrer, e talvez ser muito mais feliz dessa maneira. Além de sofrer, só fez sua família sofrer com uma sombra do que ele foi no passado.
O diretor brasileiro, José Padilha, faz um ótimo trabalho em suas cenas, e o filme ainda conta com uma trilha sonora inovadora e muito bacana – que conta até com If I Only Had a Heart, música clássica de O Mágico de Oz, já que eles o chamam de Homem de Lata durante o tempo todo. Não me agradou muito, mas para ser justo, devo ressaltar uma vez mais: não me agradou tanto porque não é o meu estilo. Se você ama aquela infinidade de cenas de ação, correria e o que for, o filme foi feito para você – infelizmente peca em deixar de lado discussões possíveis e não nos surpreende como ficção científica.

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