The Guilty Ones

 Now our bodies are the guilty ones
Who touch, and color the hours…


Esse mês eu apresentei a vocês (àqueles que ainda não conheciam, claro), uma das melhores peças da Broadway que conheço, e uma das quais sou mais fã: Spring Awakening. A peça fala sobre o despertar da sexualidade em jovens da sociedade alemã no século XIX, quando o assunto era censurado. Assim, a produção trata das descobertas, confusões e problemas dessa etapa pela qual os jovens precisam passar sozinhos. Uma peça muito crítica e polêmica, tratando de muitos assuntos controversos.
A peça é um musical de rock, uma adaptação da peça original (também chamada de Spring Awakening) alemã, escrita por Frank Wedekind em 1891. A música é de Duncan Sheik, e livro e letra de Steven Sater. A peça chegou a ser proibida na Alemanha por vários anos, devido a seus vários temas polêmicos – como aborto, homossexualismo, abuso infantil e suicídio. Na peça, mesmo ambientalizada no século XIX, as músicas são extremamente modernas e cativantes – recebeu onze indicações ao Tony Award em 2007, e ganhou oito. Muito se diz sobre a música não ter amenizado em nada os temas pesados da peça, mas ajudado a trabalhá-los em alguns casos.

Eu amo a peça. De verdade e muito. A peça tão forte estreou em 2006, e [infelizmente] não faz assim tanto tempo que eu sou fã dela. Mas a assisti pela primeira vez por volta de 2009, então ainda assim foi há bastante tempo – e na verdade, foi só por causa de Spring Awakening que eu virei fã de Glee. Não que haja alguma semelhança entre os dois, mas é que eu entrava em muita discussão sobre Spring Awakening, e muito se comentava que Lea Michele estava fazendo uma série, e que seu papel era muito diferente do seu de Wendla… resolvi dar uma olhada.
Mas voltando a Spring Awakening. A peça me fascina. Teve um tempo que eu soube ela de cor. Não que eu não a saiba mais, mas teve um tempo que eu sabia exatamente toda e qualquer fala da peça. É que eu assisti uns zilhões de vezes e depois a transcrevi, para fazer a legenda para os meus amigos. E depois assisti várias vezes, com pessoas diferentes (após legendá-la). Então eu realmente conhecia tudo sobre a peça. E nunca cheguei a enjoar dela. Nunca parei de ouvir as músicas e de cantar.
Na verdade, as músicas de Spring Awakening são as mais terapêuticas para mim… quer dizer, é sempre Totally Fucked ou The Bitch of Living que eu canto quando estou estressado. Quando quero uma música mais calminha, sempre gosto de The Mirror-Blue Night ou Touch Me. Cada música da peça me transmite alguma sensação, é sempre bom ouvir a essas músicas… então ainda falando sobre as músicas, para mim, elas tornam a peça muito fantástica. Sem as músicas, a peça seria boa, mas não tanto… a música dá aquela sensação diferente na gente, aquele sentimento de vitória, de raiva, de tristeza… a música torna a peça mais intensa e mais real. Indispensável.
Mas não é só da música que Spring Awakening vive. Além disso, temos uma ótima história e ótimos personagens por trás. Temos cada personagem (interpretado por um super ator, ao menos nas principais versões) com seu problema, sua complexidade e sua história. Então ninguém está no palco em vão… cada um tem uma história para contar, algo para cantar, um problema para dividir… e muitas coisas para nos fazer pensar…
Eu, particularmente, gosto de Moritz. Ele passa por tanta coisa, e é um personagem que eu gosto muito. Especialmente os atores que o interpretam… para mim, é o personagem mais difícil de representar no palco. Um personagem cheio de problemas, complexidades. É um excêntrico, é um desesperado… cada ator que o interpreta tem um grande desafio, e acho que por isso eu gosto tanto do personagem. Sem contar também, que é dele Don’t Do Sadness, música de que gosto bastante…
E por fim, o tamanho da crítica que a peça traz. Primeiro, o mais evidente. Falar sobre sexualidade entre jovens, numa sociedade em que isso não era permitido… a peça já nos traz ótimas cenas, e ótimas discussões. E aqueles assuntos já tratados lá em cima. Mas além disso tudo, Melchior traz uma grande crítica à sociedade, ao conformismo, à fechar os olhos e não ver o que acontece a nossa volta, aceitar o que nos é imposto… não tem como não admirar uma peça com o conteúdo que essa traz!
Por isso, mais uma vez, convido quem ainda não viu a ver a peça. Abaixo eu deixo uma prévia da peça (na postagem anterior do Mês Temático, vocês podem ver o primeiro vídeo da peça legendado, e é só ir seguindo pelo YouTube para ver toda a peça) para quem se interessar. Quem assistir, pode voltar aqui depois para comentar. Ficarei feliz em saber que consegui que mais alguém assistisse à peça. Até mais pessoal, e fiquem de olho para mais postagens sobre o Mês Temático, que ainda tem muito conteúdo…


And now, our bodies are the guilty ones…

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